O romance de Jorge Amado que se tornou um clássico confirma toda sua atualidade, mesmo décadas depois de sua publicação.
Pode uma mulher ter tudo o que deseja? Ou existirá uma eterna incompletude na vida que fará com que o pecado e a imoralidade coexistam com a realização dos desejos mais carnais e primários e façam pesar para todo o sempre a consciência?
É errado querer? É errado ter? É errado querer e poder?
Flor vive em um triângulo amoroso demonstrando um remorso pessoal, social e conjugal no início, mas acaba se entregando à bigamia, já que encontra nas duas figuras masculinas (a do malandro e a do conservador) a perfeita combinação que nutre seus desejos, sendo não a Menina Flor, proporcionada pelo vadio Vadinho, seu finado marido, nem a Senhora Flor, fruto da formalidade e segurança de seu segundo casamento com Theodoro. Com as doses certas de malandragem e maturidade, ela é nada mais nada menos que Dona Flor, assim como deve ser! Enfim, ela é a mulher que busca aquilo que todas nós sonhamos: a temperança que impede a monotonia assim como evita o martírio da inconstância. Ela tem de tudo um pouco. Melhor impossível!
A peça é uma delícia, apimentada ainda mais pela nudez total de Marcelo Farias, ótimo figurino de rendas e floral, lindo cenário, e com a fabulosa atuação da atriz que interpreta a amiga e confidente de Flor, Norminha, que rouba a cena toda vez que está no palco. Achei que Carol Castro tem uma voz meio nasalada, chorosa mesmo nas falas mais alegres. Impressão ou de repente ela estava gripada e a platéia não soube?
Vale a pena!