Neste mês que comemoro um ano de trabalho em eventos, rodei a baiana na agência que me apresentou ao mercado. Se fosse em outras épocas, engoliria o sapo, mas hoje meu sapo virou bruxa e quis voar...
Fui até essa agência para provar um vestido para a Exposec, uma feira com certeza chatérrima semana que vem, já que quando fechei o trabalho por telefone, fui informada que usaria terninho. Mas umas semanas depois, recebi a ordem de comprar um vestido social preto - "Frô, porque toda recepcionista tem que ter um!" e desacatei a ordem dizendo que em um ano de trabalho nunca me pediram vestido, ou era terninho ou uniforme fornecido pelo cliente e como o cachê era baixo, eu não compraria vestido coisa nenhuma - já acatei ordem deles uma vez de comprar uma sandália social preta para o Salão Duas Rodas que foi trocada por scarpin de última hora e jamais foi usada. Se fossem outros tempos... mas ela pensou bem e se "lembrou" - Eureka! - de que havia dois vestidos lá na agência que eu poderia usar... Engraçado, né?! Pois bem. Hoje fui experimentar os ditos cujos. Chegando lá, conversamos sobre o meu pagamento atrasadérrimo da Hair Brasil e fui informada de que meu cachê milagrosamente baixou de 140 para 130 reais! Como assim?! Eu bati o pé daqui, ela bateu o pé dali, praticamente me chamou de mentirosa, disse que existem muitas outras meninas que querem fazer o meu trabalho e que não acham seus cachês baixos, enfim. "Tudo bem, Stella, se você quiser eu pago, vou ter um prejuízo de 40 reais mas tudo bem...". Mas o sapo não queria descer de jeito nenhum... ao guardar o vestido - total fora de moda, por sinal - na mochila, quis colocar os pingos nos "is" e não deixar nenhum clima chato. Mas quando eu vi que ela ainda estava contrariada e duvidando da minha palavra, falei: "Quer saber, fulana? Eu não vou fazer a Exposec". Devolvi o vestido, deixei escapar algumas lágrimas nos olhos e falei que eles estavam perdendo uma pessoa muito bacana e muito justa e que - nisso o sapo pulando - eu sabia que eles não ficavam com apenas 30% dos nossos cachês igual eles adoram falar e reclamar que ganham pouco - touché! "Sim, porque eu já vi um contrato de um cliente que pagou 260 reais e eu recebi 130!". Para onde será que foi o restante?!, eu me pergunto... Muitas outras reclamações poderiam ter sido vomitadas naquele momento, como o fato de eles serem péssimos pagadores e parcelarem cachês. Por que meu cachê vem parcelado se meu trabalho é contínuo? Também devia ter dito que muitas meninas sabem como é que as coisas lá funcionam e que não é por mera coincidência que eles perdem as melhores modelos, como ela tantas vezes já me falou e previu que me perderia, mas o nervosismo e a vontade de pular naquele pescocinho simpatissíssimo me expulsou daquele lugar. Falei "tchau" e desci as escadas. Hoje fico feliz que não preciso mais deles, existem tantas outras agências, com clientes maiores e mais interessantes, com cachês muito mais dignos e não aquela pobreza de uma agencinha de ****** no ** da Zona Norte. Além do que eventos não é minha carreira. Hoje eu resolvi me dar valor e tirei um peso das minhas costas. Em um ano a lagarta virou borboleta e está começando a alçar voo. E seu teto e suas paredes, querida, não me interessam mais! Ter fechado essa feira estava me dando nos nervos e recusei tantos outros cachês mais altos... eu prometi que não faria mais feiras com cachês baixos, se lembram? Isso começa a valer a partir de agora! Assim, semana que vem, não faltarei à aula e terei tempo de organizar a vida, me manter firme na dieta e marcar finalmente a data para o famigerado book.
Depois fui com calma ao supermercado com meu super carrinho de compras... comprei lâmpadas brancas para meu quarto... uma pantufa excelente para o precoce inverno e o aconchego do lar... um ralador... e me dei o direito de comprar uma garrafa de água com Aloe Vera pela bagatela de quase 6 reais. Você já provou?! Deliciosa! É incrível como as primeiras compras de supermercado em casa nova são caras...
Assisti ao jornal, fiz uma beringela ao forno com vinagrete e mussarela (receita do meu tio querido), tentei assistir à nova novela - tentei -, que me fez lembrar dos sotaques do Porca Miséria, relaxei embaixo da manta num colchão na sala recusando alguns convites para balada. E agora acabei de programar meu despertador para as 5:4o da manhã para estar no evento às 7 e meia, que se repetirá no sábado. Mas desta vez fique tranquilo porque o cachê vale a pena.
Boa noite! Ufa!
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