quinta-feira, 10 de junho de 2010
O céu é o limite
O ruim de viajar não é fazer ou desfazer as malas, é voltar. O sonho que vivi por 5 dias definitivamente chegou ao fim hoje quando acordei, abri a geladeira e tomei de café da manhã uma banana já amarronzada, duas bolachas com requeijão e um copo roubado do iogurte da minha roommate. Já senti uma saudade apertada daquele lindo restaurante, dos ovos mexidos, bacon, shitake, suco de grapefruit, croissants, frios e mais frios, das frutas e mais frutas... Também senti saudades de tomar banho no chuveiro mais power pela manhã e de vestir o roupão mais felpudo que já vi, voltando à realidade do banho cravado com poucos pingos de água em 7 minutos antes de a chave de energia do apartamento cair... Senti saudades das rádios chilenas que inexplicavelmente tocavam todas as músicas que amo e que ninguém conhece. Foram 5 dias de uma trilha sonora incrível, no quarto, no elevador, nos shoppings, na cabeça... Extraño mucho o alfajor que era gentilmente todos os dias deixado sobre meu travesseiro após a passagem das camareiras e que - desculpa! - abri exceção para comê-los sim -, já que hoje minha faxineira veio e não me deixou nada, inclusive, quem teve que deixar alguma coisa sobre a mesa para seu pagamento fui eu... Senti saudade dos vinhos e dos frutos do mar ao cozinhar no almoço um arroz branco com abobrinha batida com ovo e fritar um bife... Já morro de saudades das ruas de Santiago, que no outono parecem pintadas à mão, onde eu fui a protagonista do meu próprio filme e de um comercial. E essa é só a parte física da coisa...
Gostaria de ter escrito todos os dias, eu juro, mas para isso, o dia teria de ter 30 horas e eu uma bateria eterna. Foram 5 dias de sonho que, incrivelmente, não passaram rápido, dando a impressão de que fiquei uns dez dias na capital chilena. Eu não parei um segundo!
Não me lembrar de Vivos foi impossível nesta cidade banhada pela cordilheira. O meu êxtase começou quando, na ida, por volta das 19:30h, o comandante do avião anunciou que apertaríamos os cintos enquanto sobrevoássemos as montanhas. Lógico que não dava para ver nada, mas depois, cada pico coberto de gelo era cenário para mais um click. E aliás, quantas fotos lindas! Tive a sorte de ter ao meu lado um companheirão que além de tudo, tinha uma máquina profissional, adorava registrar momentos e não reclamava quando eu pedia "Foto! Foto! Foto!" a cada 3 minutos.
Meu sonho pareceu já distante quando hoje, exatamente às 18h, peguei um ônibus lotadésimo, desci no ponto errado e peguei um segundo mais lotado ainda para atravessar a Nove de Julho e chegar no Anhangabaú abarrotado para de lá seguir para Santa Cecília e andar mais dez minutos até minha aula. Suando e uma hora e meia depois, cheguei atrasada mas cheguei. Mas o que consegui foi fruto árduo dessa minha batalha diária. É igual quem trabalha para desfrutar das férias. Só que neste caso, minhas férias foram o trabalho. Entenderam a equação?
Mas a realidade hoje doeu! Não entendam que estou reclamando, não estou. Mas é que tudo comparado ao incrível perde sua beleza. Hoje até as ruas do Itaim não estavam tão fantásticas assim...
Ontem, ao pousar em terras paulistanas e constatar que perdi a feira do cachê excelente porque meu celular permaneceu desligado durante todo o voo, um pseudo desespero bateu por eu ter minha agenda totalmente livre a partir do momento em que saísse do Free Shop, mas um alívio imediato já veio ao me programar para quinta-feira estar no colinho de mamãe. Mas, como nesta minha vida de instabilidade planos são feitos para serem desfeitos, hoje recebi propostas e mais propostas de trabalhos em evento, algumas a princípio recusadas mas depois repensadas ao receber a notícia de que me escolheram para a Casa Cor - lembram-se da seleção que demorou horrores, com cachê recheado onde que eu não fui escolhida?. Assim, já garanti 8 dias sortidos de trabalhos, um provável amanhã e dois dias de evento gordo prováveis semana que vem. Não vou marcar na minha agenda quando voltarei para Ribeirão. Pode ser domingo, pode ser quinta ou pode não ser. Fico contente pela maré alta e pelo fato de poder ficar despreocupada economicamente pelos próximos dois, três meses, mas a distância dói tanto, especialmente ao ouvir minha mãe chorar no final da ligação - Mãe, você tava chorando, né? - tentando se conformar que devo sim agarrar todas as oportunidades. E começam a ficar mais claro os dois lados da moeda. A gente não pode ter tudo, muito menos tudo ao mesmo tempo...
Eu disse que este seria meu ano dourado, não disse? O ouro já começou a brilhar! Ainda não sei se alguém terá a paciência de ouvir tudo o que eu tenho para contar. O meu cachê, na prática, foi muuuuuuuuuuuuuuito mais alto, vocês não imaginam...
O céu é meu limite!
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