segunda-feira, 23 de maio de 2011
Dedos cruzados nem sempre funcionam
Perder é difícil. Seja um amigo, seja um trabalho, um ente querido, perder o foco, as esperanças, perder dinheiro, perder peso, cabelo, uma oportunidade, perder um amor, enfim. A gente passa a vida tentando aprender a lidar com esse verbo, já sabendo que seus substantivos são inevitáveis. Mas existe uma perda complicada, que é perder o que nunca se teve. E isso é sim possível. Por mais que tentemos não nos iludir, por mais que seguremos nossos pés no chão, os pensamentos voam e voam longe. Se conformar é doloroso e provavelmente terá o inflacionado preço de lágrimas escorridas e do ego martelado. Às vezes a ideia se concretiza como possibilidade, uma possibilidade quase palpável que faz com que contemos com os ovos dentro das galinhas. Não conte com os ovos dentro das galinhas. Passei a semana ansiando uma resposta de um trabalho que já tinha sido classificado como "o trabalho da minha vida". Na sexta-feira de manhã, ao saber que estava editada, meu coração se acelerou como no dia em que esperava a liberação da lista de aprovados da UNESP, quando uma corrente de medo subiu dos pés à cabeça, era um medo de ver meu nome lá e medo de não ver. Foi difícil segurar os ânimos na véspera do final de semana... Seis horas da tarde e nada. Abandonei o celular em casa e fui buscar forças para correr no parque quando os pensamentos negativos já dominavam minha auto-estima. Ao chegar às oito da noite, vi a ligação que tanto esperava perdida e ouvi o recado de voz. Sim, eu perdia o trabalho que nunca foi meu. Escorreu-se pelas mãos uma oportunidade que se encaixava perfeitamente nos meus desejos, necessidades e planos, mas pelo menos eu já sabia, desde quando me informaram do teste, que eu ficaria muito chateada caso não conseguisse. Eu estava prevenida. É que tinha tudo para ser meu... Mas não foi. Não chorei na sexta-feira. Respirei fundo. Pensei que as estrelas não me ouviram e acabei me conformando de que "não era para ser" e de que "melhores virão". Não tive ânimo para sair de casa. Dormi cedo. Sábado pela manhã aproveitei o solzinho para colocar os pés de fora e ir fazer minhas unhas. Ao chegar no salão, tive a notícia de que minha manicure, tão amada, idolatrada, salve, salve, abandonou o salão. Eu fiquei tão mas tão nervosa... Não conseguia pensar em outra coisa. Voltei para casa. Chorei igual criança. Não só pela manicure que tive durante poucos meses mas por aquele trabalho que nunca tive. É... Faz parte. Outros virão. Iguais jamais. Melhores, quem sabe?! Não estamos no controle de tudo, a verdade é que devemos controlar uma coisa só: nós mesmos. Os outros e as outras coisas, isso é tarefa do destino. Dedos cruzados nem sempre funcionam, frio na barriga nem sempre é prelúdio de coisa boa, príncipe encantado não existe assim como os contos de fadas. São tarefas que a vida, de um jeito ou de outro, dá seu jeito de explicar. E boa aluna que sou, vou tentando humildemente aprender essa lição. Escola puxada esta, viu! A propaganda do SENAI já está no ar e recebi fervorosos telefonemas durante o intervalo do Fantástico. Eu ainda não vi. E vamos que vamos que o show não pode parar! Boa semana!
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