sexta-feira, 29 de junho de 2012

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Será?

O único teste da semana eu papei: gravação de um vídeo para a agência Donna Models, que viaja o Brasil todo em busca de novos talentos no mundo fashion e comercial. Como estava marcada para às 18h de hoje, quinta-feira,  levei meu dia em prol da preservação de uma saúde que balança (mas não cai!) neste começo de inverno. Táxi, maquilagem, cabelo, gravação, pausa para a pizza, gravação e mais um pedaço da de calabresa. Equipe especial, com direito a boas risadas e prováveis trabalhos futuros. Então, quando já passava das 23h, feliz como de costume após todo trabalho onde tudo corre bem, peguei um táxi aleatório na Avenida Pacaembú. E esta não seria uma simples viagem. Calma, calma, pessoal, não aconteceu nada de fato! Mas vamos aos fatos... Conversa vai, conversa vem, atriz, Colgate, Walmart, atores gays, teste do sofá, novela, faculdade, felicidade, contas, cachês... O simpático e vivido taxista, quando nos aproximávamos da minha rua, me desejou toda a sorte, prometeu me colocar em suas orações, porque sou isso, sou aquilo, mereço todo o sucesso do mundo... Uma lágrima quase escorreu. Até que o papo ficou brabo. Ao perguntar minha idade e escutar sobre por qual porta eu pretendo entrar "lá", você sabe muito bem onde, ele se mostrou preocupado e disse: "Sua flor desabrochou. Mas ela daqui a pouco começa a murchar. E o tempo não volta.". Levei um sermão de uns bons quinze minutos que secaram minhas lágrimas de satisfação e as infectaram com preocupação. Mas nenhuma delas caiu. Ouvi o que tantas vezes já me perguntei, o que tantas vezes critiquei, o que tantas vezes temi. Resumo da ópera do malandro: se alguém está "lá", é porque alguém  o pôs "lá". E eu preciso desse alguém. E as maneiras de conseguir esse alguém, ah, você sabe, são muitas... Até prestar concurso público, virar diplomata, fazer "contratos" com quem manda nessa bagaça e ir parar onde eu quero parar foi dica nessa noite. Ouvi que o caminho que eu escolhi é o mais difícil, se não, impossível. E que preciso de ajuda, já que ninguém chegou lá - ou se mantém lá - sozinho. Consultoria foi a palavra, "maria chuteira" a expressão. Quando eu já começava a me irritar, não com ele, mas com... sei lá... comigo, com a vida, com a profissão, com o meio, ele soltou uma metáfora para ser lembrada, era mais ou menos assim: "Vamos supor que você seja virgem. Você casa com o Zé. Você dá um filho pro Zé. Esse foi o preço do contrato do matrimônio. E se você tiver as costas quentes, existe o mesmo contrato, mas com outro preço. Você dá, mas recebe o que tanto almeja e merece. Não é assim? Ou você acha que a Apresentadora X está lá por que é inteligente e talentosa?". É, é assim. Mas não tem que ser assim. Ou tem? Desta maneira, com litros de laquê nos meus negros fios de cabelo e interrogações que não acabam mais na minha cabeça, me despeço me perguntando se temos que ser ladrão na ocasião ou se os princípios devem reger nosso mandato. Porque de uma coisa eu sei: o mundo é dos espertos. Mas de outras coisas não faço a menor ideia, como: será que não estou sendo esperta o bastante? caráter é ingenuidade? meu caminho é mesmo impossível? Sensualizar é mesmo o verbo da hora... Será?!