segunda-feira, 25 de julho de 2011

...cri cri cri...

E quebrando a sinfonia dos grilos, volto. Volto para a última semana de julho, volto da penúltima semana atípica, com visitas inusitadas que desfizeram minha até então julhina solidão, com gastos inéditos, alimentação desregrada, rotina sem hora nem lugar, um mísero trabalho, zero teste. Foi uma boa semana! Mas acabou. Enxergo ali na frente as garras do cachorro louco e penso que queria que muito acontecesse nestes últimos cinco dias de julho... Confesso que tem sido difícil lutar contra minha natureza todo esse tempo. "Esperar" nunca fez parte do meu vocabulário e "fazer acontecer" é minha expressão favorita. Costumo gostar do cheiro das cores e da textura das músicas. Mas hoje estou com aquele sentimento de que não tem nada acontecendo, de que escolhi o caminho errado e de que pensar num plano B de repente não é má ideia. Eu quero e quero agora, mas meu agora parece pobre, eu acho. Meu tempo cronológico é falho, ainda estou recebendo cachês de trabalhos de dois meses atrás, ainda vivo de uma "fama" e de uma saudade de uma gravação que rodou já quase um ano e conta os dias para ter seu contrato validado, ainda espero aquilo e aqueles que já deviam estar enterrados mas que como fantasmas, continuam atrapalhando meu sono. São tantas coisas mas elas são quase nada... Enfrentar um ônibus, um metrô e uma caminhada para chegar num casting e ser avaliada, dentre tantas meninas lindas que buscam o mesmo que eu, pela consistência do meu cabelo, é demais da conta! Ou melhor, de menos... Quando penso no que poderia estar fazendo, no que sou capaz de fazer - onde meu cabelo seria um mero detalhe -, isso me entristece e me faz perguntar: Em quais outras portas bater? Abri as erradas? E pra que insistir nelas? Hoje estou sem paciência para o "quase". Hoje eu odeio o "talvez". A verdade é que estou morrendo de medo do "nunca". Mas de repente escuto de um amigo que minha cena gravada no workshop "ficou animal" e que ele havia mostrado para todo mundo "lá em casa". Vai entender... Enquanto esperava minha irmã se esbaldar nas liquidações na capital, me preocupei ao ler numa revista uma matéria sobre a novata da novela das oito Bruna Linzmeyer. Bruna veio a São Paulo para ser modelo, mas seus 1,61m a impediram da carreira. Li as aspas de seu booker da agência, dizendo que já tinham os planos muito bem traçados para ela e que sabiam que a emissora era seu destino e por isso a impediram de fazer publicidade. Uma tensão pairou em meu rosto. Explicações são dispensáveis. Mas evitei falar. Aliás, ando evitando falar algumas coisas para que espectros não virem gente. Preciso sacudir a poeira mas não sei como. Não sei por onde começar. Como renovar. Acho que me perdi no meio do caminho. E não gosto de me cercar daqueles que não tem o mesmo entusiasmo que às vezes eu acho que só eu tenho. E não gosto de desejar que eles o tenham. Eu estou irritada. Eu estou com medo. E que venha a terça-feira!