Pretendia dormir até o meio-dia, acordar despretenciosamente, tirar o atraso das horas de sono perdidas ou mal dormidas nos últimos dias, afinal de contas, era segunda-feira de um feriado prolongado e eu estava sozinha no meu apartamento em São Paulo. Mas, em meados das 9 da manhã despertei. O tempo não estava lá essas coisas, fazia frio, mas não chovia. Tomei meu café da manhã, troquei minha roupa de cama, coloquei as toalhas para lavar, calcei meu tênis e fui correr no parque. O vento estava gelado, mas a playlist renovada com três músicas que se alternaram e se repetiram ao longo do trajeto. Ao voltar, fiz aquelas coisinhas chatinhas porém necessárias do cotidiano como pagar o aluguel, comprar colírio - porque adquiri uma irritação nos olhos pelas lentes de contato que muito me incomoda e prejudica - , hidratante para o corpo, um mousse para inovar e tentar dar volume e ondas para esse cabelo fino e escorrido, enfim... Fiz um almoço sem arroz para me poupar do que seria comido mais tarde no rodízio japonês e recebi uma ligação. Interessante a ligação... "Olá, Stella, aqui é da tal-tal...". E disseram que eu fui umas das pré-selecionadas para fazer fotos para um loja de esportes muito conhecida, mas que sabiam que eu "estou na mídia" e que infelizmente o cachê não era tão alto e se eu aceitava fazê-las. Eu disse que sim mas que tinha um problema com datas já que meu final de semana estava reservado para uma gravação. Me perguntaram se eu estava igual às fotos do Orkut e se não havia engordado nem emagrecido, ou se havia posto silicone - "Quer dizer, nem sei se você tem silicone, tem?". Logo, me disseram que as fotos provavelmente seriam na sexta e que me ligariam na quarta-feira para combinarmos direitinho. Então eu vou fazer as fotos? Foi o que deu a entender. Assim, aguardo a confirmação. E a dieta do chá verde acabou de começar!
Esses dois dias passei com um grande amigo de infância, sofredor aspirante a trainee... E hoje, conversando sobre carreira, mal-entendidos e descrenças, ele me contou sobre uma pessoa dos tempos de escola que havia encontrado pouco tempo atrás em Ribeirão Preto. Ao conversarem sobre os antigos colegas, eu fui um dos assuntos em pauta. E tal pessoa disse mais ou menos com desprezo: "Ai, mas a Stella tá em São Paulo fazendo eventos, né... isso não meio que queima?". E ele, como bom amigo que é, retrucou contando n coisas e uma delas era "Você não viu que ela é o novo sorriso Colgate?". Já se pode imaginar a cara do(a) dito-cujo... Isso não me atinge. Tanto é que, se me atingisse, jamais teria um blog contando meus tombos, minha maratona, meu cansaço, já que iria me ater somente às vitórias, certo? O que acontece é que poucos valorizam a caminhada, ninguém sabe o duro danado que a gente dá para conseguir pelo menos uma pontinha numa publicidade, o trabalhão que é passar dez-doze horas em estúdio, nem a dificuldade de lidar com o incerto ou o medo de fracassar. Muitos exaltam somente o fruto maduro, seja ele a propaganda, a novela, o filme, o catálogo, o outdoor ou a capa de revista, como se chegar lá fosse fácil e eventos não fossem necessários para pagar as contas, como se dieta não fosse uma aliada do dia-a-dia, como se estudo nem fizesse diferença, como se concessões e dolorosas escolhas não devessem ser feitas, como se a sorte fosse a única responsável pelo sucesso. Aliás, já enfrentei e sei que vou encontrar muitos desses por aí afora e sabe o que é o mais gostoso? Acreditar que muitos ainda vão pagar a língua. Não por me verem na Colgate. Isso não é nada. Nem por um dia me verem numa tão sonhada novela das 8... Mas sim por um dia saberem da existência dessas histórias que fielmente registro e saberem que não se trata de um conto de fadas e que a caminhada é dura, quando se darão conta de quão limitados foram seus pensamentos, julgamentos e palavras. Mas não os culpo. Eu provavelmente já fiz muito isso... Na verdade eles dão um gás para que continuemos. É complicado falar sobre o que não se conhece. Ou julgar o que não se sabe...
Neste feriado quando se comemora a independência do Brasil, assisti Vigaristas, passeei pela supulcral Oscar Freire, almocei no America, dei voltas e voltas no Morumbi Shopping... Não há muito o que se fazer quando a cidade se dubulha em chuva e baixas temperaturas... foi um bom feriado!
Amanhã a vida volta ao normal! O trânsito volta ao normal! A segunda moradora da casa volta para casa! É tão triste ficar sozinha em pleno findar do feriado... E vamos caminhando para a segunda dezena do mês de setembro. O tempo passa, o tempo voa...
Bom retorno!