quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Uma parte do caos: a sala de espera da 1001


O Retorno

Mamãe deu bronca e disse que o blog estava triste...
Mas depois de uma semana de exílio, retorno ao meu lugar preferido que antecede minha cama todas as noites. Há tanto para escrever...
Acabei embarcando para o Rio de Janeiro. O acesso livre aos camarins do SWU não rolou, nem as fotos de fast food e nada nem ninguém me segurava na capital paulista. Eu merecia um descanso... Um descanso de verdade, sem cobranças, sem hora marcada, sem grandes expectativas. E as melhores coisas acontecem ao acaso. Acaso?
A peregrinação começou às 23h de sexta-feira, enfrentando o trânsito na chegada da rodoviária e carregando três malas mais uma bolsa na tentativa de não perder o feriado. Em vão... Poderíamos ter evitado a fadiga, já que as filas eram intermináveis, os atrasos homéricos e o desencontro de informações corrosivo! O stress reinava no caótico saguão e nas ainda mais caóticas plataformas. Eita, Brasilzão! São Paulo parava na véspera de feriado e aguardamos por duas horas o famoso 1001 das 23:40h, que chegou e foi embora sem que ninguém ao menos avisasse no alto-falante da sala de espera que era hora de embarcar. Tentei manter o bom humor, afinal de contas, pitis só trazem rugas e palpitações e numa véspera de semana da criança, eu podia me permitir rir da desgraça minha e dos outros, e mais uma vez, no entanto, me arrepender do "barato que sai caro". Fomos encaixadas no ônibus da 1 da manhã que saiu 1:40h mas, um Dramin depois, vimos que o Rio ainda estava de braços abertos nos esperando, atrasadas ou não.
O tempo não estava lá essas coisas, um sol tímido, umas nuvens chatas, uns pingos indesejados, um vento frio... Mas aquela cidade, ai, aquela cidade...! Tanto fato engraçado, tanta história improvável, tanta gente nova, tanto encontro teoricamente impossível! O mundo só recebe de braços abertos quem está aberto aos abraços do mundo. E nós recebemos o afago mais apertado nesses quatro deliciosos dias...
Correr no calçadão - mesmo que me doa, eu confesso - é muito mais gostoso do que minhas duas sagradas voltas no Ibirapuera... E os cariocas... são marrentos, cheios de graça, pluralizam com "xiiis", substituem o "s" pelo "r" merrrrmo, mas algo me diz que um dia paixões concretas virão e não serão com alguéns das terras dos bandeirantes...
Atravessar as ruas do Leblon ao lado de Alexandre Borges e tomando um Yogoberry é coisa de novela. Aliás, quanto Yogo-something... Ir para a 00, dar meia-volta, fazer novas amizades e curtir a Zozô na Urca gastando os dois zeros da balada anterior também não teve preço - literalmente... E o gosto de assistir Tropa de Elite 2 em Copacabana, depois quase ser assaltada por um sujeito de comportamento muito suspeito na calçada do cinema e ainda dar risadas com um dos atores do filme no Baixo Gávea logo após a sessão é incomparável! Um agridoce com toques de especiarias sabe-se lá de onde confundem o paladar maravilhado com tantos acasos... E que delícia ver que brasileiro pode fazer filmes incríveis como este. Wagner Moura e José Padilha merecem os mais calorosos aplausos. Capitão Nascimento já está consagrado no muro dos heróis nacionais.
O salto de asa-delta ficou para uma próxima... Mas não sei se já estou pronta para conquistar a Cidade Maravilhosa... Pedi respostas ao mar e me foi dito que São Paulo tem ainda muito a me oferecer. Não tenho porque ter pressa. A estação final não vai sair do lugar. E a estrada é uma caixinha repleta de surpresas...
O feriado me mostrou que muita coisa é sim possível. E na batalha contra o impossível, hoje tive que regravar uma frase para a locução da Brinquedos Bandeirante e me ligaram para um teste de propaganda de shopping amanhã. A vida, quando recheada de sonhos, não pára.
E mais uma vez o Rio vai deixar saudade... Eu volto... Eu volto!