sábado, 23 de abril de 2011

Conto de Fadas

Levante o dedo quem, dentre as meninas na faixa de seus vinte e poucos anos, nunca tenha sonhado se quer uma vez na vida em se casar com o Príncipe William... E hoje não se fala em outra coisa! A cerimônia do dia 29. O vestido de Kate. A tiara de Kate. O mapa astral do casal. A história de amor da plebeia e do herdeiro do trono inglês. William não veio montado em um cavalo branco mas escolheu a morena "girl next door" para ser chamada num futuro breve de rainha. Na realidade não vivemos em meio a reis, duques, cavaleiros nem madrastas. Em nossas crônicas cotidianas, é mais fácil encontrar como personagens princesas e sapos. O pântano está lotado! Escuta-se na noite o coachar de príncipes ainda girinos, que teimam em não deixar o solo inundado. E não resta nada para as pobres princesas senão abandonar às vezes as vestes longas e se embrenhar na lama movediça procurando sangue azul mas acabando muitas vezes encharcadas do sangue mais escarlate... A verdade é que somos fascinados pelos contos centenárias da Cinderela, da feiosa que virou ubermodel, do menino pobre que passava fome e virou fenômeno do futebol... São histórias fantásticas que permeiam nossos sonhos para abrandar a crua realidade. Contos de Fadas existem sim: ou são exceções ou são livros. Provavelmente serei obrigada a engolir a transmissão do espetáculo britânico e tentarão me fazer engolir que ali a felicidade é plena e que a beleza será eterna. Mas vidas e casamentos não seguem roteiros. Podem sim acabar num túnel bem escuro ou se prolongar sem a luz no horizonte. Mas continuaremos procurando pelo "felizes para sempre", mesmo sabendo que a coroa não tão cedo enfeite nossas cabeças. De amor ou de guerra, a verdade é que o homem sempre foi louco por boas histórias. E as melhores nem sempre são as faladas nem as escritas, às vezes são aquelas guardadas ou simplesmente vividas. A vida é feita dos tecidos de que são feitos os sonhos. E agradeço que hoje eu possa ao menos sonhar... Não com uma dinastia que não me pertença mas com um pântano prestes a secar e que um dia dará origem a mamíferos, pois de anfíbios eu acho que já estamos fartas. Estou certa, meninas?