terça-feira, 27 de março de 2012

O Pó - Parte III

Prazer, eu sou o Pó! Depois de um final de semana delicioso na capital, a última semana de março veio com tudo! Hoje às 8h, depois de quase dois anos, retornei ao Pavilhão do Anhembi. Confesso que não tinha saudades... Das filas... Dos altos preços dos lanches tão sem graça... Do frio... Do calor... Das oito, dez horas de salto e de pé... Dos banheiros cheios, sujos, onde meninas se emperequetavam... Do assédio... Do difícil acesso... Foram tempos que tiveram que ser vividos mas que foram superados com os dias, meses, anos, com paciência, determinação, com experiência. Hoje retorno ao Anhembi mas como apresentadora, com um cachê muito mais digno e com um trabalho muito mais valorizado, que além de me enriquecerem como ser humano, engrandecem meu currículo.  Tivemos um dia pesado de ensaio, passagem de som, quebra de gelo, marcação de palco... Falei e repeti palavras inutilizadas desde às aulas de química, como polipropileno e polietileno. Estudei sistema de construção à seco e descobri o que são shafts nas construções. E não só estudei como apresentei aquelas estruturas que de início pareciam Transformers mas que começam agora a ter suas sete cabeças cortadas. Falei pela primeira vez na vida a expressão placas cimentícias e aprendi em quantos países do mundo e em quais estados brasileiros o uso do amianto nas obras está proíbido. Constatei mais uma vez que o palco e o microfone, quando envoltos pela palavra bem falada, são mais saborosos do que torta de limão! Mas o dia foi tão, tão pesado,  a ponto de eu quase desistir de um teste precioso quando o relógio já marcava 16:22h e nenhum táxi se encontrava disponível. Mas, com a força do meu querido e já conhecido companheiro de palco e do nosso descolado diretor, reforcei a peruca e fui atrás do sucesso que acabava às 17h. "Moço, ar condicionado, pelo amor de Deus!". Maquilagem no carro e salto na bolsa, consegui chegar ao meu destino e consegui fazer o que sei fazer. Voltei para casa exausta, desta vez como uma pobre mortal. O dia já tinha valido a pena! No entanto... A tarde ainda caía... Olhei os meus tênis... Eles olharam para mim... Comi um abacaxi e fui desbravar essa noite quente que tinha o céu enfeitado com a lua mais linda entre as árvores do Ibirapuera. A gente não pode parar! Acho que estou escutando alguma coisa... Quem me chamam agora são meus queridos, amados e idolatrados travesseiros. Eu mereço o sono dos deuses! E que eles me dêem muita força para a maratona de cinco dias que se inicia amanhã ao meio-dia. A gente se vê na FEICON!