terça-feira, 29 de setembro de 2009

Sábado, domingo e segunda-feira

Após um final de semana lindo e ensolarado, chove em São Paulo. Meu Deus do céu... chega de água, chega de frio, chega! Chuva só é bom para dormir. Só. Porque para levantar... E chuva é menos mal para quem tem carro. Para quem tem vida além de camelar entre ruas e transporte público. E meu guarda-chuva sumiu. Sumiu, não sei onde, não sei quando nem como. Sumiu.
Sábado fiz o teste para o Arouche By Night e tudo continua muito nebuloso. Voltei para casa de ônibus, pois o escuro do metrô me pareceu depressivo para um dia tão bonito, e resolvi descer no primeiro ponto da avenida e caminhar pela Paulista. Pretendia ir até o Ibirapuera, mas meus pés ainda guardavam resquícios da semana.
À noite, fui com um querido amigo ao teatro Raul Cortez, assistir, finalmente, a Zoológico de Vidro. Nossa! Que peça! Tratando sobre o assunto mais antigo - a família - saí de lá com a cabeça a mil. Cássia Kiss dá um show, chega a ser irritante de tão tagarela e eloquente que é sua personagem, e quantas vezes dá vontade de falar para essa mãe: "Cala a boca!", assim como seu filho Tom tantas vezes quis mas evitou falar?! Vale a pena. Inusitadamente, fomos informados de um intervalo de 15 minutos, então caso vá, esteja preparado para algumas duas horas e meia de peça. Saindo de lá... rodamos, rodamos... lugares com fila como sempre, e paramos na Piola. E não é que coincidentemente o elenco também se dirigiu para lá?! Depois de uma deliciosa pizza de camarão com rúcula e funghi e um profiterolis, cheguei em casa às 2 e meia da manhã. Simplesmente meu programa preferido: teatro e jantar. Tá vendo, é fácil de me agradar!
Acordei domingo e o sol estava mais radiante do que nunca! Fui almoçar e rever uma querida família que há mais de ano não visitava... lembranças e lágrimas à flor da pele... e fomos ao Morumbi assistir ao empate do São Paulo e do Curintia. Jogo roubado, gol mequetrefe dos "galinha sem história, galinha sem estádio, freguês do tricolor", mas o estádio estava cheio! Diferente da primeira vez que fui, quando eu era parte de uma torcida de numerosos 5 mil pagantes... Foi uma ótima oportunidade para assistir à passionalidade do ser humano que beira o irracional. Muitos gritam, todos xingam, outros choram, alguns chutam cadeiras e se auto-flagelam... engraçado. O instinto animal estava ali. Dentro e posto para fora de cada torcedor. Tiramos algumas fotos de mim enrolada na bandeira, cos jogadores em campo, a arquibancada lotada, que gostaria muito, mas muito mesmo que eu pudesse compartilhar com vocês. Mas, após o placar nada animador, caminhávamos à procura de nossa carona que nos esperava próximo ao Albert Einstein, quando de repente... um de nós fora gentilmente abordado por 3 caras, no exato momento em que seu celular no bolso tocava. Nós nem percebemos do que aquilo se tratava, e um pouco atrás observávamos sem entender o que se passava. Um do bando perguntou as horas e pediu um dinheiro em troca do aparelho. Mas ele tinha apenas 4 reais no bolso, que calmamente foram entregues nas mãos daquele porco. E o do bando retrucou: "Você tem família, né, meu amigo, vai passar o resto do domingão em casa e não vai querer levar uma facada, vai?" E pediu o celular. E também os fones. E saíram, caminhando entre a multidão. Atônitos... não tivemos a capacidade de gritar "ladrão!" e já era tarde demais quando 3 outros caras se propuseram a "pegar" os 3 porcos. Que país de merda! Que país de merda! O aparelho havia custado 10 reais na Claro e os contatos ainda eram poucos... mas e o sentimento de vulnerabilidade? De não poder fazer nada? E o sentimento de ser violado por um merda que precisa roubar um aparelho de celular? No Brasil, poderiam inventar o celular-bomba. No caso de roubo, acionaríamos um sistema que simplesmente explodisse a mão e tudo o mais do pobre ladrão. Ou então uma descarga elétrica que fritasse seus pobres miolos. Uma pessoa dessa merece ser espancada. Desculpa dar vazão agora aos meus instintos, mas merece. É nessas horas que sim, a lei do Código de Hamurabi é muito válida. Algo que tenho vontade de fazer com esses caras - o refugo da sociedade, o lixo, a escória - é uma conversinha. Em tom baixo, sereno. Simplesmente deixando claro o que ele é, o que ele significa para a sociedade: nada. E perguntar: "você não se sente mal, seu bosta?!", mas assim, em tom amigo, igual àquele com que abordou um de nós. E não me venha com papinho de que a culpa é do sistema. É falta de escrúpulos, de vergonha na cara, é a pobreza de espírito que é maior do que a escassez do bolso do cidadão. Raiva, muita raiva. Já não bastava o empate do jogo?!
E voltei para casa...
À 1:30h da manhã, recebi o mais inusitado convite de um amigo-ator: caminhar pela Paulista. A cidade estava em silêncio... e ficamos algumas horinhas conversando embaixo do maior vão livre da América Latina. São Paulo pode ser o que você quiser!
Sem compromisso para minha segunda, acordei pouco antes das 11. Fiz o almoço... peguei umas roupas na costureira... e fui até à Caixa Econômica Federal, no intuito de tirar meu PIS para a retirada em breve do meu DRT. E neste país de merda, os bancos estão em greve. Dei com a cara na porta.
Quando pretendia colocar minha roupa de ginástica para andar no Ibirapuera, chuva! Mas foi a chuva mais repentina que já presenciei. Às 3 e meia da tarde, parecia noite. Dá-lhe paciência. E fiquei vendo tv... finalmente consegui ler o jornal do dia... mandei alguns e-mails, respondi alguns e-mails... assisti pela primeira vez um capítulo inteiro de Viver a Vida, já suficiente para odiar Taís Araújo e perceber quanta gente ruim tem na televisão. Pelamor de Deus! Me bota lá, gente, me bota lá que eu faço melhor do que muitos dali!
Recebi o pré-convite para trabalhar em um torneio de tênis por 9 dias seguidos do final de outubro. Tive que aceitar, não é. Mas 9 dias, diretaço, é muita coisa. É 1/3 do antepenúltimo mês do ano, quando muita coisa pode acontecer. Mas para trocar o certo pelo duvidoso nessa época de vacas magras é preciso ter sangue frio. Sinto muito, mas eu ainda sou quente.
E só. Minha irmã sentiu pelo MSN que hoje eu não estava em um bom dia e me mandou ir dormir que o aburrimiento passa. Às vezes ter tempo de sobra para ler o jornal nem é tão bom assim...
"A paz, assim como a caridade, começa em casa.", é a frase do orkut. Para bom entendedor, meia palavra basta.
Minha semana será curta, já que terei de cuidar de uma futura recém-operada a partir de quinta-feira. Sem planos até lá. Ai, que tristeza.
Em homenagem à falta das fotos sãopaulinas, ao país de merda e ao meu dia idem, anexei esta foto. E depois a gente ainda tem que ser patriótico. Fala sério...