terça-feira, 3 de março de 2015

(Des)Conectados

Basta andar nas ruas, entrar no transporte público, olhar o carro ao lado, pegar o elevador... Tudo está a um toque dos dedos. De repente, tudo se traduziu em likes e views. Hoje experimentei largar o celular e observar as pessoas mas apenas observei pessoas em seus celulares. Por um momento não me interessou se o vestido é branco ou azul ou florido, eu não tô nem aí. Eu quero saber como está você. A vida. A saúde. A família... Eu não quero estar ligada somente a cabos ou wireless. No entanto, assim todos estamos. Curtidas contamos. Ítens do fast fashion compramos. Tá calor, compartilhamos. Tá frio, postamos. Por uma mensagem aguardamos. Tenho medo do que vem pela frente. Medo de parar de olhar para a tela e não ter ninguém para dividir a realidade, porque do virtual estamos todos ficando fartos... Falta carne para apertar. Mão para dar. Faltam boca e ouvido para conversar. Falta tempo. Falta ar. Sonhos vem devagar mas nós vamos tão depressa... É uma inadequação dentro do adequado. Uma vontade de não ser. Uma claustrofobia num mundo cada vez mais (des)conectado. Todos navegamos com a mesma velocidade, que é o vento. Mas ele eu quero que traga cheiros, de flores, de gente, de chuva, coisas que o celular ainda não é capaz de fazer. Ainda, porque tudo é uma questão de tempo. E ele está a cada dia mais apressado...