terça-feira, 23 de novembro de 2010

Tempo

Dia 23 de novembro.
Passei o dia discutindo sobre o tempo. Sobre fases. Sobre idas e vindas. Sobre águas passadas. Sobre tempestades presentes. Sobre calmaria futura.
Meu pai hoje completaria 63 anos e pergunto: Como ele era quando jovem? O que ele almejava? O que queria sua geração? O que ele desejava para seus filhos? Será que o mundo já era assim?
Não tive tempo de descobrir essas respostas e hoje tudo o que eu queria era poder falar com ele, tirar pelo menos uma dúvida, que só um pai ou uma mãe podem sanar: o que eu estou fazendo de errado? Acredito que ele lá de cima assista a tudo e julgue com um olhar mais sábio do que nós terrenos... Será que julga? Será que me ajuda? Será que me aplaude? Como é que funcionam as coisas lá em cima? E como é que funcionam as coisas aqui embaixo? Porque eu não ando entendendo muita coisa...
As dúvidas nos fazem crescer, sabe-se bem, mas em um momento onde tudo é interrogação, fica difícil não querer voltar a ser criança e clamar pelo colo de papai e mamãe. Foi-se a fase! Te vira, playboy! Não é assim? Mas eu não queria que fosse assim...
Eu queria as soluções matemáticas, o resultado inteiro de x,y,z sem me preocupar com a cronologia das gerações que hoje são entituladas com letras. Se a Y está assim, tenho pena da Z... Meu irmão decidiu que não terá filhos pois o mundo está podre. Já eu, outro dia, quase incendiei os adolescentes no cinema que não pararam quietos com as gracinhas mais sem graça ao longo de um filme que exigia silêncio. Em um cenário de pandemônio pansexual, onde os significantes são muitos e os significados são parcos, "a estranheza tornou-se universal. Mas se todo mundo é estranho, então ninguém é", disse Zygmunt Bauman.
Devíamos resgatar heróis do passado? Devíamos criar novos? Ou devíamos desistir de vez dos ídolos e nos tornarmos nossos próprios guias? Em um mundo de ambivalências e celebridades, não encontro sumários, nem resumos muito menos bibliografia! Apenas o virar de páginas... páginas ora densas... ora vazias... rabiscadas... amassadas. Fica difícil escutar a voz da experiência. Que experiência é essa, se cada um tem seu próprio tubo de ensaio?
Mas sei que a leitura dessa epopeia continua! Quem sabe até vira filme?! E assim, só poderão criticar aqueles que na frente assistirem a tudo isso quando dirão: "que loucura!" ou "que obra de arte!".
Somos todos Macunaímas e a maioria nem sabe o que é isso...
Perdi uma importante referência masculina em fevereiro de 1994. Sinto falta de um ídolo que não fosse Ayrton Senna...