terça-feira, 28 de julho de 2009

Meu mal-estar pós-moderno

Hoje mais uma vez a cabeça ferveu... e nesta longa corrida contra o tempo e contra nossa falta de paciência, a ansiedade tenta me engolir a cada dia. Quando perdi meu pai aos 8 anos, comecei a sofrer um distúrbio estranho de sentir vontade constante de ir ao banheiro. Era pisar na rua que pimba! "Mãe, preciso ir ao banheiro!" Até que chegou para acalmar meus infantis ânimos, minha cachorra, o Porco. A síndrome acabou por ali. Mas agora, mais de uma década depois, ela voltou. Não perdi nada nem ninguém, mas a cabeça dá sinais de que a ansiedade e os antagonismos muitas vezes, conseguem falar mais alto. Nas noites de pensamentos mais conturbados, ou nos dias quando a paciência dá uma brecha e abre as portas para os medos e incertezas, preciso antes de ir dormir, passar umas 2,3, até 4 vezes no banheiro. Mas engraçado que quando estou nas minhas 4 horas de aula não sinto a mínima vontade! Não é mesmo engraçado?!
Estudei a fundo a pós-modernidade na faculdade. A fundo mesmo. Talvez tenha sido o assunto que mais me fez devorar textos e ter tido insights e "outshights" maravilhosos. As aulas que tratavam da eterna insatisfação do homem moderno, da síndrome do novo, do novo que substituía o novo, da falta de verdade e da coexistência de verdades - no plural -, desses tempos em que não há nenhuma lógica humana e sim uma lógica mercadológica individual e triunfalista, desses tempos de vazio e de tentativas de um preenchimento instantâneo através do consumo e de quantidades e imagens, quando a qualidade é rebaixada a terceiro escalão... Cultura de massa, indústria cultural, a anomia de Durkheim, o mal-estar da pós-modernidade... Hoje essa discussão veio à tona na minha penúltima aula com Fernando Leal, não com esses mesmos termos, mas com o mesmo conteúdo, chegando-se à conclusão de que a maior falha do cidadão pós-moderno é a falta de paciência. Paciência... Palavra rara assim como as terras e os metais nos tempos que preludiram as grandes navegações. Vivemos no imediatismo, no efêmero, na realidade-Miojo, na McDonaldização do mundo. As garras da pós-modernidade são certeiras e ponteagudas, e para não sermos apenas mais uma cabeça de gado a ser engolida pela máquina, cabe a cada um buscar a sua singularidade, lutar contra a homogeineidade tão bem-quista pelo mercado e criar um verdadeiro mundo de pluralidade, onde o diferente e o conteúdo é que farão a diferença.
"A paciência é mais heróica das virtudes, justamente por não ter nenhuma aparência de heroísmo." (Giacomo Leopardi)
Paciência, Stella. Como disse Fernando Leal, e como eu já escrevi aqui no blog, se trata aqui de uma maratona e não de uma corrida de 100m...
Agora, depois de 30 ligações e quase xingamentos na NET, temos tv a cabo em casa, telefone e internet. As coisas estão se ajeitando...
Já recebi proposta de trabalho em evento para 23, 24 e 25 de setembro, e o tempo não pára.
Boa noite! E com certeza ainda irei duas vezes ao banheiro... senão três...