quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
2011
Faltam três dias para o ano acabar. Eu deveria estar exalando inspiração, declamando minha retrospectiva de 2011 e fazendo planos para 2012. Mas por algum motivo, isso não acontece... A chuva trouxe uma noite amena e o fogo ribeirãopretano pareceu apagar. O que também não me ajuda a escrever o último post do ano... Eu não esperava nem mais nem menos de 2011. O que eu esperava era simplesmente, diferente. A verdade é que expectativa é uma grande roubada e do destino não sabemos o que querer nem esperar. Assim, agradeço o ano que passou e aguardo ansiosamente o que o tempo trará. Coisas boas virão, notícias ruins também chegarão, decepções baterão à porta, sorrisos florescerão. Afinal, vida é isso e vestir uma calcinha amarela no reveillon não significa grande coisa, mas pensar em todas as cores da aquarela ao longo dos 366 dias que virão, ah, isso sim faz toda a diferença. A vida é cheia de surpresas! Sendo assim, adeus, meu bom 2011 e surpreenda-me, 2012. As boas lembranças para sempre existirão! E a esperança para as próximas jamais morrerão! Um novo capítulo se inicia e agradeço o apoio de vocês, meus poucos leitores. Não tenham dúvidas de que tudo vale muito a pena quando a alma não é pequena, já disseram por aí... Um feliz Ano Novo! A gente se vê por aqui!
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
Ho Ho Ho...
Acabei de dizer tchau para o Papai Noel! Neste momento puxei a poltrona e me sentei de frente à sacada, de onde vem um vento um pouco mais fresco nesta Califórnia brasileira que parece pegar fogo. E o seu Natal? O meu foi mais triste. A mesa estava menor. Senti saudades daqueles que se foram, deles e dos tempos que também não mais voltarão. Pensei sobre o futuro e temi uma mesa cada vez mais farta mas mais vazia e um coração cada vez mais calejado. Lágrimas que talvez ao longo do tempo secarão... Mas percebi que isso é vida e que continuamos aqui, família, amigos, vontade e esperança, sempre ansiando a próxima festa e fazendo os mais sinceros votos de felicidade para o ano novo que se aproxima. A data não me inspirou para uma crônica, só para desejar o impossível, comer exagerado, abraçar bem abraçado, agradecer o realizado e sonhar o inesperado. Já valeu a pena. Feliz Natal! Ho ho ho...
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
O ano não acabou!
Três da manhã de 23 de dezembro! Mas ainda não deu tempo de fazer a retrospectiva do ano que acaba. Tem muita coisa acontecendo nesses últimos dias de 2011, outras que ainda podem acontecer e algumas que torcemos fervorosamente mas sabemos no fundo, no fundo, que não vão acontecer... O cansaço roubou minha inspiração mas a semana foi fértil. Já prevendo a comilança das festas, terça-feira refiz minhas fotos com Moisés Pazianotto, já a fim de entrar 2012 com material novo e os objetivos mais altos que o céu. Perdi um teste. Quarta-feira gravei para Ponto Frio, doze horas de gravação em Jundiaí, mas muita risada, velhos amigos e a garantia do aluguel de janeiro. Perdi outro teste - recheadíssimo, diga-se de passagem. E hoje, fui aprovada para a gravação de um vídeo institucional para a TV Beauty, me rendendo um cachê à vista, bons elogios e novos contatos. E ainda tive tempo de nem precisar correr para um teste aqui nas redondezas. Além deste, espero resposta de outros dois possíveis jobs, ainda para antes do último dia deste ano que foi... surpreendente. Decidi que a calcinha do Reveillon será única e exclusivamente amarela. E amanhã declaro folga! Não ainda férias... A mala já está ao lado da porta e a estrada nos espera! Já sinto o calor de Ribeirão e o calor daqueles dos quais tanto sinto saudades. Teremos bons dias para matá-la, enquanto acabam-se os mais radiantes dias que São Paulo já viu... Tenha um lindo Natal!
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
Contos de Fadas
Contos de Fadas existem ou não existem? Existem nos livros como os conhecemos, com os velhos cinco fatores do roteiro: o príncipe galopando no cavalo branco, o final triste da bruxa má, a reviravolta e a linda mocinha, o "viveram felizes para sempre"... Mas contos de fadas podem existir sim! Com suas adaptações à realidade, claro... Afinal, pra quem tem pensamento forte, o impossível é só questão de opinião! Vou explicar... 1- O príncipe, acreditem, não é perfeito! Não é o sinônino de coragem e destreza, embora possa sempre surpreender no final do capítulo. E nem tem um cavalo branco, pois ele pode ser um cara completamente urbano que dirige um carro sport ou simplesmente anda de busão. 2- A bruxa má... Bom... Nem sempre tem só o final infeliz. Às vezes a coitada esteve a vida toda à beira da frustração e por caraminholas na cabeça, fez o que fez e faz o que faz. Ou então, considerando-se que a maldade e a loucura são inerentes ao homem, talvez ela tenha vivido feliz e morra feliz. Tem gente que se engana. Tem gente que acredita no que convém. Ou que simplesmente não tem a menor noção da palavra "escrúpulo". Tem de tudo nessa vida, pode acreditar... 3- A mocinha. Ai, a mocinha! Não é porque carrega o sufixo "inha" que seja uma alma sofredora e fale mansinho. Pode ter voz grave, sim! E nem sempre é linda, não. Pode ser uma mulher tão mas tão feia que de tão forte e batalhadora, se torne mais bonita do que a imagem no espelho da rainha. 4- A reviravolta! Por essa todos esperamos! Às vezes ela é de 180 graus. Às vezes gira, gira e pára no mesmo lugar. Mas ela acontece. Afinal, a vida não é estática... Pelo menos pela lei da gravidade todos somos regidos. E uma hora tudo vai cair, isso se não girar... 5- Já o "viveram felizes para sempre" é aquela história... Que seja eterno enquanto dure, sabe? Nessa vida só temos certeza da morte e o sempre não existe, desculpa. É só uma palavra bonita que completa os versos da poesia "Amor". Falando nele, ele existe, na ficção e na realidade. Só que é mais complicado do que contam os autores dos livros. Bem mais complicado! Mas enquanto não encontramos nossa fada madrinha nem os anões na floresta, continuamos a escrever nossa vida em prosa. Quem sabe um dia, algum autor romântico não nos transforma em estrofes com as mais belas rimas? Basta não parar de sonhar... Porque se os sonhos param, a vida desmancha como uma casa feita de doces no calor de dezembro... E que calor de dezembro! Boa noite...
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
Que semana!
O céu da capital está cheio de nuvens neste momento e as gotas de chuva começam a cair. O calor tem sido grande e as emoções também. Acho que o verão chegou! Terça-feira acordei em meados das cinco da manhã para estar na produtora às sete. Sabia que um longo dia viria pela frente, com seis vídeos dos cursos de pós-graduação do SENAC e muito texto a serem gravados... Às seis e meia da tarde recebia palmas pelo job concluído, o abraço da carinhosa produção e os mais gratos "parabéns". Me perguntaram se fiz jornalismo e lá vou eu contar a minha história... Fizemos um bom trabalho! E posso dizer sem nenhuma dúvida que sim, além de atriz eu também sou apresentadora. Voltei para casa exausta mas feliz, pensando no que foi e no que pode vir, já programando o despertador para o mesmo horário no dia seguinte. Não deu tempo para descansar... Sete da manhã de quarta-feira estava eu em outra produtora para a gravação do comercial da escola de inglês UNS. Um belo café da manhã e uma bela chuva matutina depois, bora pra maquilagem e figurino. A maquiladora era uma fofa, já velha companheira de trabalho e pedi que caprichasse nas olheiras. E meu salto era "do peru"! Alguns bons centímetros dos quais ainda sinto resquícios mais de 24h depois... O estúdio! Graças ao Senhor, tínhamos o melhor ar condicionado! E que cenário! Fiquei boquiaberta e animadíssima com o que seguiria. Ao meio-dia, chegou a nossa "estrela", sobre a qual manterei segredo mas que já em janeiro, vocês vão conferir. Depois das gravações do comercial, vieram o institucional e as fotos. Somamos mais de 14h de gravação! O pé chorava de dor mas ela valeu a pena! Muita comida, muitas risadas, muito aprendizado e muito a aprender... Uma trupe enorme e como uma orquestra, cada um cumpre sua função, seja a luz, seja o boom, seja o Codec, seja o fio de cabelo do apresentador, seja o buffet com as portentosas frutas, seja o colar da atriz, seja a entonação do texto, seja a direção de tudo isso, e seja o que Deus quiser! Façamos sempre a mais bela música! Começo a contar os dias para ver estas obras concluídas... Como eu adoro tudo isso! Para hoje planejei o mais absoluto descanso... Coisa que não aconteceu. Um teste na parte da tarde e uma corrida noturna depois, aqui vos falo, ainda o pó da rabiola e já me roçando nos meus lençóis que querem me engolir... Que semana! Tenho tido meses incríveis e a certeza cada vez mais clara de que 2012 será melhor ainda e de que um dia, a estrela serei eu! Boa noite!
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
"...Mexe, mexe, mexe com as mãos... pequeninas!"
1997. Meu irmão e eu brigávamos para ver quem dominaria os botões do controle remoto da televisão. Eu queria ver Chiquititas e ele qualquer outra coisa, menos Chiquititas. Puxa daqui, puxa dali, xinga disso, grita aquilo até que a derradeira "Mãe!" entra na história e resolve o conflito. Se uma terça ou quinta-feiras de 1997, minha amiga de infância e eu seguíamos ao clube depois do nosso treino de vôlei, e no vídeo-cassete, meu ou dela, ficava a fita gravando a nossa querida-amada-idolatrada novela. Nenhum capítulo era perdido. Nenhuma coreografia passava desapercebida. Os cd's não saiam do rádio e os posteres dominavam nossas paredes e portas de armário. Guardo até hoje a cartinha que a "Mariah" me respondeu, quando passávamos tardes e tardes escrevendo para o endereço das revistas que faziam fortuna com o sucesso daquela menininada. "Quero ser uma chiquitita!", eu implorava nas páginas do meu diário lá nos confins do interior do estado de São Paulo... Algumas temporadas depois, quando eu já era adolescente e aquilo tudo já perdia a graça, levei minha priminha que ainda era "inha" ao show das Chiquititas. Mas já me achava um pouco velha para tudo aquilo e não engolia as novas personagens. Quantas saudades de Mili, Vivi e Mosca, Cris, Pata, Tia Flávia... E foi neste meio tempo que descobri, definitivamente, que eu queria ser atriz. No século seguinte, ano de 2011. Estou eu, já caminhando para meu terceiro ano na capital. O mundo deu voltas, cambalhotas, twists carpados, pareceu parar, tremeu, pegou fogo, inundou, congelou, um degelo e aqui estamos. E eis que se senta, hoje, à minha frente num teste, uma ex-chiquitita. A gente concorria pelo menos papel. Não hesitei e já mandei uma mensagem avisando minha amiga de infância. Doces lembranças vieram à tona numa tarde de espera no banco de uma grande produtora... Pensei em me dirigir a ela e declarar meu amor pelo seu antigo trabalho. Aí achei melhor não. Até que ela puxou papo, trocamos algumas informações e pensei: "Por que não?". E coincidentemente, ela era a minha personagem preferida... Falei. E não escondi nenhum dos detalhes acima descritos e vi um sorriso de alegria, satisfação e saudades de um tempo que se foi em seus olhos. Me contou de seu casamento no ano que vem e também que uma outra colega da novela será sua madrinha. Uma simpatia! Foi um sonho tardio que se realizou quatorze anos depois. Quatorze anos depois... Um encontro que me fez sorrir e pensar naquele velho e piegas ditado, mas que não falha: "Antes tarde do que nunca.". Eu não fui uma chiquitita. Mas hoje sei que posso ser tanta coisa... E ganhei uma nova amiga no Facebook! Boa terça-feira!
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Dona Fernanda Montenegro
Hoje à tarde o mundo despencou sobre São Paulo. Como mais do que esperado, o trânsito parou. O paulistano se assusta já ao ver uma nuvem cinza no céu e parece que já pisa no freio. Um pisa e o outro é obrigado a pisar. E assim e não só por isso, ficam todos estancados nas marginais e nas avenidas, e o relógio corre mas o velocímetro não. Viver em Sâo Paulo é um teste de paciência. Mas ao contrário da paulistanada, eu não estava sentada no banco de um carro. Eu estava no meu sofá esperando alguém que estava dentro de um. E com os ingressos de Viver Sem Tempos Mortos nas mãos há uma calculada semana, temia por perder não só quase cem reais (foi-se o tempo da carteirinha de estudante) mas perder também a oportunidade, mais uma vez, de ter a honra de assistir à Dona Fernanda Montenegro. Tic-tac, tic-tac. Buzinas, faróis, semáforos. Mas, como é impossível fazer parte de um congestionamento sozinha, boa parte daquela fervorosa plateia também temia o mesmo que eu. E todos chegamos a tempo! Quer dizer, todos menos dois pagantes das poltronas ao nosso lado, que -sinto muito por eles - nos proporcionaram um ângulo melhor da Nossa Dama do Teatro. Só dela, de uma cadeira e de um feixe de luz, escorados sobre um belo texto de uma rica vida cercada dos mais abastados personagens. Não precisou de mais nada. E ela fez do nada o mais farto espetáculo! Sessenta minutos para refletirmos sobre a vida e a morte, sobre o papel da mulher, para de alguma maneira me identificar com Simone de Bovoir e com o amor e fascinação por Sartre: "Eu sou você"... Refletir sobre a verdade. Felicidade. A liberdade. Uma aula com a melhor professora que a arte poderia me dar. Fernando Leal estava certo. Não há palavras para Dona Fernanda Montenegro. E ah! Passei no teste para comercial de uma escola de inglês! Gravo dia 14 e aviso que vem gente famosa junto... Já é o meu primeiro presente de Natal! Boa sexta-feira! O ano ainda não acabou...
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Texto enviado para concurso da Revista Marie Claire ("Quando eu me libertei...")
Às vezes dizer que temos 25 anos parece pouco... "Tem muito o que aprender ainda...", diriam algumas céticas com alguns anos a mais na carteira de identidade. Mas meus 25 anos são inspiradores e se os próximos forem parecidos com estes, a vida já vai ter valido a pena...
Assim, me apresento: sou Stella Menegucci, com meus parcos e já 25 anos, sou de Ribeirão Preto mas moradora apaixonada de Sâo Paulo e sou atriz. Mas para me apresentar desta maneira, muita água passou por debaixo desta ponte...
Sendo a caçula de um quarteto fantástico e criada por uma mãe-pai no interior do estado, já que perdi meu querido progenitor aos ainda 7 anos, cresci muito independente e habilmente exigente comigo mesma. Era a melhor aluna da sala, "precoce", diziam alguns. Frequentadora da biblioteca da escola, pedia livros de presente de aniversário, com boas notas no boletim, sem dar a mínima preocupação para minha mãe. Desta maneira, com o passar dos anos sempre depositaram em mim a confiança de ser no futuro, uma brilhante profissional, bem-sucedida e certamente com um diploma invejável pendurado na parede. Mas a dúvida da profissão sempre rondou a cabecinha de quem vos fala. Jornalista? Advogada? Dermatologista jamais! Mas no fundo, no fundo... eu sabia o que queria ser. No meu diário de 1997, eu inocentemente clamava: "Quero ser uma chiquitita!", ano em que a novela dominava a minha programação televisiva. Mas aquilo era o mais absoluto sigilo! Loucura? Provavelmente. Querer ser atriz? Aos onze anos de idade? Morando na longínqua cidade de Ribeirão Preto? Enquanto driblávamos as dificuldades, nunca tive a coragem de pedir para que minha mãe "jogasse fora" 500 ou 600 reais naqueles "workshops picaretas" de interpretação para tv... Mas no meu mais profundo eu, sonhava em alguém me pegar pela mão e me colocar dentro de uma novela. Insanidade? Sim, a mais completa insanidade! Mas o Colégio Marista (escola a quem devo grande parte de minhas aspirações teatrais) me proporcionou experimentar a tentação dos palcos e me conferiu a facilidade com a oratória. O famoso "bichinho" me picou a partir do momento em que comecei a escrever o primeiro script de uma peça. Peças, sketchs, seminários, apresentações de dança, poesias... Não teve como! A doença "arte" tornou-se crônica. Mas... Os anos foram passando e a palavra "faculdade" tornava-se cada vez mais próxima. E a ambição de estabilidade financeira também. Fora o convite de um querido professor para a propaganda da minha escola, na época já o Liceu Albert Sabin, continuei a vida no interior. 2003. Chegam às minhas mãos manuais de inscrição das famigeradas provas do vestibular. Nesta altura do campeonato, o sonho estava mais do que enterrado e o diário daquela aspirante a chiquitita mais escondido do que barbeiro em casa de pau-a-pique. Mas sem saber qual "X" ali marcar, recorri à ajuda de uma orientadora vocacional. Dez sessões depois, temos como opção Relações Internacionais, seguida de Jornalismo e como terceira e última opção, Artes Cênicas. Mas, convenhamos, ser atriz? No Brasil? Eu? Stella? Do interior de São Paulo dizendo "porrrrta"? Quem pagaria minhas contas? Imagina, seria pobre para sempre, só podia ser alucinação... Assim, visando um "futuro brilhante", assinalei Relações Internacionais. Inscrita apenas nas três aceitáveis faculdades públicas que ofericiam o glamuroso curso, aos 17 anos ingressei na UNESP de Franca. Não sabia exatamente o que significava Relações Internacionais. Nem o que fazer com aquilo. E se eu queria aquilo. Mas era uma das mais conceituadas universidades do país e a oportunidade era única. Confesso que tive preguiça de estudar mais um ano para passar na tão sonhada USP, na tão almejada e ainda distante cidade de São Paulo. Fiquei com a instantânea opção. Assim, montava república em abril de 2004 naquela cidade de 280 mil habitantes. Foram cinco anos de greves, disputas de chapas estudantis, professores picaretas, muita leitura sobre OEA, União Européia, Direito Internacional, Economia Internacional, Estatística, Kosovo, diplomacia, quanta burocracia... Passei cinco anos aprisionada em um curso que não me satisfazia, numa cidade que muito menos... Eu poderia trabalhar no primeiro, segundo ou terceiro setores, já que as Relações Internacionais eram tão abrangentes e me abririam portas onde quisesse. Mas nenhuma daquelas portas me interessava. Fugia toda sexta-feira para Ribeirão Preto, e chorava copiosamente sem ver a luz no fim do túnel, retornando à cidade que me parecia tão fúnebre apenas para o almoço de segunda-feira. Tentei uma desesperada transferência para Sâo Paulo, mas por erros unespianos, me privaram de fazer a segunda etapa da prova, para a qual havia passado em primeiro lugar. Meu destino era ali, não tinha jeito... Resolvi aceitar o fardo depois de um intercâmbio para o Canadá, quando tomei um gás final rumo à formatura. As Relações Internacionais começavam a fazer sentido. Mas o pessimismo e o sarcasmo tomavam conta da minha personalidade. Eu não me encaixava ali. Nem nas RI nem na cidade pequena... Levava os dias com a barriga. Contava as horas do relógio. O tempo era interminável. Minha hora de brilhar era na apresentação dos tantos seminários. Como eu amava! Cheguei a dar aula em escolas públicas para cumprir minhas horas de estágio e era como estar num palco e receber as palmas no final do espetáculo. Eu sentia pena de mim mesma... Os poucos e rasos estudos de mídia me brilhavam os olhos! E o cinema, a televisão e a música nunca deixaram de me acompanhar... Em 2008, último ano daquela que eu considerava a maior tortura de todas, voltei para Ribeirão Preto e tinha janelas na grade afetada pelo intercâmbio de 2006. Aula apenas duas ou três vezes na semana. Minha turma já havia ido embora de Franca e não tinha porque lá continuar. O único brilho que eu enxergava, meus amigos, não estava mais lá. Com isso, comecei a pensar no que fazer com minhas horas vagas. O "sonho" - qual sonho mesmo? - estava mais do que enclausurado, mas despretenciosamente, um dia, anotei um número de telefone num outdoor da cidade que dizia "Curso de Teatro TPC". Resolvi ligar. Resolvi marcar uma primeira aula experimental. Resolvi aparecer, como quem não queria nada, mas me achando a idiota mais completa. Teatro? "Que coisa mais banal...". Quatro horas depois, andava na rua pensando: "Hum, interessante.". Voltei na segunda aula. Um mês depois, me chamavam para um teste de uma peça do repertório da escola, "E Agora, Mãe?". Peguei o papel de mãe. Dois meses depois, me entregavam o pesado script da italianada de "Porca Miséria" e me perguntaram: "Você segura o papel de Miquelina Buongermino"? E como segurei! Depois seguiram mais duas peças, João e o Pé-de-Feijão e o musical "Verdunga - na Terra do Verde-Cinza". E eu comecei a enxergar a tão esperada luz! Era um mundo novo se abrindo e eu finalmente me encontrando. Em um ano, rodei o interior do estado de São Paulo, subi em palcos nunca antes imaginados, levei minha família uma, duas, três, oito vezes ao teatro, para ver uma nova peça e às vezes a mesma peça. Mostrei a amigas que aquilo não era brincadeira. Fui a lágrimas ao ver quase mil pessoas batendo palmas para um drama familiar ou as quatrocentas pessoas gargalhando na comédia política... Me chamaram para um primeiro teste de vt, fiz minha primeira propaganda profissional, na televisão local e foto na Revista VEJA... Mas no desespero pré-diploma, segui o fluxo com aqueles universitários assustados em enfrentar o mercado de trabalho e também me inscrevi em processos de trainee. Depois de provas on-line, inglês por telefone, dinâmicas hipócritas e entrevistas, resolvi abandonar aquela que poderia ser uma segunda prisão: uma vaga numa multinacional. Após perder o sono por várias noites e depois de uma conversa derradeira com minha mãe, enviei um e-mail à Cargill e à International Paper, agradecendo a oportunidade mas dizendo que tinha outros planos para 2009... Ah! Meu TCC? Não tive como fugir... "A Americanização do Brasil Durante a Segunda Guerra Mundial através de Hollywood". Dez com êxito! Canudo na mão, diploma na gaveta, etapa cumprida! E foi quando finalmente me libertei dos meus próprios medos e preconceitos e bati no peito, defendendo não apenas o que era sonho, mas o que sempre soube que era vocação. E me mudei para Sâo Paulo para ser, definitivamente, atriz! Abri mão de uma estabilidade financeira e psicológica para uma recém-formada e mergulhei de cabeça na fantasia da arte. De lá pra cá, quanta coisa! Cursos de teatro, tv, cinema, partipação em longa, curtas, as tantas ciladas, meu tão cobiçado DRT, o primeiro teste, o primeiro teste com fala, a primeira grande propaganda... O resto é história. Hoje sorrio com a mais pura verdade e se choro, na maioria das vezes, é de alegria. O dia-a-dia é duro, sim. Esta é uma carreira para quem disputa maratona e não uma corrida de cem metros. Mas, me faz feliz, me faz realizada, me faz querer crescer e sonhar. E ver o orgulho no sorriso de minha mãe a cada trabalho conquistado, não tem preço... Já diria Guimarães Rosa que a felicidade não está na saída nem na chegada, ela se dispõe para a gente é no meio da travessia. E esta travessia que mais parece uma montanha-russa me faz gritar de alegria e sentir o frio na barriga do adeus à frustração. Ser feliz é fazer o que a gente gosta, onde a gente quer e com quem a gente ama. E hoje bato no peito e vejo como passado as velhas amarras do medo. O sonho é sim, possível. Basta assumir. E acreditar.
Assim, me apresento: sou Stella Menegucci, com meus parcos e já 25 anos, sou de Ribeirão Preto mas moradora apaixonada de Sâo Paulo e sou atriz. Mas para me apresentar desta maneira, muita água passou por debaixo desta ponte...
Sendo a caçula de um quarteto fantástico e criada por uma mãe-pai no interior do estado, já que perdi meu querido progenitor aos ainda 7 anos, cresci muito independente e habilmente exigente comigo mesma. Era a melhor aluna da sala, "precoce", diziam alguns. Frequentadora da biblioteca da escola, pedia livros de presente de aniversário, com boas notas no boletim, sem dar a mínima preocupação para minha mãe. Desta maneira, com o passar dos anos sempre depositaram em mim a confiança de ser no futuro, uma brilhante profissional, bem-sucedida e certamente com um diploma invejável pendurado na parede. Mas a dúvida da profissão sempre rondou a cabecinha de quem vos fala. Jornalista? Advogada? Dermatologista jamais! Mas no fundo, no fundo... eu sabia o que queria ser. No meu diário de 1997, eu inocentemente clamava: "Quero ser uma chiquitita!", ano em que a novela dominava a minha programação televisiva. Mas aquilo era o mais absoluto sigilo! Loucura? Provavelmente. Querer ser atriz? Aos onze anos de idade? Morando na longínqua cidade de Ribeirão Preto? Enquanto driblávamos as dificuldades, nunca tive a coragem de pedir para que minha mãe "jogasse fora" 500 ou 600 reais naqueles "workshops picaretas" de interpretação para tv... Mas no meu mais profundo eu, sonhava em alguém me pegar pela mão e me colocar dentro de uma novela. Insanidade? Sim, a mais completa insanidade! Mas o Colégio Marista (escola a quem devo grande parte de minhas aspirações teatrais) me proporcionou experimentar a tentação dos palcos e me conferiu a facilidade com a oratória. O famoso "bichinho" me picou a partir do momento em que comecei a escrever o primeiro script de uma peça. Peças, sketchs, seminários, apresentações de dança, poesias... Não teve como! A doença "arte" tornou-se crônica. Mas... Os anos foram passando e a palavra "faculdade" tornava-se cada vez mais próxima. E a ambição de estabilidade financeira também. Fora o convite de um querido professor para a propaganda da minha escola, na época já o Liceu Albert Sabin, continuei a vida no interior. 2003. Chegam às minhas mãos manuais de inscrição das famigeradas provas do vestibular. Nesta altura do campeonato, o sonho estava mais do que enterrado e o diário daquela aspirante a chiquitita mais escondido do que barbeiro em casa de pau-a-pique. Mas sem saber qual "X" ali marcar, recorri à ajuda de uma orientadora vocacional. Dez sessões depois, temos como opção Relações Internacionais, seguida de Jornalismo e como terceira e última opção, Artes Cênicas. Mas, convenhamos, ser atriz? No Brasil? Eu? Stella? Do interior de São Paulo dizendo "porrrrta"? Quem pagaria minhas contas? Imagina, seria pobre para sempre, só podia ser alucinação... Assim, visando um "futuro brilhante", assinalei Relações Internacionais. Inscrita apenas nas três aceitáveis faculdades públicas que ofericiam o glamuroso curso, aos 17 anos ingressei na UNESP de Franca. Não sabia exatamente o que significava Relações Internacionais. Nem o que fazer com aquilo. E se eu queria aquilo. Mas era uma das mais conceituadas universidades do país e a oportunidade era única. Confesso que tive preguiça de estudar mais um ano para passar na tão sonhada USP, na tão almejada e ainda distante cidade de São Paulo. Fiquei com a instantânea opção. Assim, montava república em abril de 2004 naquela cidade de 280 mil habitantes. Foram cinco anos de greves, disputas de chapas estudantis, professores picaretas, muita leitura sobre OEA, União Européia, Direito Internacional, Economia Internacional, Estatística, Kosovo, diplomacia, quanta burocracia... Passei cinco anos aprisionada em um curso que não me satisfazia, numa cidade que muito menos... Eu poderia trabalhar no primeiro, segundo ou terceiro setores, já que as Relações Internacionais eram tão abrangentes e me abririam portas onde quisesse. Mas nenhuma daquelas portas me interessava. Fugia toda sexta-feira para Ribeirão Preto, e chorava copiosamente sem ver a luz no fim do túnel, retornando à cidade que me parecia tão fúnebre apenas para o almoço de segunda-feira. Tentei uma desesperada transferência para Sâo Paulo, mas por erros unespianos, me privaram de fazer a segunda etapa da prova, para a qual havia passado em primeiro lugar. Meu destino era ali, não tinha jeito... Resolvi aceitar o fardo depois de um intercâmbio para o Canadá, quando tomei um gás final rumo à formatura. As Relações Internacionais começavam a fazer sentido. Mas o pessimismo e o sarcasmo tomavam conta da minha personalidade. Eu não me encaixava ali. Nem nas RI nem na cidade pequena... Levava os dias com a barriga. Contava as horas do relógio. O tempo era interminável. Minha hora de brilhar era na apresentação dos tantos seminários. Como eu amava! Cheguei a dar aula em escolas públicas para cumprir minhas horas de estágio e era como estar num palco e receber as palmas no final do espetáculo. Eu sentia pena de mim mesma... Os poucos e rasos estudos de mídia me brilhavam os olhos! E o cinema, a televisão e a música nunca deixaram de me acompanhar... Em 2008, último ano daquela que eu considerava a maior tortura de todas, voltei para Ribeirão Preto e tinha janelas na grade afetada pelo intercâmbio de 2006. Aula apenas duas ou três vezes na semana. Minha turma já havia ido embora de Franca e não tinha porque lá continuar. O único brilho que eu enxergava, meus amigos, não estava mais lá. Com isso, comecei a pensar no que fazer com minhas horas vagas. O "sonho" - qual sonho mesmo? - estava mais do que enclausurado, mas despretenciosamente, um dia, anotei um número de telefone num outdoor da cidade que dizia "Curso de Teatro TPC". Resolvi ligar. Resolvi marcar uma primeira aula experimental. Resolvi aparecer, como quem não queria nada, mas me achando a idiota mais completa. Teatro? "Que coisa mais banal...". Quatro horas depois, andava na rua pensando: "Hum, interessante.". Voltei na segunda aula. Um mês depois, me chamavam para um teste de uma peça do repertório da escola, "E Agora, Mãe?". Peguei o papel de mãe. Dois meses depois, me entregavam o pesado script da italianada de "Porca Miséria" e me perguntaram: "Você segura o papel de Miquelina Buongermino"? E como segurei! Depois seguiram mais duas peças, João e o Pé-de-Feijão e o musical "Verdunga - na Terra do Verde-Cinza". E eu comecei a enxergar a tão esperada luz! Era um mundo novo se abrindo e eu finalmente me encontrando. Em um ano, rodei o interior do estado de São Paulo, subi em palcos nunca antes imaginados, levei minha família uma, duas, três, oito vezes ao teatro, para ver uma nova peça e às vezes a mesma peça. Mostrei a amigas que aquilo não era brincadeira. Fui a lágrimas ao ver quase mil pessoas batendo palmas para um drama familiar ou as quatrocentas pessoas gargalhando na comédia política... Me chamaram para um primeiro teste de vt, fiz minha primeira propaganda profissional, na televisão local e foto na Revista VEJA... Mas no desespero pré-diploma, segui o fluxo com aqueles universitários assustados em enfrentar o mercado de trabalho e também me inscrevi em processos de trainee. Depois de provas on-line, inglês por telefone, dinâmicas hipócritas e entrevistas, resolvi abandonar aquela que poderia ser uma segunda prisão: uma vaga numa multinacional. Após perder o sono por várias noites e depois de uma conversa derradeira com minha mãe, enviei um e-mail à Cargill e à International Paper, agradecendo a oportunidade mas dizendo que tinha outros planos para 2009... Ah! Meu TCC? Não tive como fugir... "A Americanização do Brasil Durante a Segunda Guerra Mundial através de Hollywood". Dez com êxito! Canudo na mão, diploma na gaveta, etapa cumprida! E foi quando finalmente me libertei dos meus próprios medos e preconceitos e bati no peito, defendendo não apenas o que era sonho, mas o que sempre soube que era vocação. E me mudei para Sâo Paulo para ser, definitivamente, atriz! Abri mão de uma estabilidade financeira e psicológica para uma recém-formada e mergulhei de cabeça na fantasia da arte. De lá pra cá, quanta coisa! Cursos de teatro, tv, cinema, partipação em longa, curtas, as tantas ciladas, meu tão cobiçado DRT, o primeiro teste, o primeiro teste com fala, a primeira grande propaganda... O resto é história. Hoje sorrio com a mais pura verdade e se choro, na maioria das vezes, é de alegria. O dia-a-dia é duro, sim. Esta é uma carreira para quem disputa maratona e não uma corrida de cem metros. Mas, me faz feliz, me faz realizada, me faz querer crescer e sonhar. E ver o orgulho no sorriso de minha mãe a cada trabalho conquistado, não tem preço... Já diria Guimarães Rosa que a felicidade não está na saída nem na chegada, ela se dispõe para a gente é no meio da travessia. E esta travessia que mais parece uma montanha-russa me faz gritar de alegria e sentir o frio na barriga do adeus à frustração. Ser feliz é fazer o que a gente gosta, onde a gente quer e com quem a gente ama. E hoje bato no peito e vejo como passado as velhas amarras do medo. O sonho é sim, possível. Basta assumir. E acreditar.
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Dezembro
E começamos o último mês de 2011! Hoje, pela primeira vez dos próximos pelo menos trinta dias, recebi os primeiros desejos de "boas festas". Também reparei na portentosa árvore e nos tantos papais noéis que enfeitam um centro comercial aqui do Itaim... Acendi mais uma noite consecutiva a minha árvore localizada no canto da sala, ao lado da tv... As tantas luzes e laços desta época do ano me trazem boas lembranças, felizes esperanças e medo do que acaba e frio na barriga para o que começa. Eu não queria que 2011 terminasse. Ainda. Eu não peguei a telefonia ou o banco que disse que pegaria... Eu não fui chamada para nenhum teste em emissora... Eu não ganhei dinheiro como acreditei ganhar... Apesar disso, fiz inúmeros trabalhos que jamais planejei, conheci pessoas como jamais pensei, reencontrei quem não pensei tão cedo nem cumprimentar, falei o que achei que para sempre fosse enterrar, ouvi e senti o surreal que pareço ainda não acreditar. Enfim... 2011 ainda não acabou e nem foi exatamente como eu esperava. Mas já valeu muito a pena. Que ano! Bom mês de dezembro!
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