Terça-feira evitei escrever.
Só para pintar o quadro: existem três explicações para que, nos dias atuais, eu durma à tarde: 1-Estar doente; 2-Ter quebrado tudo na balada no dia anterior e ter dormido pouco, especialmente por conta do energético; 3- Estar bodiada. E infelizmente, às 17h me joguei no colchão da sala quando estava prontinha para ir correr no parque para fugir da irritação e acalmar os ânimos que já estavam para lá de desanimados. Puxei uma coberta. E tirei o tênis. Vou dar o histórico da coisa - mesmo que seja, no final das contas, só hormônios...
Acordei quase ao meio-dia. Não tinha porque levantar antes. Mas tudo bem, liguei o computador, baixei músicas novas incríveis que seriam mais incríveis ainda no meu ouvido correndo no Ibirapuera... Dancei na frente do espelho pensando "como é bom ser solteira"... Mandei mensagem para minha roomie, já toda serelepe fazendo os planos das nossas festas da semana. Fiz meu almoço. E o dia estava lindo! Foi quando então, recebi o e-mail adiando a gravação de quarta-feira do website para a semana que vem. Meu único compromisso da semana, adiado... Risquei da agenda, ainda mais vazia. Aí, peguei meu celular para incrementar minha playlist quando vejo que não conecta no computador e dá como alerta "sem cartão". Depois de quebrar a cabeça e pedir ajuda achando que o problema fosse do laptop e reiniciá-lo e atualizá-lo e ouvir, pela milésima vez de quem entende de informática, que já está na hora de eu trocar o meu HP, me lembrei que deixei o meu querido Nckia cair no chão enquanto me alongava após a corrida na segunda-feira, quando provavelmente quebrou ou queimou alguma coisa relacionada à memória do celular, que já tinha a tela rachada de alguma pancada de algum dia de algum lugar... Ou seja, três problemas: primeiro é que preciso de um celular novo e dessa vez, sem genéricos, o que implica gastos extras para uma conta corrente que se desasbatece a cada dia e por enquanto não encontra fontes renováveis; segundo é que não teria música e sem música, impossível correr; terceiro é que sim, estão certos quando dizem que está na hora de trocar meu laptop, que nasceu em dezembro de 2007, já passou por reformas e dá sinais de cansaço - nada dura para sempre, muito menos nessa sociedade do "novo novo". E aí o céu desabou de vez... Já comecei a chorar a falta de trabalho, chorei a conta de luz que veio R$166 e até sobre a solteirice eu comecei a repensar. Sorte no jogo ou no amor, certo? E se eu não estou jogando e nem tenho amor, alguma coisa está errada! Foi quando me afoguei no travesseiro. Era melhor esquecer tudo isso. Deixar passar.
Minha roomie chegou e já viu que o quadro não era dos girassóis de Van Gogh. A penumbra estava mais para a fase azul de Picasso. Acabamos o dia fazendo as compras da semana no Extra e já me estressei mais um pouco com o valor da compra, pondo na balança se tenho o direito de comprar as duas mexericas Decompon deliciosas sem caroço pelo preço de R$7,89 o quilo...
Ai como eu queria alguém para pagar minhas contas - ou ajudar, pelo menos... Eu queria alguém - precisava, na verdade - que me fizesse uma massagem bem feita, pois cada ponto das minhas costas e ombro que aperto, dói... Eu queria alguém que fizesse meu almoço agora - ou me levasse para almoçar... Eu queria um agente que me pegasse pela mão e me abrisse portas - ou pelo menos indicasse em quais bater... Na realidade, eu queria uma boa dose de auto-estima e paciência. Acho que bastaria.
Mas, buscando a felicidade mesmo nas pequenas coisas que nos cercam, chegou a minha já idolatrada Brastemp! Pedi ajuda ao porteiro com a instalação, pois fios, tubos e manuais de instrução me assustam. Mas, mulher independente que sou, já estendi a primeira leva de roupas do apartamento 50 e trouxemos um novo verbo para nosso vocabulário, inutilizado até então: estender roupa.
Agora vos escrevo em plena quinta-feira antes do almoço, já que ontem, depois de ter revisado as minhas terça e quarta-feiras, a internet caiu e perdi todo o texto às 3:55h da manhã. Vocês não imaginam minha alegria... E agora pesei e vi que havia escrito amenidades que não iriam mudar suas vidas, então melhor deixar para lá...
Ontem conversei com um amigo que está no Uruguai para a gravação de um comercial. Perguntei se o cachê era incrível e ele me disse que razoável, pois cinco anos atrás ele tiraria um carro zero com esse mesmo job. É, acho que entrei um pouco tarde nesse mundo das artes! Cinco anos atrás estava lá eu, de aliança de compromisso no dedo e frustrada sentada na carteira de madeira de uma universidade pública estudando a composição dos membros do Parlamento da União Européia.
E hoje vou, como todo prazer e direito, me deliciar na festa de aniversário de Rico Mansur. E não, fique tranquilo, nós não somos amigos. E depois eu revelo, se tudo isso não passa de uma onda hormonal ou se as raízes são mesmo tão profundas quanto me parecem agora.
Depois de todo esse desabafo, me diga: o que ensina O Segredo? Os pensamentos positivos antecedem à conjuntura ou a conjuntura colabora na força do pensamento? É que a minha conjuntura anda meio desconjuntada...