sexta-feira, 8 de julho de 2016

A única certeza da vida

Falar sobre a morte é quase um tabu. Mas não deveria, afinal, eis a única certeza da vida. Cresci sendo obrigada a encará-la. Tentando entendê-la. Tentando dali tirar alguma lição, alguma noção, alguma inspiração para viver. Algumas vidas acabam naturalmente, outras são assassinadas, algumas amputadas, outras tantas desperdiçadas... Costumam dizer que a vida é uma dádiva mas nem todos tem o prazer neste presente. Por motivos que não sabe a nossa vã filosofia... O mundo é - ou está? - asfixiante e nos exige uma força descomunal para suportá-lo. Os fortes tentam transformá-lo. Os mais sábios, aceitá-lo. Almas lindas, leves e soltas se vêm enjauladas num dia-a-dia bruto. Buscamos o colorido, o sonoro, o pacífico, o justo, mas o mundo responde de volta com palavrões e chibatadas. E essa violência nem todos aguentam, por motivos internos, externos, transcendentes. Almas apaixonadas se machucam frente tamanha superficialidade e quando os versos não são mais suficientes, a poesia é deixada para trás e marcada de sangue. Não cabe a nós julgar. Mas cabe a nós viver. E tentar. E tentar novamente. Ninguém disse que seria fácil. Mas temos esta etapa a cumprir. Sabe-se lá o que nos espera no fim e se o fim é realmente um recomeço. Mas desejo aos que continuam força. Sobriedade. E um pouco de magia, pois almas amolecidas tendem a endurecer com o tempo mas não podem deixar jamais de sonhar. Vida louca, vida breve.