Os Delírios de Consumo de Becky Bloom jamais poderia ter sido escrito e produzido algumas décadas atrás, quando ainda não havia a produção e a propaganda em massa, quando o consumismo ainda não fazia parte do dia-a-dia de homens e mulheres, quando havia apenas um tipo de calça, um tipo de camisa, um tipo de vestido e aquilo só era o necessário. Variedade e quantidade não eram levados em consideração nas sociedades anteriores ao século XX, com exceção da nobreza e da aristocracia, obviamente.
Isla Fisher é Rebecca Bloom, uma jornalista consumista que possui nada mais nada menos do que 12 cartões de créditos e se afunda em dívidas que seu salário de jornalista recém-formada e de recém-desempregada não pode pagar. Ela tenta frequentar o CA (Consumistas Anônimos), tenta fugir das cobranças, tenta negar seus vícios, tenta um novo emprego na revista dos sonhos, e ganha um chefe (posteriormente, seu namorado) também dos sonhos. Aliás, e que sonhos! O ator é Hug Dancy, e nunca o tinha visto em nenhum filme, mas saí apaixonada do cinema. Sério. Lindo. Cabelo desgrenhado, meio loirinho, carinha de menino bom.
Mas bom, continuando...
Becky, ao assumir seu vício por compras, relata o prazer proporcionado pelas sacolas, pelos brilhos, pelo cheiro do novo, dizendo que comprar a faz acreditar, mesmo que por um instante, que o mundo pode ser melhor. Mas depois, esse sentimento passa, e ela precisa comprar novamente para tentar recuperar a esperança em dias melhores.
Todos temos momentos Becky Bloom, ou pelo menos desejos à la Becky Bloom, quando o supérfluo supera a necessidade. Eu não posso negar o prazer proporcionado por sacolas e o alívio de saber que meu guarda-roupa está recheado de novidades. Ela é uma shopaholic. E quem diria que um dia existiria esse termo, hein? Coisas dos tempos pós-modernos...
Filme gostoso, estético, com um ator que é um colírio para os olhos, e que pende para a superficialidade que não deixa de ser realidade. Gostei.
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