quarta-feira, 4 de abril de 2012

Sem Parar

Finalmente, chegou às minhas mãos o substituto para meu já finado Blackberry. Do Norte do continente, diretamente das entranhas neurológicas do também já finado Steve Jobs, desbravou os céus e desembarcou na capital paulista, pronto para facilitar o dia-a-dia da pequena Stella e botar ordem na vida tecnólógica da mesma. Alegre e sorridente, depois de mais de um mês de tortura, a pequena subiu até a Avenida Paulista, adentrou na loja da nova operadora eleita, munida dos documentos necessários e já apta para a escolha de um novo número, já que a Nextel não tem - ainda - portabilidade. Legal. Foi quando de repente, uma notícia pipocou na tela do computador do vendedor, dizendo que Stella deveria consultar o órgão do consumidor pois seu CPF estava irregular. Depois de duas outras tentativas, Stella soltou fogo pelas ventas e incendiou a loja. Não, não, mentira... Ela respirou e pediu ajuda, pois sabia que não devia nada a ninguém. Com o rabinho entre as pernas, disse alguma pseudogrosseria ao vendedor, saiu da loja e ligou, de seu humilde radio emprestado, para a mãe. Sua progenitora, a mais de 330km da filha, nada podia resolver e só alertou que dirigisse pessoalmente ao Serasa. Stella voltou para casa, fula da vida, perguntando aos céus, os mesmos que viram seu mais novo mascote voar há alguns dias, "Por quê?! Por quê?!". Depois do drama, foi correr, afinal de contas, a vida continuava. Dia seguinte, depois de cumpridas as tarefas que só um dia de folga permite, lá foi a pequena googlear o Serasa mais próximo de sua humilde residência. Pegou o caótico transporte público da cidade e chegou ao seu destino. Quando atendida, teve a notícia de que devia mais de 400 reais no Sem Parar. "Como é que é?". É, no Sem Parar! Coitada da pequena... Nem carro ela tem, chegou de ônibus ao Serasa e está com dívidas de pedágio! Era só o que faltava... Sentou, ligou para o dito cujo, conferiram os dados que não bateram, pediu máxima urgência na resolução do caso porque precisa do seu digno nome limpo! A resposta: 5 dias úteis para análise do caso e 7 dias úteis para retirada do nome. "Como é que é?". Depois de muito bate boca, de chamar a atendente de "querida" e número de protocolo anotado, Stella relatou para sua mãe a fraude. Ano passado, num extravio de um malote de talões de cheques de um banco X, alguém passou a distribuir por aí cheques da jovem inocente. Mas o banco, ágil, nunca validou nenhum deles. Assim, provavelmente, este mesmo ladrão miserável e inescrupuloso fez o cadastro no queridíssimo Sem Parar usando o nome e CPF de Stella, mas outros RG, data de nascimento e comprovante de residência. Assim, por falta de segurança no sistema do famigerado Sem Parar e por falta de vergonha na cara de um pífio ser humano que não tem dinheiro nem para pagar suas próprias viagens - de fuga, certamente - meu nome está lá, detido indevidamente e com um prazo de 7 dias úteis numa semana de feriado! O que você acha disso, Brasil? Que país de %&#@*!