"Silvia, e essa semana, não temos nada? Eu preciso de trabalho!". Foi assim que acordei, com um telefonema da minha agência preferida perguntando se eu estaria livre no final de março para a feira Hair Brasil. Isso às 13:15h. O dia estava tão lindo que achei que não passasse das 10 e meia. E aí lá veio aquele sentimento que meus leitores compartilham comigo: ócio. Não acordei mais cedo porque não tinha o porquê. Não coloquei despertador para não observar mais horas vagas no meu dia.
Aproveitando o breve sol - em São Paulo é assim, depois das 16h, esquece! Vai chover, isso é fato -, fui andar no Ibirapuera, ouvi minha playlist up beat, voltei, fiz um almoço light para me desintoxicar de um final de semana de muita comida e muita bebida, tomei um banho e fui finalmente assistir Avatar. O que James Cameron coloca em Avatar vai além dos sonhos, muito além de onde um cérebro ordinário consegue ir. E me fez acreditar um pouco menos na humanidade. Fora os clichês, aquele é sim um retrato do pensamento humano - mercenário, dominador, adorador da guerra. Temos exceções, claro, mas pena que a máquina que tudo comanda segue esta triste linha. Para tomarmos jeito, no mínimo, teríamos de ser uma outra espécie para retomarmos o link com a natureza, com nossos semelhantes, com o verdadeiro amor. Se você não assistiu, delicie-se em um cinema 3D. Ótimo entretenimento!
Saí tão feliz do cinema, querendo voar naquela entusiástica colorida atmosfera de Pandora que finalmente comprei uma bolsa nova (a minha estava um desastre, tadinha), uma carteira amarela (usava a mesma desde a 8a série) e um tenizinho já prevendo as andanças no inverno - tudo na promoção! E me dei conta de que Avatar e sua mensagem ficaram para trás depois dessa onda de consumismo. Eu não tenho jeito.
E voltei para minha realidade... assisti um seriado qualquer, já planejei voltar para Ribeirão na quinta-feira, festa na sexta, sem perspectivas de trabalho e nem das minhas fotos, já que continuo gordinha para a carreira e não há meios naturais que me façam perder peso. Minha ansiedade - embora não transpareça - me consome, e minha dieta acaba no instante em que saio da rotina. Aliás, que rotina? Não tenho rotina. Silvia disse que dezembro, janeiro e fevereiro são os piores meses e que eles também estão na mesma angústia que nós, "modelos" de eventos... Ser atriz neste momento assemelha-se a Pandora, um sonho distante... quase impalpável, a não ser que eu fosse um avatar. Não entendeu? Vá assistir ao filme. Jammie me pagou para fazer um merchand para ele. E em troca, serei a nova nativa em Avatar 2 - O Retorno.
Bom mês de fevereiro!