sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Ah, Ele continua lindo...

Chuva em São Paulo... enchente... friozinho... dor generalizada no corpo... aula até meia-noite. É, oficialmente, meu Carnaval acabou.
Preciso te dizer que o Rio continua lindo. Ou melhor, está mais lindo do que nunca!
Engraçado que até então eu não me sentia tão brasileira, já que não tinha grandes lembranças de um bom carnaval desde meus 15 anos, época de carnavais de salão da Recreativa de Ribeirão Preto... Me lembro que gradativamente, as noites de festa ficavam piores, até que chegou o fim da diversão. Desde então, nunca mais procurei fazer nada de especial. Mas esse ano, ah, foi especialíssimo!
Cheguei na cidade maravilhosa sem expectativas, sem grandes planos, apenas com o intuito de aproveitar. Mas aí, mais do que rapidamente, já fui englobada na melhor turma que se poderia ter em um feriado no Rio de Janeiro. Confesso que nossos dias não foram dos mais organizados, com direito até a D.R. de grupo. O apartamento de dois quartos e um banheiro no Leblon serviu de lar para 5,6,7,8,9 pessoas... que nem coração de mãe!
Ficamos em uma busca eterna pelos blocos, mas incrivelmente, não chegamos a tempo a nenhum. Nossa bebida oficial era o "suquinho", com direito até de invenção coqueteleira: shot de xarope de guaraná com vodka e uma pitada de água. Perfeito!
Para completar, tivemos a companhia de um gringo foférrimo, o britânico Adrian. Logo que o conheci, não me contive e cantei aquela velha música do The Calling: "Oh Adrianne... I thought I knew you... Once again, you used me, used me..." Pra quê! Foi a melô do Carnaval. E uma ótima oportunidade para praticar o inglês enferrujadíssimo durante fartos 5 dias.
Tirei foto com o Guga, conheci uma das filhas de Baby do Brasil (que pediu meu e-mail... mas fato que jamais mandará nenhum...), vi o Rei de sua sacada acenando para toda a multidão do Bloco do Roberto Carlos. Fui zoada pelo "r" de interior, comi pouco, ganhei um roxão na minha perna não sei como, perdi 3 brincos: 2 piercings no mar e meu brinco de folha preferido na areia. Comprei um outro brinco de folha por 4 reais, sendo que provavelmente pagaria 25 em São Paulo ou em Ribeirão Preto. Encontrei um amigo do meu curso de teatro na Lapa, nadei de roupa no mar gelado à noite, 3 vezes, e já risquei esse ponto da minha "to do list". Fui ao Arpoador duas vezes, consegui tirar fotos na segunda vez. Vi a fascinação nos olhos do britânico encantado pela nossa música, achando que aqui é o paraíso todo dia. Tentei convencê-lo de que aqui não é o paraíso. Fiquei presa no elevador com mais 4 pessoas num quase ataque de claustrofobia. Corri no calçadão, comi na Pizzaria Guanabara às 8 da manhã. Uma noite achei que o gringo tivesse morrido na nossa sala, já que ele dormia de olhos abertos, e tive um segundo de milhões de pensamentos do tipo "como retirar o corpo de um gringo que bebeu demais no carnaval carioca do nosso apartamento?". Ri como há muito não ria, tirei inúmeras e homéricas fotos. Briguei com 3 californianos idiotas que me perguntaram no último dia de festa quanto é que eles deveriam pagar para ter uma brasileira. Mandei que eles fossem procurar prostitutas douradas de sol na própria Califórnia. Cantei I Got you Babe na rua, música que até então eu achava que só eu aqui conhecia. Vi os eternos meninos dentro de homens, vi meninos buscando se tornarem homens. Tive friozinhos na barriga... conheci pessoas lindíssimas (nos dois sentidos), amo ainda mais minha amiga responsável pela viagem... Voltei da cor do pecado, com uma pilha de roupas sujas de areia, com mais saudade de casa, com raivinha da selva de pedra que não oferece o brilho da Cidade Maravilhosa. Trouxe para casa algumas reflexões sobre a relação estrangeiro X Brasil, que mais tarde compartilho com vocês. Voltei apaixonada pelo Rio de Janeiro e empolgada para o próximo Carnaval. E acordei um pouco mais triste, pois foi a concretização do fim da folia.
No final de tudo, voltei um pouco mais brasileira, com o coração aberto, percebendo mais uma vez que a alegria não precisa de muito, ela pode ser mais simples do que a gente imagina... Fora alguns arrependimentos de coisas que poderia ter feito a mais. Já retornei com saudades de tudo e todos de lá.
Agora é que o ano realmente começa. Brasil, mãos à obra!
Definitivamente, eu agora amo o Carnaval. Droga. Às vezes sinto que não queria ser tão nostálgica assim...