Pela primeira vez desde que foi dada a largada da festa sul-africana, me sentei no sofá para acompanhar um jogo. E está sendo minha primeira Copa em São Paulo! Quer saber que diferença isso faz? O trânsito!
Desde às 10 da manhã os telejornais já informavam sobre o trânsito na cidade, já que no país do futebol, quase todos os trabalhadores são liberados mais cedo para assistirem aos jogos no aconchego de seu lar - ou do bar ou whatever. Assim, logo cedo fui correr no Ibirapuera e as ruas estavam já alegres ao som das vuvuzelas e com as cores verde e amarelo. Parecia que cada brasileiro contava os minutos no relógio esperando às 15:30h. Mulheres normalmente de roupas formais vestiam a camisa da Seleção. O malabarista do semáforo era ontem um homem fazendo embaixadinhas. O país respira junto o mesmo ar futebolístico, acreditando que trará a sexta taça para casa!
Ao voltar para almoçar e tomar meu banho, a tv continuava ligada já alertando sobre a movimentação na cidade. Às 14h, peguei o ônibus para o metrô Brigadeiro abarrotado como nunca vi! Eu e minha marretinha do hexa! As pessoas se espremiam sob as cores da bandeira. Não vi ninguém reclamando. Eu não reclamei. Ao chegar lá, por volta de 14:35h, me deparei com uma multidão inesperada nas catracas. Nunca vi a estação tão cheia assim! Parecia até o Anhangabaú no horário de pico! Mas o congestionamento era feliz, todos estavam ali por uma boa razão, recém-liberados de seus afazeres, com ganas de se agarrar à latinha de cerveja e gritar gol o mais alto possível. Eu adoro Copa do Mundo!
Quase chegando na casa de minha amiga lá no Alto do Ipiranga, parei no bar mais próximo para me abastecer de cerveja. Inflação pré-jogo: a Skol estava R$2,50 (preço da Bohemia no Itaim ao meio-dia) e a Brahma Edição Especial R$2,80.
Nos perguntamos: Globo ou Bandeirantes? Ahhhh, mesmo velho, gagá, com todas as abobrinhas que fala, não podíamos escapar da narração histórica do Galvão! E nisso a cidade morta, sem uma alma-viva perambulando pelas ruas, mas sabíamos que a população não tinha se dizimado por conta das terríveis vuvuzelas e das comemorações extasiadas da goleada. Aí, algumas latinhas depois, 3 gols depois, muitas risadas depois, findava o primeiro jogo do Brasil da Copa de 2010.
Segundo estatísticas, pirâmides matemáticas e teorias da conspiração, nossos jogadores não erguerão a taça este ano, mas sem perder a esperanças, continuamos a torcer e a vibrar como nenhuma outra nação. Uma amiga em Portugal se desesperou ao ver que nenhum português fora dispensado do trabalho para acompanhar ao jogo de Cristiano Ronaldo. Brasil é Brasil, onde tudo vira festa e onde Copa do Mundo toma dimensões muito maiores do que Carnaval. Tampamos os olhos para nossos problemas e para os problemas do mundo nestes quase dois meses quando até o Jornal Nacional só anuncia as peripécias do esporte. Mas deixa a gente fingir que é patriota. Deixa a gente brincar de ser feliz, já que até as Olimpíadas as desgraças predominarão nas notícias da televisão...
Pra frente, Brasil! Salve a seleção!