sexta-feira, 8 de abril de 2011

7 de abril

Tudo o que eu fiz ontem e hoje é relevante. Não vem ao caso meu teste de refrigerante pela manhã, a locução prometida que foi remarcada para semana que vem, a gravação de um novo monólogo para renovar meu dvd book, que meu porteiro me confundiu com a garota propaganda do Ipê, nem que vim parar - novamente - no interior. Hoje o assunto é outro. Violência. Já virou papo de balcão de padaria, de mesa de buteco, de postagem em Facebook... E vai ser o meu papo por aqui também, não tinha como fugir. Dona Dilma se emocionou no palanque, eu chorei na mesa do almoço, o Brasil se comoveu, mas e daí? O sofrimento verdadeiro não é nosso, e sim daquelas 11 famílias que perderam seus anjinhos de um modo hollywoodianamente brutal, daquelas centenas de crianças que carregarão uma cicatriz que cirurgião plástico nenhum vai remover e dos tantos familiares que aguardam uma resposta positiva dos tantos profissionais que se empenharam para salvar a vida daqueles inocentes. O Brasil ainda não tinha uma Columbine, mas agora mancharam com o mais escarlate sangue as páginas da história. Edições especiais de telejornais espetacularizaram o que por si só já é um freak show. No entanto, não tem como se manter intacto ao ver as cenas de uma mãe recebendo a notícia de que não verá seu filho crescer e que a mais linda dádiva recebida - a vida - acabava por ali. É trágico, é idiota, é incompreensível, é explicável, é repetição, é inovador. Fatos assim nos fazem acreditar cada vez menos no ser humano, mas um louco dessa estirpe é minoria, ufa! Se o destino já está traçado, resta-nos aceitar que assim caminha a humanidade, ultrapassando obstáculos, caindo em buracos, buscando o horizonte, alcançando o mais alto cume, seja ele no céu ou aqui mesmo na Terra. Que Deus esteja com eles! Que Deus esteja conosco. Às vezes é difícil acreditar que Ele está no meio de nós...