segunda-feira, 15 de março de 2010

Como é difícil...

Às 7h já estava de pé para o espanto de minha roommate.
Às 9h já estava na primeira seleção do dia para uma feira do setor alimentício. Às 10 e meia, nada ainda. Após uma rápida e atrasada entrevista, após mandar mal no inglês que poderia ter tirado de letra e após não dizer nada em espanhol, segui para uma nova agência de eventos atrás do metrô Vila Madalena. Prenchi mais um cadastro - para a minha lista que completa uns... 3000 cadastros já preenchidos -, ouvi novas promessas de convites, peguei o metrô e voltei para meu almoço.
Às 14h já estava na rua novamente, de volta à primeira estação de metrô do dia, para uma segunda e terceira seleções. Por coincidência, a primeira se tratava do mesmo cliente. Rolou um certo constrangimento do tipo: "Acho que já vi vocês hoje..." e "Tem algo para falar que ainda não tenha sido dito?" e eu, besta, nem aproveitei para mostrar meu espanhol enferrujado. Na terceira seleção, eu não passei. Isso é corriqueiro, a exceção é dar certo! Mas foi doído! Aquilo parecia fila de casting para estampar a marca de pipoca que me rejeitou... meninas altíssimas... maquiádérrimas... preocupadíssimas em saber apenas "se virar" no inglês... Ouvi uma dando dicas para uma novata e senti um certo ar de arrogância nos "segredos" para passar em uma boa seleção. Esta professora também não foi escolhida. Com o rabinho entre as pernas e tentando mostrar um certo ar de superioridade, saí da agência, me perguntando onde errei. Errei na escolha da roupa? Hoje quis ser mais descolada com uma regatinha branca e jeans... Mas o buraco é mais embaixo. Nesta terceira seleção só precisei abrir minha boca para falar meu nome e sobrenome, minha altura e o fato de ser trilíngue. Sorri. Mas a marca de pipoca não me achou interessante. E tudo bem, foi um deslize na auto-estima, um problema de orgulho ferido, porque no mundo da imagem, não adianta você ter feito intercâmbio... não adianta ter um curso superior numa faculdade pública... não adianta que jogue vôlei a vida toda... que tenha um "apelido" de disciplina para amigos de palco... pouco importa que uma autobiografia foi escrita aos 15 anos... que se tenha a turma de amigas mais linda do mundo... e que se obtenha nota máxima no TCC sobre A Americanização do Brasil Durante a Segunda Guerra Mundial através de Hollywood. E ainda tem gente que fala "Mas emagrecer pra quê?! Você tá ótima!"...
Assim, voltei ao entardecer para casa e nem ao parque o sol que se retirava me permitiu ir.
Durante meu almoço recebi a notícia de que aquele evento do final de maio não vai rolar... e recebi a notícia de um evento em S. Bernardo do Campo dia 22 que vai rolar.
E agora, neste fim de noite, me chicoteio pelas minhas atitudes, pela minha solidão, pelas minhas manias e pensamentos que não combinam com muita gente e bate o desespero de ter de achar um novo lar - se é que tive algum desde que cheguei a São Paulo... Ser diferente nem sempre é legal... Acho que muitas vezes me acho grande coisa, enquanto na realidade todo mundo é merda nenhuma. Não tenho quem me passe a mão na minha cabeça, ninguém para resolver meus problemas, e não tem neste momento palavra amiga que me conforte senão o tempo.
Quinta-feira brincarei de prostituta em um curta do mesmo pessoal de Meio-Fio. Mas como sou menina para casar e meu armário teatral é extremamente parco, precisaremos ir a um brechó compor meu visual sexy-urbano-noturno.
Amanhã sigo para Freguesia do Ó às 7:30h para mais uma nova seleção. Seleções naturais banhadas de artificialidade... é isso mesmo que eu quero?!
Como é difícil brincar de ser gente grande...