quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Revolutionary Road

Que delícia! A faxineira veio hoje e limpou todo o caos de 4 pessoas em um apartamento...
Ainda estou na procura por um emprego. Me candidatei a ser orientadora de público de museu, me candidatei a pelo menos 10 vagas de secretária bilíngue e trilíngue - com bons salários -, fora as vagas de repórter, redatora júnior, figurante, atriz de curta para trabalho de conclusão de curso não-remunerado, enfim. Alguém vai me dar retorno. Uma hora vai.
É estranho estar em São Paulo, sem muitos compromissos, além de aulas de teatro, almoços e aniversários de amigas. Sabe quando você sente que nada contra a maré? Enquanto a cidade se estressa, eu me estresso por ter pouco a fazer. Isso não está certo. Estou na idade de dar tudo de mim a alguma profissão, não é?! Acho que é. Pelo menos é o que falam. Mas parece que não querem me dar essa oportunidade. Dessa maneira, a cidade se torna opressora, porque me oferece coisas e lugares que quero consumir e viver, mas não me oferece os meios. Às vezes me sinto a um passo da loucura.
Nesta situação, fui ao cinema hoje às 15h, assistir o reencontro de Rose e Jack em Foi Apenas um Sonho (Revolutionary Road). Quem, em São Paulo, vai ao cinema em plena terça-feira, às 15h? (Bom, pelo menos a sala estava cheia! Não só eu...)
Talvez não devesse ter ido, já que saí da sala com a cabeça a mil, mil pensamentos, mil dúvidas, zilhões de medos. O filme trata de um casal, que acaba por representar toda a sociedade americana, na década de 50, tempos de glória do american way of life. Os utensílios domésticos, as casas nos subúrbios e os vários filhos saudáveis e sorridentes, os carrões... O marido pega o trem para trabalhar, juntamente com todo um rebanho com a mesma vestimenta e o mesmo propósito: ir para as empresas e escritórios. Mas nem eles mesmos sabem o que lá fazem. Mas têm de trabalhar para sustentar a família. Todo homem que se preza tem que trabalhar desta maneira. Até que sua mulher tem a brilhante idéia de resgatar os velhos sonhos e fazer algo de diferente de todo o resto: move to Paris. Os amigos e vizinhos se chocam. Perguntam: Paris? But why? Mas o marido desiste. Ela engravida do terceiro filho, ele é promovido. Não quer abandonar sua zona de segurança e tentar o desconhecido. Melhor ser ordinário mas com os pés no chão. Enquanto isso, ela, atriz fracassada e dona de casa infeliz, não quer ficar, e não pode ir. É a velha encruzilhada: o que fazer com a vida? O final, bom, vá assistir e saberás.
Ou seja, o filme figura todo o vazio da sociedade moderna, que acaba se rebelando nos anos 60 com a Contracultura, e todos os movimentos que com ela vieram: black power, feminismo, liberdade sexual... culminando nesta pós-modernidade atual que ainda carrega muito da modernidade...
Eu sinto que me arrisco tentando meus sonhos, sabe. Poderia muito bem seguir os caminhos mais práticos e comuns... Por que é que fui gostar dessa área midiática, hein?! Ser atriz é coisa pra louco. Não é?! Mas tenho medo de me frustrar nesta minha revolutionary road e não conseguir tudo o que quero. Às vezes acho que ela nem é tão revolucionária assim. Porque no final, todo mundo quer a mesma coisa.
Bom. Esse filme mexeu comigo. It´s too bad ´cause I think too much. Conclusão, não rendi muita coisa na aula de teatro mas tive uma pauta para minha postagem no blog.
Acho que preciso da maior válvula de escape brasileira. Ainda bem que embarco sexta-feira para o Rio de Janeiro, quando começa o Carnaval...