segunda-feira, 23 de março de 2009

Desempenho Cerebral

Descobri que até o dia 11 de abril, estarei no auge do meu desempenho cerebral. Isso porque dia 11 é meu vigésimo terceiro aniversário (23o para uma melhor visualização) e também de acordo com cientistas americanos que pesquisaram o raciocínio, a vivacidade mental e memória do ser humano nas diferentes faixas etárias.
Constatou-se um melhor desempenho nos testes aplicados com jovens americanos de 22 anos, o começo do declínio do desempenho aos 27 indo até os 30-35 anos, e depois, ufa!, a estabilização.
Assim, verificou-se que a idade faz mal à saúde, mas o acúmulo de experiências ao longo da vida é o melhor efeito colateral disso tudo, já que não ficamos mais velhos, mas sim, mais sábios.
Aproveitarei então meus últimos dias de vivacidade plena, de rapidez de pensamento, raciocínio e visualização espacial para seguir de cabeça erguida rumo a mais uma data que marcará o quão mais sábia, esperta e interessante eu estou ficando.
Presentes serão aceitos, viu?!
Amanhã tenho uma entrevista para assistente de comunicação em uma escola católica e estou atrasada para decorar meu texto para a audição do Projeto Carrano na quarta-feira.
Tá vendo? As coisas estão acontecendo mais rápido do que se imaginava... é que desculpa, estou no meu auge cerebral, e quem sabe aos 27, estarei comemorando o meu auge global?

Texto ficcional para Audição

"Isso tá em off, né? Mas eu não me considero melhor do que ninguém. Mentira, mentira, me considero sim, claro que me considero! Vamos falar a verdade mas não vamos achar que todo mundo é igualmente dotado, né, porque não é. Nasci bem, cresci bem, apareci bem. Mas se você falar que se acha melhor do que todo mundo, tá errado, você estará sendo sincera e sinceridade nessa merda de mundo não vale muita coisa. Eu odeio a mentira. Hahaha... mentira, porque eu vivo dela. Aliás, mente-se sempre, mente-se o tempo todo, e me desculpe a filosofia barata, mas a vida é uma mentira ininterrupta e resistente. Eu minto, tu mentes, ele mente, nós mentimos, vós mentis, eles mentem...
Sempre tive problemas com a mentira, mas também sou mentirosa, não tem como escapar. Quantas mentiras já não profetizei por aí, em quantas mentiras já não acreditaram, e vão à merda todos vocês os mentirosos que não se assumem e viva nós, os mentirosos conscientes!
Na época do politicamente correto você não pode se assumir mentiroso e muito menos confessar que é superior a todo o resto. Mas foda-se todo o resto e prefiro correr o risco de ser tachada de louca do que viver na mentira, na mentira de que eu não minto. Eu minto, tu mentes, ele mente, nós mentimos, vós mentis, eles mentem...
Mas a mentira é traiçoeira... ela tem perna curta, e mesmo assim a gente cai nela. Eu caí nela e continuando caindo... até chegar no fundo do poço... Aquela noite eu tomei tanto remédio para dormir que eu desejei nunca mais acordar... Por que ele me disse palavras tão lindas a ponto de eu abdicar das minhas mentiras e lhe falar toda a verdade?... Hein?! Ah como eu o amava, como eu fiz tudo por ele, como eu faria de tudo para que tudo aquilo fosse verdade... A partir de então eu decidi nunca mais dizer a verdade. Do que adianta nascer bem, crescer bem, aparecer bem se a gente cai? Cai, cai, cai e se fode, acreditando na mentira do outro que a gente gostaria que fosse real...
Pára! Pára. Eu tô bem. Eu tô ótima! Eu nasci bem, eu cresci bem, eu apareci. E enquanto todo mundo me admirar, eu tô ótima.
Vamos começar?
-Se eu sou feliz? Ah, eu sou a pessoa mais feliz do mundo! Estou num momento máximo de minha realização pessoal e em perfeita sintonia com o mundo!
-Se a fama já me subiu à cabeça? Jamais. Sempre tive os pés no chão e nunca me achei melhor do que ninguém. O público é que me faz viver e dessa maneira, eu sou subalterna a eles. Devo tudo aos meus fãs.
(Mentira!)
-Próxima pergunta...?"

Resgate de um texto de 12 de fevereiro de 2008

Teorias e Mecanismos da vida

Ainda férias. Uma noite normal, quente, sem muito que fazer nem pensar. A vida parece pacata, sem grandes novidades, parada igual ao ar da cidade, que custa a fornecer um único sinal de vento. Até uma mensagem de “luto” aparecer no nickname de um amigo de faculdade, e eu perguntar “luto por quem?” enquanto ele estava on line. A resposta foi triste. Demorei alguns segundos para captar, alguns minutos para conversar com quem pudesse e com certeza ainda levarei alguns dias ou talvez toda a vida para compreendê-la.
Era a perda de uma querida e sábia professora. Apenas um semestre com a matéria Teorias e Mecanismos de Integração Regional, um sorriso a cada Boa Tarde, outro sorriso a cada resenha entregue, um dez no boletim e um singelo e quase inédito parabéns pela nota – os professores universitários não costumam parabenizar os alunos por boas notas. Agradeci, mas pelo que me recordo agora, não me despedi.
Não desenvolvi grande proximidade com a querida professora, nem debati os assuntos que ela tanto clamava por discussões e dúvidas naquela sala quase apática. Aliás, nunca fiz uma única pergunta a ela. Eu sempre fiz parte da apatia da sala. Lembro-me de suas broncas tentando acordar a turma para o mundo, para os noticiários, dizendo com toda razão possível, que jamais seríamos verdadeiros analistas internacionais sem acompanharmos os jornais, o que acabava doendo dentro da consciência de cada aluno que estava sentado nas duras carteiras daquela faculdade pública. Ao pedirmos o intervalo – já que não existe um horário muito fixo paras as atividades naquela faculdade –, os alunos saíram comentando sobre a quase fúria da professora, como ela estava exaltada naquele dia, como ela costumava ser mais “boazinha” no início do semestre. Mas eu sabia que naquele instante, as palavras da querida professora ecoavam para aqueles que tinham tudo na mão, e tinham também a preguiça de agir. Vencer a inércia daquela cidade do interior parecia difícil aos quase formandos.
Agora reflito. Não sei ao certo desde quando ela estava doente, se sentia dor, se sentia medo, o que achava da vida. A quase fúria da professora naquela tarde podia ser um reflexo daquele momento em que ela estava envolta de quarenta alunos, mas se sentia sozinha frente à realidade oculta? Nós simplesmente não sabíamos. Mas ela tentava nos alertar para uma vida inteira que alguém lá de cima nos prometeu e que deveríamos fazer dela algo esplendoroso.
Amanhã ela será cremada. E mais uma vez não poderei me despedir. Mas esta noite que estava sem graça, parada, ganhou um movimento indesejado, tempestuoso, de reflexão, de arrependimento. Bons e sérios professores são raros no ensino público de hoje, e agora ficam apenas as lembranças daquelas longas aulas, do que poderia ter sido dito para ela e não foi; do que poderia ter sido esclarecido para nós e não foi. A morte parece tão distante, até que uma mensagem on line nos estapeia e nos mostra o contrário.
Adeus à querida professora, que simplesmente esqueci-me de votar para que fosse uma das homenageadas na nossa colação de grau. Tenho certeza que ela ficaria feliz, ou apenas eu é que dou importância para essas formalidades acadêmicas? Adeus à inércia. Agora é a hora de agir, antes que seja tarde demais.

Teatro com o Teatro

Fomos prestigiar nosso professor de interpretação II na peça "Querô - Uma Reportagem Maldita", de Plínio Marcos. Uma super peça com 39 atores em cena, vários seios à mostra, vários gestos sexuais (já que o espaço se trata de um bordel), um figurino incrível e uma banda fantástica.
Gostei, mas não para meu entretenimento. Sabe aquela diferenciação entre uma peça boa e uma peça legal? Definitivamente, esta se trata de uma boa peça.
Depois fomos ao Siga la Vaca na Rua D. Leopoldina, e algumas cervejas, lanches e batatinhas depois, terminamos o primeiro programa oficial da turma do teatro, e temos muito a nos conhecer ainda, como pessoas e como grupo.
Noite super gostosa e já sentimos o outono na capital paulista...
A semana promete!
Durma bem... e uma linda semana para você!