quarta-feira, 27 de abril de 2011

Bom, muito bom!

Começou como um dia de teste qualquer. Quando estava para sair de casa, um booker me liga para saber sobre minha disponibilidade nesta tarde para uma foto para o Sistema Integrado de Transporte Urbano de Jundiaí. Totally free! Ficou de me dar a resposta em breve... Sendo assim, segui para meu destino, torcendo para um "sim" mas não esperando demais. A gente nunca pode esperar demais! Quando cheguei na produtora... quanta gente! Era criança, pai, mãe e adolescente pra tudo quanto é lado! Preenchi meu cadastro e prestei atenção no meu número: 115. De repente chamam o 59. Respiro. Para passar o tempo, fiquei divagando sobre a vontade de desistir do teste com minha mãe no MSN. "Mas quanto é o cachê?", ela perguntou. "É... será que não vale a pena esperar?". Eu esperaria, apesar de incrédula por se tratar de foto de maiô/biquini. Prestou atenção no verbo? Esperaria, caso não me ligassem e me confirmassem que havia sido aprovada para o job! Avisei a produção, rasgaram minha claquete, voltei para casa, tomei meu banho, almocei o mais rápido possível, me dei o direito de pegar um táxi e encontrei o pessoal na casa da fotógrafa. Junto comigo, mais duas figurantes e todo mundo dentro da van! Chegamos na cidade por volta de 17h, faz maquilagem aqui, arruma o cabelo dali, teste e foto. Pronto! Às 21:30h já estava em casa. Não levei o frio a sério e quase congelei com o vestido meia-estação! Mas ao entrar no meu tão quentinho apartamento, tive a honra de vestir o meu pijama de frio e colocar uma meia no pé! Que delícia! Apesar da chuva, eu estava com saudades de um clima mais ameno... E assim foi o dia. Conhecendo a prefeitura de Jundiaí, conhecendo atrizes com os mesmos dilemas que eu - quando não piores -, novos produtores, sendo reconhecida pelo sorriso, reencontrando coincidentemente namorado de amiga, ganhando mais um ítem no currículo e um dinheirinho na conta corrente, que estava mais parada que água de poço... Faz bem pro ego! Assim, estou me rastejando enquanto o relógio marca meia-noite e dez. Amanhã tenho mais dois testes e a cabeça está cansada para memorizar texto. Eu mereço minha cama e como amo meus lençóis, meus travesseiros, meu edredom e o cheiro de baunilha que embalam minhas noites... Boa noite!

Matéria na Revista Mérito (abril 2011, Franca - SP)



No feriado

Comemorou-se muito nos últimos dias... Sexta-Feira Santa, Sábado de Aleluia, domingo de Páscoa, Tiradentes, Descobrimento do Brasil, amizades, família, saúde, a benção amaldiçoada do cacau... Foram bons e tranquilos dias no interior! Quase esquecidos na gaveta do hack na sala de minha avó, enquanto procurávamos o já esquecido jogo de loto (ou bingo ou víspora ou como quiser chamar) para a alegria dela, encontramos duas cópias da minha autobiografia, escrita aos 15 anos. Fazia muito tempo que não via os livros, já que as poucas cópias se espalharam e se tornaram best seller da família Menegucci e adjacentes. Dediquei as minhas quase cinco horas de Rápido Ribeirão na segunda-feira à revisão daquelas quase 300 páginas que há dez anos escrevi. Senti um frio na barriga ao redescobrir o que pensava eu em 2001. Já faz tanto tempo... E sério, parece que foi ontem! Não é papinho de elevador, não. Como passou rápido! Naquela época o Word não era o programa mais usado... Não havia Google, Facebook, nem Youtube e muito menos clubes de ofertas. Não havia Blackberry... Nada de Ipod, nem câmera digital... Dedico um parágrafo agradecendo à internet, acredita? Lógico que não foi possível uma distância muito grande entre a leitora e a escritora naquele momento, e apesar dos alguns erros gramaticais e dos muitos de digitação e pontuação, constatei que não mudei muita coisa. Mudança eu digo no sentido de água para vinho... A metáfora é que minha Sidra Cereser está no caminho para se tornar uma Cristal, entende? Me surpreendeu o fato de que ali deixo claro que ser atriz era uma opção palpável. Também pudera! Eu acabava de fazer o comercial para o Liceu Albert Sabin! Opção essa que joguei para debaixo do tapete dois anos depois... Ali eu nunca tinha namorado. Não tinha ainda conhecido outro país. Sonhava com a cidade grande... Temia o vestibular. Tinha como melhor amiga alguém com quem hoje nem falo. Ansiava por festas, por cores, por barulho. Acreditava no amor. Desejava paixões. Até ali nunca tinham partido meu coração e eu ainda era sonhadora, coisa que deixei de ser numa amargura trancada durante quatro anos de uma faculdade que eu não queria. O mundo ainda não tinha assistido ao 11 de setembro, mas a política continuava praticamente a mesma. Tudo tão igual, tudo tão diferente... Aos 15 anos eu já desejava a mesma coisa que ainda desejo todas as noites ao ver a primeira estrela no céu: ser feliz - e eu já era, mesmo não sabendo. Nunca me arrependi ter gastado os quase R$500,00 com a publicação naquela época de economia nem os vários meses na frente do computador. Realizei entrevistas e mais entrevistas, resgatei fotos nunca antes vistas, registrei a vida como foi e como era e coloquei como ponto de interrogação o que viria a ser ela. E por isso não abandono você, querido blog. A vida e a cabeça são demasiadas ricas para serem guardadas em apenas 300 páginas... Você é a continuação de tudo isso que é Meu. Boa noite! Boa quarta-feira!