sábado, 21 de dezembro de 2013
O preço da liberdade
Não, eu não vou ter que abandonar minha manicure. Nem o sapateiro logo ali. O Kinoplex continuará pertinho. O Hortifruti. O self-service de todo dia. As lojinhas da João Cachoeira. A temakeria. A gráfica onde tiro as xerox do meu DRT. A Joaquim Floriano. Tudo! Quer dizer, quase tudo. Os porteiros queridos perderei e as minhas massagistas que me amassam e drenam semanalmente, por enquanto, também - essas por questões econômicas e não geográficas. Resumo do primeiro ato da ópera: meu paraíso continuará sendo o Itaim! Só que agora, muito mais colorido! Depois de uma semana de estradas Brotas - São Paulo - Valinhos - Sâo Paulo - Valinhos - Ribeirão Preto - São Paulo, o cansaço físico e mental eram demais. Eu já estava me convencendo de que outro apartamento em outro bairro seria minha única melhor escolha. Já pensava na reforma daqueles tacos desgastados e na vista grossa que teria de fazer com alguns detalhes bizarros como o banheiro onde não cabia box e a cozinha onde mal cabia fogão e geladeira. Mas a sala e quarto compensavam. Além do preço e da localização. E do desespero. E da pressa. Disse que faria daquele apartamento o meu lar. Só que não. Mamãe preocupada com minha situação, fez as malas e se juntou a mim na capital em busca de um teto decente. Mostrei a ela este apartamento. Não era tão ruim assim... Mas não era bom. Aí vimos outros ótimos. E caros também. Cotamos flat, falamos sobre a futura compra de um primeiro imóvel até que encontramos o meu apartamento 24. Graças à indicação de um amigo muitíssimo querido, fomos tocar o interfone do edifício em questão e recebemos a resposta imediata de que não, não havia apartamento para alugar. Até que Seu Waldo, o zelador, escutando a conversa, deu meia volta e disse que sim, um apartamento estava para vagar. A luz no fim do túnel virou um lindo dia de sol! Olhei para minha mãe. Minha mãe olhou pra mim. Deixei com ele meu telefone e aguardaríamos notícias. Almoçamos. Descansamos. E eu já queria aquele apartamento, tão pertinho da minha atual residência... O preço era ótimo. A localização perfeita. Sem precisar fazer nenhum reparo! Uma vaga na garagem para o carro que não tenho. Era o que precisava! Não segurando a ansiedade, poucas horas depois fomos novamente atazanar o Seu Waldo, quando coincidentemente apareceu a Mimi que coincidentemente me mostrou o apartamento 24, que inesperadamente tem uma bela piscina no terraço e dois dias depois, já seria milagrosamente meu com a madrinha mais linda como minha fiadora! Mamãe e eu pulamos de alegria e derramamos algumas lágrimas. Agradeci o cara lá de cima. Aí então começou a busca pelos móveis: o sofá-cama, o rack, os puffs, a mesa de parede dobrável, o fogão, a geladeira... E sobe pra lá, desce pra cá, e cota e pechincha ali e gasta daqui. Empacotamos praticamente tudo que é meu no apartamento 50 - ou seja, quase nada -, achei o melhor preço de carreto, depositamos cupons no shopping e enfrentamos a saída sempre caótica de São Paulorumo ao interior na quinta-feira, desta vez com os pés cansados mas o coração acalentado. E agora eu tenho certeza que 2014 será um ano novo, com casa nova. Resumo da ópera inteira: vida nova! E a agenda para janeiro já começa a se preencher. Por favor, me dêem trabalho! E tô aceitando presentes também! O preço da minha liberdade não é baixo não... Mas acho que vai valer a pena. Sabe aquela história do Fernando? Da alma que não é pequena? Essa mesma! Boa noite!
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A liberdade é a única coisa de que vale a pena ser prisioneiro.
ResponderExcluirGK