Dizem que nossa jornada é a busca do autoconhecimento. Pois bem. No atual estágio da minha viagem interior, encontro-me perdida. Não me reconheço em algumas atitudes, procurando o porquê delas e nelas. Não me identifico mais em algumas mesas de bar, num estranhamento meu em relação ao outro e um estranhamento meu em relação a mim mesma nunca antes detectado. Hoje sou um poço de contradições. Assisto o BBB nesses dias tão apáticos mas me apavora que a canção de Amelie Poulain toque neste mesmo programa tão estapafúrdio. Danço "...Louca, louquinha, dá uma empinadinha..." e logo em seguida, admiro a poesia de um tal Chico Buarque. Comecei a pesquisar a música de uma banda que eu fazia questão em criticar nos meus tempos de faculdade e confesso hoje gostar da Conversa de Botas Batidas. Aprendi a baixar filmes na internet e nem me lembro mais a última vez que achei justo gastar 26 reais no cinema em São Paulo, sendo que amava criticar o meu irmão antes de ele me ensinar esta proeza virtual. Gosto de achar que sou uma menina culta, vivida, que fala línguas e então me acho capaz de discutir qualquer assunto na roda até que bebo alguns copos de vodka com energético - que mesmo sabendo de todos os seus malefícios sou a única a gostar - e passo a me comportar igual criança, pensar sem moderação e falar para depois nem lembrar. É quando me encontro nos meus ainda 26 anos... Acho o Facebook o cúmulo da carência mas adoro receber 32 "curtidas" numa foto com a poodle da irmã ou com o shitzu do primo. Eu falo que não vou casar mas morro de medo de ficar para sempre sozinha. E depois digo que minha filha se chamará Clara, ou Sarah, isso se eu tiver filha... Criticava quem recebia mesada de papai aos 25, 26, 27 anos, mas hoje, tudo o que eu queria era meu pai e que ele pagasse as minhas contas. E que ele me desse um carro. E que eu tivesse a chance de conhecer de verdade o meu pai e saber o que é ter um... Eu amo os 459 anos de São Paulo mas tenho encontrado paz nas areias das praias e no travesseiro no interior. Abandonei os filmes americanóides mas dei muita risada e resgatei toda a trilha sonora de American Pie, com o último O Reencontro. Não tenho paciência mais para as séries de moda e beleza que não perdia por nada meses atrás, sendo o único seriado que suporto e que sou aficionada, The Walking Dead, porque eu simplesmente adoro zumbis. E adoro também a paranoia de Woody Allen. Admiro a excentricidade de Tarantino. E bato palma para a sensibilidade de Almodóvar. Gosto de coisas caras da vida mas não preciso de um helicóptero e nem de Moet Chandon e se for pra beber uma cerveja no buteco da esquina, tamo junto! Aí às vezes recorro a ônibus porque não ando bem das pernas mas digo que quando for a Europa, vou comprar uma Louis Vuitton. E nesse desencaixe continuo a minha jornada de me encaixar dentro, fora, fora, dentro, do lado, de ponta cabeça, meio que em zig-zag. Às vezes eu não sei o que estou fazendo. Estou a cada dia mais relativista, perdi as verdades absolutas e o melhor para si, cada um bem o sabe. Se quer, quer, se não quer, não quer. Perdi o Norte. Cadê o Sul? Eu era uma rocha que dava palestras motivacionais para as amigas e agora eu mando WhatsApps vazios e preguiçosos para externar os meus dramas igualmente vazios mas que parecem hoje transbordar. Na minha cidade natal encontro pessoas queridas que me dizem sobre meu sucesso e eu me pergunto: "Que sucesso?" e chego à conclusão que o meu profile das redes sociais vende somente o lado da beleza, da fama e das peripécias... Mas e por que eu teria que mostrar também a outra face da moeda? Então escrevi no meu status que a vida acontece é por inbox... Quase fiz meu TCC na faculdade sobre a espetacularização da mídia e confesso ter ficado hoje o dia todo presa nas informações da tragédia em Santa Maria, com uma dor no peito e uma vontade de chorar. Por mim, por eles, pelo médico tão amigo que se foi na madrugada de sábado quando eu chegava da balada carregando os sapatos nas mãos e pela minha avó, da qual ando morrendo de saudades... Eu sei que vai passar, tudo passa, tudo sempre passará, mas não queria esperar, porque a jornada é curta e a vida é uma brincadeira. Enfim... Amanhã é segunda-feira e nascerá mais uma nova chance de a gente brincar. Boa noite!
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
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Dulcíssima Dulcinéia, você precisa de um abraço, melhor, de conversar abraçada com o teu cavaleiro da triste figura, o qual eu, pobre Sancho jogado ao tédio cotidiano, há muito não vejo.
ResponderExcluirVa bene, não se pode superar a angústia; ela é nossa condição existencial - você pode no máximo aprender a conviver com ela. Contradição, contradição... e há algo mais contraditório do que uma contradição que fala de si mesma e dos outros, miríades de sonhos e outras contradições? Angústia e palavras - o resto é nada, silêncio. Bem, para ti deixo meu tímido e desconcertado aplauso.Recrie-me em tua mente e estabeleça um pseudo-diálogo. Talvez ajude. Conversar ainda é valoroso remédio.
;)
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