Devo dizer-lhes o quão mais fácil ficou a vida depois que abandonei o transporte público e o cachê teste passou de R$30,00 para R$80,00. Só que hoje, não... Era uma quinta-feira qualquer. Aquele dia de agenda vazia que tentamos preencher com amenidades para não nos sentirmos tão inúteis numa cidade que não pára. À tarde pretendia ir correr, como de costume, já com unha do pé marcada para às 20h, porque a sexta-feira promete... Eis que toca meu telefone: "Stellinha, pode ir num teste ainda hoje, às 20:40h?". Of course, my dear! Assim, cancelei minha corrida - o que confesso não ter me deixado muito triste - e transferi minha unha para às 17h. Ok. Teria tempo de sobra para me preparar e chegar onde devia chegar. Quando o relógio do salão, a alguns quarteirões de casa, marcava 17:30h, começou a chuva. E eu sem guarda-chuva. E ela não parava. Algumas clientes, como eu, aflitas, trovões e a chuva que aumentava... Os ponteiros corriam... Esperei, esperei. Li uma revista, duas, todas elas e já passava de 18:40h. Aí resolvi encarar o monstro, fazer o quê, arrependida por justo hoje, ter colocado uma blusinha fresca sem sutien e uma rasteirinha dourada já presente de Natal. Respirei fundo, tirei as sandálias e descalça, percorri os mais longos quarteirões já visto nessa vida. O Itaim estava o caos! Semáforos parados, ruas alagadas, calçadas... que calçadas? Era muita água. Vinha de cima, de baixo e espirrava para os lados. Buzinas e correria e muita emoção! Impossibilitada de caminhar nas agora inexistentes calçadas, andei por entre os carros que também evitavam as guias cobertas, dei uma de CET pedindo "pare, por favor" com as mãos e ria, né, ria... Porque era uma cena tragicômica. E eu precisava chegar em casa! Para entrar no meu prédio, pisei na mais profunda enxurrada das outras nove que pisei e se não havia contraído leptospirose ou qualquer doença proveniente desta água tão limpinha até então, foi ali que contraí até febre espanhola! A energia do bairro tinha ido pras cucuias e uma vela me aguardava nas escadas. Subi meus cinco andares. Ufa. Meu celular estava com 30% de bateria, o que muito me agradou, aí tomei um banho gelado, não pude lavar os cabelos, já que secador precisa de tomada, espirrei alguns jatos de shampoo seco recém adquirido e fiz minha maquilagem com a sexy luminosidade de uma vela. Conferi se o teste estava de pé. Sim, estava. E às 20h fui para a rua pegar um táxi, já preparada para um certo atraso. O caos na Terra era aqui. Todos os táxis ocupados. Os poucos que pararam se negaram a me levar até Perdizes. Garoa. Fome. O telefone toca e perguntam se estou chegando. Oi? Minha presença era quase que obrigatória! E eu não poderia desistir... "Calma que vou chegar!". Ando pra lá, ando pra cá. Táxis cheios. Trânsito parado. Taxistas indo pra casa. Levei fora de n deles... Eu estava sem a menor moral. Cadê aquela cena chiquérrima como em Sex And The City, quando Carrie levanta a mãozinha ou dá um assovio e já pára um eficiente veículo amarelo? Mas o gênero do meu filme ali estava mais para apocalipse... O calor se misturava com a chuva e dava aquela sensação de desespero de cabelo molhando, barra da calça idem. Avistei outro táxi. Meu sapato ficou preso no rejunte da calçada. Ótimo. "Moço, quanto tempo demoraríamos pra chegar em Perdizes?". Ele: "Se chegarmos, umas duas horas...". Ok, grata. O telefone moribundo toca e me disseram que me esperariam. Resolvo dar uns dez minutos na esperança de amenizar aquilo tudo, fui ao banheiro do complexo de cinema aqui perto, estava tudo ok, apesar do cabelo estar aquela beleza. Voltei pra rua. Cacei o décimo nono táxi e tivemos a ideia de, ao invés de seguir para Perdizes, eu poderia pegar o metrô na Paulista e de lá seguir para meu destino. Ufa! Assim, cheguei na Paulista, algumas estações da linha verde, desci no Metrô Vila Madalena, mais um táxi e cheguei. Arfando, às 21:40min, mas cheguei. Mesmo que eu fosse rouca, gaga e careca, eu mereceria esse trabalho! Fiz meu teste, ok, obrigada, liguei para mais um táxi me buscar e recebo a resposta: "Espera de 50min, a senhora vai aguardar?". Jamais! Desci até a avenida do metrô, de salto, na chuva e de lá, finalmente, um quinquagésimo sexto táxi me trouxe até a porta do meu lar doce lar, nesta hora sem água na entrada do prédio... Agora você me pergunta: valia a pena ir ao teste? Valia! Vai valer a pena, no final de tudo isso? Amanhã saberemos. E eu estou torcendo para esse ser meu segundo presente de Natal! Se a vida fosse fácil, se chamaria piriguete. E desistir é para os fracos. Se não sabe brincar, meu amigo, não desce pro play! Estou exausta... E amanhã tem mais perigrinação! Não pára, não pára, não pára, não! Beijo, me liga!
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
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