Tá, gente, tá, eu sei... não escrevi ontem! Mas o dia foi uma loucura... realmente não deu tempo, mas foi por uma boa causa, vocês verão...Como previa, foi extremamente ácido levantar às 6h... mas, 7:30h já estava na USP.
O curta, de nome "Ai, que susto!", comportava 3 personagens: a hostess de um prostíbulo (no caso, eu), e dois amigos que vinham frequentar a casa. Foi uma delícia!
Contracenei com dois meninos super gracinhas, ótimos atores, profissionais já bem encaminhados, trocamos nossas figurinhas, compartilhamos alguns de nossos dramas, discutimos o método Fátima Toledo, demos boas risadas e pela primeira vez usei uma peruca! E não era qualquer peruca... Ai, que amadora... Às 13h, eu já estava liberada, mas quem disse que eu queria ir embora! Acompanhei mais alguns ensaios e gravações de cenas das quais eu não fazia parte e fomos almoçar todos juntos. Imagino que daqui algum tempo, aqueles estudantes diretores, assistentes de arte, assistentes de diretor, contra-regras, serão os grandes profissionais da área e poderei ter o prazer de dizer que participei de um filme deles há muito tempo, enquanto eles ainda estavam na universidade...
Posso dizer que foi minha terceira experiência no cinema. E mais um pontinho para meu currículo, lógico, já que terei meu nome nos créditos... A estrada ainda é muito longa, e começo a me perguntar se tirar a DRT agora é realmente fundamental. Sim, creio que é sim.
Ao abandonar o set, voltei para casa e voei para o Terminal Tietê, na esperança falha de pegar o ônibus das 17h. Aquilo tava um inferninho de pessoas, de malas e de filas. Peguei o das 18h.
Fiz minha boa ação do dia ao ver toda a desorientação de uma senhora que pretendia voltar a Sertãozinho para o enterro de um ente querido, e ajudá-la a compreender os horários de ônibus, com o pagamento e preenchimento da passagem, já que ela se mostrou analfabeta. Fiquei pensando como deve ser demasiado complicado ser analfabeta em uma megalópole como São Paulo. Não saber ler nem escrever em uma minúscula cidade do interior é uma coisa, mas não decifrar os códigos urbanos de uma capital e ainda ser engolida pela falta de tato, paciência e compaixão dos moradores frenéticos de uma cidade frenética é outra. Espero que ela tenha chegado em segurança.
Nesse meio tempo de espera, comi uma salada de frutas, na tentativa de manter uma certa dieta e comecei finalmente a ler o famoso Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez. Algumas páginas depois, o livro já me rendeu - além do prazer da leitura - um ótimo contato em Ribeirão. Ao meu lado no ônibus veio uma figura do mundo midiático da região e o papo começou quando ele disse que acabara de dar uma entrevista listando Cem Anos de Solidão dentre os melhores livros por ele lidos. Conversamos boa parte da viagem, ele me contou muita coisa e me prometeu encontros quentíssimos com pessoas que fervem! É o famoso networking, ímpar neste maravilhoso e concorrido mundo das artes.
Cheguei já tarde, tomei um banho correndo, me arrumei correndo e fui à festa Back to Back. Bom, só digo que ainda bem que ganhei o convite... ficamos uma hora marcada no relógio, e terminamos a noite passando frio numa temakeria. Eu estava morta! E quem diria que o frio também chegaria à Califórnia brasileira...
Todas esses pessoas do mundo artístico que conheci têm a mesma opinião, engraçado, de que a gente não escolhe essa paixão. A gente é escolhido por ela e tem que arcar com todos seus esforços e consequências. "A sorte premia os corajosos", disse Paula Abdul. Somos todos corajosos de nos aventurarmos nesse mar tão límpido e revolto de incertezas, sonhos e corais.
Mas tá vendo?! Eu disse que seria por uma boa causa...