segunda-feira, 1 de junho de 2009

Os Delírios de Consumo de Becky Bloom e de todas nós

Os Delírios de Consumo de Becky Bloom jamais poderia ter sido escrito e produzido algumas décadas atrás, quando ainda não havia a produção e a propaganda em massa, quando o consumismo ainda não fazia parte do dia-a-dia de homens e mulheres, quando havia apenas um tipo de calça, um tipo de camisa, um tipo de vestido e aquilo só era o necessário. Variedade e quantidade não eram levados em consideração nas sociedades anteriores ao século XX, com exceção da nobreza e da aristocracia, obviamente.
Isla Fisher é Rebecca Bloom, uma jornalista consumista que possui nada mais nada menos do que 12 cartões de créditos e se afunda em dívidas que seu salário de jornalista recém-formada e de recém-desempregada não pode pagar. Ela tenta frequentar o CA (Consumistas Anônimos), tenta fugir das cobranças, tenta negar seus vícios, tenta um novo emprego na revista dos sonhos, e ganha um chefe (posteriormente, seu namorado) também dos sonhos. Aliás, e que sonhos! O ator é Hug Dancy, e nunca o tinha visto em nenhum filme, mas saí apaixonada do cinema. Sério. Lindo. Cabelo desgrenhado, meio loirinho, carinha de menino bom.
Mas bom, continuando...
Becky, ao assumir seu vício por compras, relata o prazer proporcionado pelas sacolas, pelos brilhos, pelo cheiro do novo, dizendo que comprar a faz acreditar, mesmo que por um instante, que o mundo pode ser melhor. Mas depois, esse sentimento passa, e ela precisa comprar novamente para tentar recuperar a esperança em dias melhores.
Todos temos momentos Becky Bloom, ou pelo menos desejos à la Becky Bloom, quando o supérfluo supera a necessidade. Eu não posso negar o prazer proporcionado por sacolas e o alívio de saber que meu guarda-roupa está recheado de novidades. Ela é uma shopaholic. E quem diria que um dia existiria esse termo, hein? Coisas dos tempos pós-modernos...
Filme gostoso, estético, com um ator que é um colírio para os olhos, e que pende para a superficialidade que não deixa de ser realidade. Gostei.

Mas já?!

Ah não!
Já é 1h da manhã de domingo para segunda... Meu Deus, faça o tempo parar de voar! Assim não vale! Não deu tempo de assistir ao Fantástico! Nem de ver Manhattan Connection! Não terminei nem a Veja da semana passada... Não conversei direito com meu irmão... ainda não separei tudo o que preciso levar para São Paulo... não deu tempo de matar a saudade! Alguém pare o relógio, por favor?!
Sexta-feira foi um dia de proletária, como eu gosto de brincar. Foi ótimo. Exaustivo, mas ótimo. Fui dormir às 2h da manhã e às 6h já estava de pé. Às 7h estava eu na Sé, Sé esta que estava lotada como nunca havia imaginado ser possível... já da escada rolante avistei o mar de gente que navegava a passos curtos, e que não seguiam o fluxo, mas o fluxo as levavam. Parecíamos todos um bando de pinguins passando por um estreiro corredor de rochas tentando fugir do predador. Eu, com meu lindo e novo terninho, salto, laque na franja, maquilagem, bolsa, sendo levada pela multidão que se descontrola em momentos de crise como em lotação do metrô. Deprimente. Mas tá. Cheguei ao Maksoud. E o Senhor ouviu minhas preces e não choveu na Terra da Garoa.
O evento era o II Encontro ACRO de Radiologia Odontológica, contava com 80 participantes e demorou a começar graças ao trânsito caótico da cidade. O encontro contou com a presença de 3 dos maiores conferencistas do Brasil: César Souza, Eugênio Mussak e Carlos Alberto Júlio. Aproveitei todas as palestras, fiz anotações, dei boas risadas, e ganhei muito mais além do meu cachê. Ouvi que em tempos de crises, enquanto uns choram, outros vendem lenços. Você chora ou vende lenços?
No banheiro do hotel, dei de cara com a nutricionista do programa BemStar, do GNT, e a elogiei, dizendo que amava seu programa. Os únicos pontos fracos foram a palestra após o almoço, já que fui dominada por um sono incontrolável e inédito, que me deixou sem posição, sem o que fazer, vendo tudo embassado, com vontade de chorar e ir correndo dormir em casa; e o tempo prolongado de expediente, já que o evento, que estava previsto para terminar às 18:45h, acabou às 20:30h. Mas deu tudo certo! Fiz o que sei fazer e adoraram a apresentação, elogiaram minha dicção, pediram meu cartão, me deram cartões e pediram para que entrasse em contato. Entrarei em contato! E você viu, mais uma vez pediram meu cartão! Preciso de um, urgente! Está na minha to do list dos próximos dias.
Voltei correndo para casa, e deixei a cidade com seus 14 frios graus às 22h. Cheguei às 2h da manhã em Ribeirão, conversei com minha mãe até às 4h, e assim iniciou-se meu lindo final de semana. Vi minhas amigas, contamos histórias, dei risadas, visitei minha avó e minha querida madrinha, tirei a sobrancelha de ambas - que estavam um horror, já que não deu tempo de tirar das últimas vezes que voltei -, dormi com as cachorras, tivemos um almoço de aniversário de um médico amigo, comi muito (como todo final de semana), fui ao cinema de domingo com minha irmã (que é uma necessidade), fomos ao Mousse Cake... Vi a vitrine da Lacoste e morri de raiva. Além da "neve" que domina a decoração, ainda me colocam assim na vitrine: "Valentine´s Day". Gente! Dia de São Valentino é 14 de fevereiro, nós nem temos uma comemoração brasileira para esse santo, e nós não temos neve! Para que fazer uma vitrine americana na Califórnia brasileira? Ai ai ai. Mas, enfim.
Agora já é segunda-feira.
Devo voltar à noite para São Paulo. E está um tempo feio lá fora...
E descubro cada vez mais como amo e preciso da minha família e das minhas amigas. Como é bom estar e se sentir em casa, né?!