quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Uma faca de 2 (le)gumes

Deus (seja lá o que Ele for, universo, Matrix, evolução, coincidência ou nada) nos deu um presente e uma arma, ao mesmo tempo: nosso senso de julgamento. Julgamos o que é certo, o que é errado, o que nos agrada, desagrada, o que nos nos preenche, nos fascina. Julgamos para o nosso bem-estar. Para fazermos nossas escolhas. Para nosso próprio umbigo. Mas também julgamos o outro. Apontamos o dedo. Criticamos. O banimos de nossos territórios. Fechamos nosso portão. Nosso vidro do carro. Nossas fronteiras. Fingimos não ver. Ou às vezes fazemos questão de ver e falar e registrar nas mídias sociais. Fofocar para um amigo. Escrever num blog... Fazemos isso, constantemente. Gostamos de criticar o casamento alheio. A profissão do parente. O modo de vestir do amigo. A maconha do vizinho. O post do coleguinha virtual. Entramos em discussões surdas que raramente terminam bem, simplesmente porque ninguém é igual a ninguém. E aí me pergunto: Deus, isso é um jogo? Por que não julgamos apenas o que nos diz respeito? É preciso enfatizar que a vida do outro é do outro, não é sua, contanto que não te prejudique ou não prejudique os demais, obviamente. Felicidade para mim é uma coisa e quem é você para julgar o que me faria mais feliz? Aliás... você é feliz? Você pode até dizer que é mas eu acredito saber que não é, porque na vida, a gente acha muita coisa e certeza, só da morte. Devíamos guardar nossos dedinhos e palpitar menos. Devíamos, inclusive, nos olhar mais no espelho antes de julgar a grama da casa ao lado. Devíamos aceitar as diferenças. Devíamos ser menos egoístas e parar de achar que somos modelo para alguma coisa. Devíamos ter essa faca de dois (le)gumes para cortar as tantas abobrinhas que vemos, lemos e escutamos por aí... Mas continuamos a fazer uma bagunçada sopa. Eu julgo, tu julgas, nós julgamos. Que pena...