Tive novas notícias a respeito do caso bizarro do grupo picareta de teatro (tá lembrado?)... milagrosamente, a menina, também atriz, vítima igual a mim, me achou no orkut e conversamos pelo telefone. Fora as risadas e a retrospectiva, ela disse que o diretor/produtor (sei lá que porcaria aquele picareta é) afirmou que, posteriormente, todos os atores assinariam um contrato, mediante um advogado, atestando a presença e disponibilidade no grupo até o final do ano, e caso esse contrato fosse residido, o ator deveria pagar uma multa. Onde já se viu isso, meu Deus? Se os caras precisam de um contrato e de uma multa caso o ator desista do projeto, é porque boa coisa não é, certo? Difícil de engolir...
Hoje andei no metrô mais lotado da minha vida e menos mal que o tempo está fresquinho, senão teria passado mal, fato. Nem no teto eu conseguia segurar, de tão apertado que estava. Desculpa, pode me chamar de fresca ou do que quiser, mas eu não mereço um transporte público nessas condições. Nenhum ser humano merece, ainda mais mediante todos os impostos exorbitantes que pagamos diariamente nesta vergonha de país. Só quem já seguiu para a Sé às 18h sabe que aquilo é desumano. Não tem como as pessoas se acostumarem com essa situação! Comentei disso com uma pessoa e levei algumas alfinetadas, já que ela me disse que a grande parte da população é acostumada a isso, e que voltam felizes para casa, seja à pé, voando, de metrô ou que for. Discordo. Eu te desafio a olhar na face e nos olhos de cada pessoa presente no metrô no horário de pico. Não existe um sinal de felicidade, apenas uma tentativa de abstração para que aquela tortura logo acabe, e que ela chegue finalmente sã e salva em seu lar. Não concordo também com o fato de o caminho ser uma tortura e todos esperarem o final do dia, quando tomam seu banho e ligam a televisão. Cada segundo da vida deveria ser aproveitado como se fosse o último, certo? Não importa o fim mas sim a trajetória, como disse Guimarães Rosa, não é? É difícil, mas pensando num campo ideal... as coisas deveriam ser bem diferentes do que são. Não somos bichos para ficarmos engaiolados, empuleirados, um em cima do outro, sem ventilação, sem segurança, sem conforto. O brasileiro e a humanidade merecem muito mais.
Contrariando os ditados populares e também o grande Guimarães Rosa, tudo o que eu quero é que chegue logo a sexta-feira, que eu retorne para a Califórnia brasileira, onde o trânsito ainda não é tão caótico, onde eu não preciso ir para a estação da Sé às 18h e nem nenhum outro horário, onde o Coelhinho da Páscoa me trará doces presentes...
Infelizmente, certos momentos da vida são impossíveis de ser degustados. Não é pessimismo, é realidade. Hoje eu estou odiando São Paulo. Espero que seja só a TPM...