terça-feira, 14 de agosto de 2012

Uma Caverna do Dragão

O desenho é da época de vocês? Eu adorava e aquilo me prendia quando criança. Os finais felizes eram muitos, a cada término de capítulo,  mas não teve o gran finale feliz e acabamos por descobrir depois, por meio de teorias da conspiração, que aquele mundo era o purgatório, que a doce Uni era do mal e por isso ficava sempre para trás atravancando todo o grupo e que o Mestre dos Magos era a mesma pessoa que o Vingador. É nesse momento que você baixa a guarda porque perde todas as esperanças e se indaga: "como assim?"... O Mestre dos Magos era o senhor mais querido da face da terra... Mas então era por isso que ele dava respostas tão evasivas! Pistas tão complexas! Ele simplesmente não poderia dizer "vá por ali, ali é o caminho" ao invés de alertar para seguir o coração e ter cautela ao escolher um dos dois caminhos daquela bifurcação e bla bla bla...?! Pois é. E o mistério se repetia na manhã seguinte da Globo e aquele labirinto gerava uma angústia quase infinita nas crianças que hoje cresceram. E cá estamos. Fora da ficção o labirinto também se repete, o princípe também vira sapo, o jardim se transforma em pântano, a carruagem vira abóbora. E talvez aí esteja o segredo da coisa, talvez os problemas sejam nossa alavanca, as desilusões nossas catapultas! Porque se tudo desse certo, a gente estagnaria e o desenho acabaria. Será? Então quer dizer que essa luta é realmente incessante? Que a esperança deve ser mesmo eterna? Que lutando contra o desânimo, continuamos abrindo portas de um casarão circular, que gira, gira e cai sempre no mesmo lugar? Eu não gosto desse tipo de dramaturgia conformista e pessimista. Prefiro mudar o canal... Só falta achar o controle.  Se é que ele existe... Boa terça-feira!