quinta-feira, 25 de julho de 2013

Nós e Eles

Se tem uma coisa que eu sou nessa vida, essa coisa é caxias. Sim, eu sou. Caxias com horário. Caxias com contas. Dívidas. Caxias em relacionamentos. Com trabalho. Com obrigações. Com deveres. Caxias com promessas. Disso eu posso me orgulhar! Mas infelizmente uma minoria bem pequenininha, pequenininha mesmo, é assim, o que me causa uma certa angústia - quando não ódio - ao me deparar com essa falha da sociedade... Houve uma época que eu tive que engolir sapos, rãs e pererecas. Não era fácil, mas o que me confortava era saber que um dia, muito em breve, eu poderia regurgitá-los. Talvez esse novo período tenha chegado. Hoje, eu cobro palavras. Hoje eu sigo contratos. Não me venha com ladainha, eu não vou aceitá-las. Sem enrolação, será que é tão difícil assim? Por que vos escrevo sobre isso? Porque os pagamentos de cachês, para nós, atores, muitas vezes é um terror! E só estou fazendo isso porque escuto do lado de lá sobre a tal lista negra, sobre ficar na geladeira, ameaças e tudo mais. Fazem muito terrorismo... Acontece que nós precisamos de vocês, sim. E vocês precisam da gente. Seria uma simbiose perfeita! No entanto... Semana passada cheguei ao cúmulo de ameaçar colocar agência, produtora e cliente em juízo, mas tudo com o maior refinamento, claro. O meu "piti" é educado. Por enquanto. Porque tem gente que, olha, merece que rodemos todas as baianas do Pelourinho... Mas a vida ensina que tapas de luva são melhor que socos. O hematoma que ninguém vê dói mais... Pelo menos a minha vida me ensinou isso. Mas cada um com seu cada qual, né, pessoal?! Então, agências, por que é tão difícil seguir os 30 dias após o job para pagar nosso suado cachezinho? Porque temos que ficar ligando uma, duas, três vezes, mandando e-mail, inbox e o escambau? Poucas são as agências que avisam que o depósito foi feito e até mandam o comprovante! Isso é louvável, as amo por isso! Mas precisar ficar cobrando? Que coisa mais feia... Cada um cumpre seu papel. O meu é comparecer ao teste - quando tem -, e se passar, chegar na hora da gravação/foto, atuar da melhor maneira possível, respeitar os demais no set de gravação, agradecer, ir embora e tchau. Depois disso, o de vocês é apenas depositar o cachê. Faz-se isso até online, sabiam? E por custo zero! Vai atrasar por qualquer engodo? Ok, acidentes acontecem, conosco e com vocês. Mas avisem. Pode ser por e-mail, mas por favor, sejam sinceros. Porque da minha boca não sairão mentiras. Mas quando os acidentes se tornam frequentes, aí meu amigo, eu acredito em homicídio doloso! Fora os trambiques por aí, né, gente... Tem produtora que coloca culpa até na saúde do filho da mulher do padeiro do bairro da pessoa do financeiro para justificar o atraso... Não. Eu não atraso. Eu faço o que o diretor pede. E normalmente sou elogiada pela desenvoltura e aproveitamento. Eu chego até a palpitar ou corrigir roteiros! Nosso trabalho, no set de filmagem, no estúdio ou no palco, é um trabalho em equipe. Todos tem seu papel. Cada um ali é fundamental. E acreditem, agências, o pagamento de cachê é a pré-finalização de um trabalho que começou, normalmente, com vocês, trabalho este encerrado apenas após ir ao ar pelo período assinado no contrato. Então assim, vamos combinar: cada um faz o seu, pode ser? O combinado não sai caro. Tem dias que eu gostaria de ser menos caxias, menos correta, menos "estudada", menos sincera, mais ingênua, mais promíscua e fazer isso apenas por diversão. Acontece que estamos falando aqui de profissionalismo! Às vezes acho que nasci no país errado... A carapuça serve a quem deve servir. Beijo, tchau!

segunda-feira, 22 de julho de 2013

segunda-feira, 15 de julho de 2013

O triste fim de Policarpo Quaresma

Com exceção dos finais felizes de Hollywood, a finalização de uma obra ou reforma, cruzar a linha de chegada de uma corrida de 5km para a qual você não se preparou, o final de uma depilação e a final do BBB, cheguei à conclusão de que a maioria dos finais cotidianos é triste. E eu tenho problema em lidar com isso. Ontem, por exemplo. Depois de chegar de dias atarefados no interior, conheci um restaurante em São Paulo e as tristezas ali foram inúmeras... Primeira: o término da primeira garrafa de vinho. Foi tão, tão triste, que mereceu uma segunda garrafa. Segunda: a última garfada do meu linguini com camarões e abobrinha. Mas dessa vez a balança e o bolso não permitiram uma repetição. Terceira: o fim da segunda garrafa de vinho. Quarta e última: o fim do final de semana. Também sofro duas vezes na semana, quando depois de exata uma hora e quinze minutos, minha massagista diz: "Acabamos!". Se eu pudesse, ficaria ali para sempre... Mas a gente paga por sessão e sempre há outra cliente esperando lá embaixo... Final de temporada dos meus seriados favoritos! Eu confesso ainda não ter me recuperado do final sangrento de Game Of Thrones. E estou já contando os dias para o retorno de The Walking Dead. O último episódio é triste porque você sabe que até filmarem e editarem, a nova temporada demorará horrores para ir ao ar e você ficará órfã diante uma programação tão parca na televisão. O último filme de uma boa trilogia. Fim de um sorvete! Exceto o Cornetto, que guarda o melhor para o final, lamber o palito é o momento de querer mais de algo que já se foi. Dói... Final de viagem. Final de campeonato, quando seu time perde. Os últimos segundos de uma música preferida quando não se tem acesso ao rewind. Fim de uma paixão, que como a música acima, não volta atrás... Ou a dor de uma paixão sem fim... Todos os finais de relacionamento também são tristes, mesmo estando pelo menos uma metade feliz com a separação e com a tão esperada liberdade. Aquilo significa fim de sonhos, fim de planos, fim de intimidades, o fim da certeza de que duraria para sempre... Mas um novo recomeço para muita coisa... Fim de festa. Ah, depressivo! Drummond será para sempre atual: "E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou...". Nada dura para sempre. Essa é a triste realidade. E já que nossa única certeza na vida é da morte, tratemos de aproveitar o começo e o meio... Se o recheio fosse infinito, talvez não seria tão bom assim... E agora, José? E agora, Policarpo? A mim, só me resta pedir bis... Bis!

terça-feira, 9 de julho de 2013

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Happiness

O que é felicidade pra você? Felicidade pra mim é... Ter pelo menos um bom trabalho na semana. É poder dormir quentinha agradecendo o que veio e pedindo para vir muito mais. É poder encontrar as amigas em um novo restaurante (ou aquele velho preferido...) de São Paulo e beber um bom vinho sem ter hora para acordar no dia seguinte. É tirar boas fotos e ter bons registros de incríveis momentos. É acordar escutando músicas novas. E dormir viciada em uma música nova. É assistir pelo menos um filme top na semana. Felicidade é descobrir um seriado que me fascina. É viajar de carona rumo ao interior para matar as saudades de casa... Felicidade é tomar café na tarde de domingo com a família, especialmente se tiver pão de queijo. Ou pão com mortadela. Comer japa... Felicidade é usar pantufas de bichos bisonhos porém fofinhos. É ver meu saldo positivo no banco. É ver minha foto na revista ou ouvir minha voz na televisão. Cachorro é felicidade. Felicidade é ter do que ter saudade. Felicidade é entrar numa calça 38. E entrar no cinema com um saco de pipoca e um guaraná zero. Felicidade, para mim, é poder me preocupar menos com o taximetro. Ultimamente sou muito feliz comendo um Magnum de doce de leite ou salpicão de frango... Dar boas notícias para minha mãe me faz feliz. Roupa de cama limpinha, uma delícia! Maquilagem nova. Roupa nova. Sapato novo. Amar de novo... Felicidade é tudo isso ou parcelado! As melhores coisas da vida são de graça. As segundas melhores coisas, ah, essas são muito caras! Bem disse Coco Channel...

terça-feira, 2 de julho de 2013

Ossos do Ofício

Para a minha infelicidade, meu ofício valoriza os ossos. Mas com esse frio a gente tem vontade de comer tanta coisa... Especialmente no café da tarde na casa da tia avó... E no buffet de feijoada de sábado... E o armário recheado de chocolates importados? E a final da Copa das Confederações, que mesmo eu achando que foi balela, pedia uma pipoca e uma Stella Artois beeem gelada? É, é duro resistir às tentações. E assim foi o meu final de semana, restringindo limites de ingestão calórica já que tinha o catálogo para La Foret agendado para segunda-feira. Então disse não à caipirinha acompanhada com a feijuca, disse não ao convite para uma festa junina, disse não à massa da pizza no sábado à noite, disse não a long necks verdinhas e geladas... E ontem foi tudo bem. Cliente satisfeita, produção super bacana, contatos futuros e a notícia de que terei fotos na edição de agosto da revista Elle. Certamente eu seria mais feliz e menos sistemática na época das musas gregas, mas... como estamos séculos afrente e no país do carnaval, dieta balanceada faz parte do cotidiano. E as escapadelas continuam permitidas, afinal, não somos de ferro, né? A cabeça podemos perder de vez em quando, mas a forma, infelizmente repito, jamais!