Hoje embarcamos 5 meninas em uma van que supostamente deveria ir completa rumo à fazenda. Cada uma com seu presente em mãos, utensílios utilíssimos para um jovem casal, sem saber direito o que é que nos esperava. Sacrifícios foram feitos, pois foi-se o tempo em que as agendas de tempo e espaço eram mais próximas, mas não poderíamos perder nosso primeiro chá de cozinha por nada. Como eu disse para a noiva, "só se a Globo me chamasse".
Todas muito urbanas, encaixando seus saltos altos no chão de pedra, pedindo repelente contra os mosquitos ávidos por sangue novo, espantando a abelha aqui, tirando o besouro do cabelo, se assustando com libélulas ali e melando com o mormaço que reinou após dias de chuva na região.
Taças cheias, guloseimas por todos os lados e começam as brincadeiras com aquela que em breve, terá um novo sobrenome. Acertar os presentes e quem havia os dado. Errou? Bebe! - de uma caneca de um formato politicamente incorreto que também assustava a avó já preocupada com o que a neta era "obrigada" a tomar. Uma carta da irmã que está longe e lágrimas incontroláveis escorriam pela face da noiva, da mãe da noiva, das primas e amigas da noiva. E bebe "para esquecer" a saudade. Perguntas sobre o noivo e se errar, cadê a caneca? "O que ele mais gosta em você?" e ela respondeu: -"Ah, hoje acho que minha bunda!", enquanto ele docemente respondeu: "O jeito meigo de dizer que me ama"... E dá-lhe risada! A noiva entrou na fonte para pegar um dos três peixes com a mão, dançou no ofurô, teve no corpo desenhos "obcenos" feitos com batom, fez declarações de "como é grande o meu amor por vocêêêê" à mãe e discursos de amizade às amigas ali cativas, relembramos histórias de um passado ainda muito presente, como a dor de barriga na escola, as festinhas escondidas do pai, os amassos escondidos de todos, e assim vai... Resultado final: vodka faz mal a quem só bebe cerveja, pois a noiva passou mal, mas se recuperou e acabou a noite dançando seu sertanejo preferido; beijos, abraços, risadas e lágrimas, que jamais serão demais; laços cada vez mais apertados; quilinhos também a mais adquiridos com tanta pizza, hot dog, churros, cheeseburguer, bolo, cascata de chocolate, frizante, cerveja, refrigerante; aprendizado sobre chás de cozinha; medo de crescer e de repente não encontrar a felicidade que aquela linda noiva desfrutava; indagações sobre amor e casamento; respostas esperançosas.
Ainda me lembro de quando brincávamos de escolinha... da primeira vez que fomos ao shopping e nos sentimos tão adolescentes quando nem seios ainda tínhamos... das colas que eu passava para ela nas provas... das lapiseiras incrementadas com que ela me presenteava... de contarmos nossos primeiros beijos... nossos primeiros amores... E a coisa foi se complicando. Nós continuamos crescendo. E hoje a vejo, com aliança na mão, eufórica com a festa, com o vestido, implorando para ligar para o noivo no auge da bebedeira. Eu sempre soube que ela seria a primeira a casar. Eu sempre soube que estaria ali assistindo, sorrindo e aplaudindo, mesmo com as vidas tomando rumos tão diferentes. Eu amo a noiva. Eu amo minhas amigas.
Amizade, amor e casamento. Que sejam eternos enquanto durem! E que durem para sempre!