quarta-feira, 28 de janeiro de 2009




Meu Curioso Caso com Benjamin Button

A vida não é um mar de rosas, certo? Hoje passava eu por um dia de tormenta. Comentava com um amigo o quão em baixa estava minha auto-estima, numa semana de um vai-e-vem de emoções e esperança, os famosos altos e baixos. Pois bem. Hoje eu estava em baixa. Literalmente em baixa. No caminho para meu curso de interpretação para cinema – intercalando metrô e uma caminhada de 10 minutos –, escolhia as músicas mais tristes do meu MP3 player, em busca de uma trilha sonora que embalasse aquele momento que – dá licença? – eu queria viver, e não acobertar com hits alegres e dançantes. Modéstia a parte, trilha sonora muito bem escolhida.
Na volta, lágrimas me vieram aos olhos, acompanhada daquela angústia de ser ou não ser, ter ou não ter, tentar e como tentar. Depois de voltar para casa, de dedilhar todos os canais disponíveis da televisão, depois de ler o jornal, de olhar a janela... aquele sentimento me consumia. Decidi ir ao shopping. Ah, o refúgio urbano pós-moderno... Adoro. Desculpa, mas adoro. Eu precisava colocar uma roupa bonita, uma maquilagem, desfilar pelas ruas de Higienópolis, eu precisava buscar um modo de me sentir melhor.
Escolhi uma boa sessão de cinema: O Curioso Caso de Benjamin Button. Sabia que seriam quase três horas de mim comigo mesma, sozinha na sala escura e tão aconchegante do cinema. Ir sozinha assistir a um filme não é para qualquer uma, mas como sou uma mulher independente, Brad Pitt e Cate Blanchett me bastavam como companhias para o fim da tarde.
Lindo filme, linda história, linda fotografia, bela lição de vida, sábias palavras que eu precisava escutar naquele momento. Saber que temos de ter coragem de seguir em frente, que o tempo passa. O tempo voa, na verdade, e somos feitos das escolhas que fazemos. Acima de tudo, devemos ter a perspicácia de ver que não seguimos o melhor caminho, e ter forças para começar outra vez. O medo de envelhecer e constatar que você não fez nada nos consome a cada tic-tac do relógio, e todos navegamos com o mesmo vento que é o tempo. Uns nascem para ser CEO`s, uns nascem para a maternidade, uns nascem para fazer nada, outros nascem para dançar. Eu definitivamente nasci para dançar ao som de todos os estilos de músicas, na tormenta e na calmaria. Eu não tenho escolhas. A minha única é tentar. É tentar e ponto. Por mais tortuoso e arriscado que seja esse caminho das artes...
Saí calibrada do cinema, e até comprei uma sandália. Tá, sei que apelei para o consumo como válvula de escape, mas pior que ele funcionou. Ou melhor, ele foi um reflexo de que eu estava me sentindo melhor, pois nos dias em que não estou bem, nada me serve, nada me agrada, nada me basta.
Fora a compra da sandália – e o mal atendimento da loja –, retornei para casa mais tranqüila, com a bateria da vida recarregada, com a sede de continuar tentando, com a sede de crescer e alcançar meus objetivos, com inspiração de escrever este... artigo?... este... diário?... este relato. Pronto. Ouvi no filme as palavras que nenhuma amiga falaria, pelo menos não daquele jeito. Chorei algumas lágrimas que certamente eu engoliria se estivesse conversando com alguém. Levei na cara alguns tapas que ninguém me daria. O Curioso Caso de Benjamin Button cumpriu o seu papel social. Eu comprei a mensagem do filme. A carapuça serviu.
Ouvi outro dia que o artista busca na arte a eternidade... até que faz sentido. Hoje redescobri porque amo cinema e o porquê de querer fazer arte. Redescobri o meu propósito de estar aqui. Fora que Brad Pitt é sempre um colírio para os olhos... (escrito em 21 de janeiro de 2009)

Mudanças...

Incrível como as coisas mudam. Fiz ao longo de anos pedidos às estrelas; a Deus; ao pular as setes ondas em alguns réveillons; ao amarrar fitinhas do Senhor do Bonfim no tornozelo, e acreditando que eles se realizariam quando os nós se desfizessem. Finalmente, cheguei a São Paulo.
Foram anos de punição a minha preguiça por não ter estudado mais um ano, e passado na faculdade da cidade dos sonhos. Engraçado dizer que minha utopia sempre envolveu a “selva de pedra” que tantos odeiam. Por enquanto, e faz muito pouco tempo, nossa relação de amor cresce. Assim como nas cenas de filmes, embalada por uma trilha sonora escolhida a dedo, tento pensar que começo a desbravar este lugar ainda muito desconhecido e temido enquanto repito o caminho do metrô, enquanto caminho pelas calçadas, enquanto admiro prédios nos quais poderia morar, enquanto acredito que um dia, e em breve, poderei de fato habitá-los.
Este lugar que tantas vezes, no meu consciente e no meu subconsciente, me prometia a realização dos sonhos, do crescimento, do divertimento, mostra suas garras, mas eu quero mostrar as minhas de volta. Travaremos uma briga de início e acabaremos em um belo casamento. Vale a pena acreditar.
As coisas mudam porque já cheguei a achar que não teria coragem de vir. Venci minha irritação e o frio na barriga que antecedem as grandes mudanças, e vim de peito aberto, aceitando com a maior gratidão todos os desejos de “boa sorte” daqueles que acreditam que eu possa vencer. E eu vou vencer. (escrito em 13 de janeiro de 2009)

Primeira Nota

Poxa, ensaiei algumas semanas até tomar a coragem e criar o blog. Quanta responsabilidade! Agora... vamo que vamo! Essa é só a primeira...