O mundo vive a fase da globali-zação, que provou uma magnífica eficácia para alguns, e seu caráter excludente para muitos, mantendo a riqueza nas mãos de apenas um quarto da população mundial e a pobreza e a miséria nas de três quartos, fazendo do consumo o meio de se emergir e se manter no topo da sociedade. O capitalismo é um sistema econômico, político, social e cultural que evolui através de crises periódicas pela sua própria natureza, as quais são mostradas categoricamente pela história, valendo lembrar que nas palavras de Immanuel Wallerstein, todo ciclo tem seu fim. Então não seria novidade nenhuma apontar para uma crise atual do paradigma vigente. Ou seria?
Comecemos citando algumas dessas crises a partir da segunda metade do século XIX: o desenvolvimento da primeira Revolução Industrial; os processos sócio-políticos como a Revolução da Independência dos EUA; a Revolução Francesa; o movimento ludista na Grã Bretanha; e as lutas independentistas na América Latina. Posteriormente, já no século XX, a lendária Crise de 1929, que colocou em cheque a sobrevivência do próprio sistema capitalista; a bipolarização do mundo na Guerra Fria; o triunfo das Revoluções na China, no Vietnã e na Coréia do Norte; a contracultura na década de 60; os processos de independência da Índia e dos países africanos; a crise do petróleo em 1974 e 79; a queda do Muro de Berlim; os ataques de 11 de setembro.
As crises foram e são muitas. A novidade de agora é a angústia pós-moderna como resposta a essa escolha irracional imposta pelo sistema do ter, e não do ser. Não estamos falando aqui da volatilidade dos mercados, do medo de um novo crash das bolsas de valores de todo o mundo com a crise imobiliária norte-americana, mas sim com o esvaziamento do homem moderno e da hemorragia do valores que o levam a se perguntar: Como? Por quê? Para onde?.
Os intelectuais do pós-modernismo como Zygmunt Bauman, David Harvey, F. Jameson, tratam da falsa promessa da modernidade capitalista ocidental de que tudo poderia ser modificado através da tecnociência, do desenvolvimento, do racionalismo, do domínio da natureza, mas o que era para a apaziguar o mal-estar, acabou por aumentá-lo. O viver para consumir se tornou fruto da perdição da sociedade de consumo, culminando numa chamada sociedade individualista do descarte. Lyotard em seu O Pós-Moderno Explicado Às Crianças afirma que “podemos observar e estabelecer uma espécie de declínio na confiança que os Ocidentais dos últimos séculos punham no princípio do progresso geral da humanidade”, desconfiança essa que gerou essa crise do sujeito dentro do paradigma capitalista.
A evolução se deu no fato de que antes, com o advento da vida frenética das cidades, a motivação do homem era viver para trabalhar, enquanto hoje, trabalha-se para consumir. Observamos diariamente as necessidades criadas, uma urgência desvairada da economia em produzir novas séries de produtos que cada vez mais se pareçam novidades, em ritmo acelerado, o que confere dinamismo para um eterno presente, dando sentido ao que não mais tem sentido: a cultura do consumo e da reificação do homem.
Mas vale lembrar daqueles três quartos referidos no início. Se é o consumo que dá lógica ao capitalismo, quem não pode escolher o que consumir está automaticamente excluído dele. Tornam-se como que o refugo da sociedade, aqueles nos quais ninguém se interessa em olhar. Estão fora da lógica sistêmica, não são de grande utilidade para os mercados, conseqüentemente para seus Estados e para o cenário mundial, análise que vale também para os países periféricos, atrasados e os emergentes.
A discussão nos remonta ao Fausto de Goethe, à “ilíada da vida moderna”, que vende sua alma ao diabo a fim de desfrutar dos mais altos prazeres da vida moderna. Fausto é ao mesmo tempo uma crítica e um desafio, no sentido de criarmos novas formas de lidar com essa modernidade frenética, e imaginarmos um sistema em que o homem não existirá em função do desenvolvimento, mas este sim, em função do homem. O sociólogo italiano Domenico Di Masi opina sobre a crise do paradigma, e a necessidade de encontrar uma alternativa para tal. Quando perguntado em uma entrevista coordenada pelo jornalista e antropólogo Luiz Carlos Pires sobre a possibilidade de se humanizar o capitalismo, ele responde: “O capitalismo é baseado no egoísmo e na competitividade: isto é, sobre premissas brutais, não humanas. Portanto é impossível humanizá-lo.”
Talvez a alienação da qual já havia falado Marx impeça muitos de refletirem sobre essa desigualdade vigente do consumo, o que não apaga a angústia de alguns, e nem deixa de contribuir para a crise do sujeito que move mais uma das crises do capitalismo tardio, este “tempo em que já não existe nenhuma lógica mais profunda” (Jameson).
Comecemos citando algumas dessas crises a partir da segunda metade do século XIX: o desenvolvimento da primeira Revolução Industrial; os processos sócio-políticos como a Revolução da Independência dos EUA; a Revolução Francesa; o movimento ludista na Grã Bretanha; e as lutas independentistas na América Latina. Posteriormente, já no século XX, a lendária Crise de 1929, que colocou em cheque a sobrevivência do próprio sistema capitalista; a bipolarização do mundo na Guerra Fria; o triunfo das Revoluções na China, no Vietnã e na Coréia do Norte; a contracultura na década de 60; os processos de independência da Índia e dos países africanos; a crise do petróleo em 1974 e 79; a queda do Muro de Berlim; os ataques de 11 de setembro.
As crises foram e são muitas. A novidade de agora é a angústia pós-moderna como resposta a essa escolha irracional imposta pelo sistema do ter, e não do ser. Não estamos falando aqui da volatilidade dos mercados, do medo de um novo crash das bolsas de valores de todo o mundo com a crise imobiliária norte-americana, mas sim com o esvaziamento do homem moderno e da hemorragia do valores que o levam a se perguntar: Como? Por quê? Para onde?.
Os intelectuais do pós-modernismo como Zygmunt Bauman, David Harvey, F. Jameson, tratam da falsa promessa da modernidade capitalista ocidental de que tudo poderia ser modificado através da tecnociência, do desenvolvimento, do racionalismo, do domínio da natureza, mas o que era para a apaziguar o mal-estar, acabou por aumentá-lo. O viver para consumir se tornou fruto da perdição da sociedade de consumo, culminando numa chamada sociedade individualista do descarte. Lyotard em seu O Pós-Moderno Explicado Às Crianças afirma que “podemos observar e estabelecer uma espécie de declínio na confiança que os Ocidentais dos últimos séculos punham no princípio do progresso geral da humanidade”, desconfiança essa que gerou essa crise do sujeito dentro do paradigma capitalista.
A evolução se deu no fato de que antes, com o advento da vida frenética das cidades, a motivação do homem era viver para trabalhar, enquanto hoje, trabalha-se para consumir. Observamos diariamente as necessidades criadas, uma urgência desvairada da economia em produzir novas séries de produtos que cada vez mais se pareçam novidades, em ritmo acelerado, o que confere dinamismo para um eterno presente, dando sentido ao que não mais tem sentido: a cultura do consumo e da reificação do homem.
Mas vale lembrar daqueles três quartos referidos no início. Se é o consumo que dá lógica ao capitalismo, quem não pode escolher o que consumir está automaticamente excluído dele. Tornam-se como que o refugo da sociedade, aqueles nos quais ninguém se interessa em olhar. Estão fora da lógica sistêmica, não são de grande utilidade para os mercados, conseqüentemente para seus Estados e para o cenário mundial, análise que vale também para os países periféricos, atrasados e os emergentes.
A discussão nos remonta ao Fausto de Goethe, à “ilíada da vida moderna”, que vende sua alma ao diabo a fim de desfrutar dos mais altos prazeres da vida moderna. Fausto é ao mesmo tempo uma crítica e um desafio, no sentido de criarmos novas formas de lidar com essa modernidade frenética, e imaginarmos um sistema em que o homem não existirá em função do desenvolvimento, mas este sim, em função do homem. O sociólogo italiano Domenico Di Masi opina sobre a crise do paradigma, e a necessidade de encontrar uma alternativa para tal. Quando perguntado em uma entrevista coordenada pelo jornalista e antropólogo Luiz Carlos Pires sobre a possibilidade de se humanizar o capitalismo, ele responde: “O capitalismo é baseado no egoísmo e na competitividade: isto é, sobre premissas brutais, não humanas. Portanto é impossível humanizá-lo.”
Talvez a alienação da qual já havia falado Marx impeça muitos de refletirem sobre essa desigualdade vigente do consumo, o que não apaga a angústia de alguns, e nem deixa de contribuir para a crise do sujeito que move mais uma das crises do capitalismo tardio, este “tempo em que já não existe nenhuma lógica mais profunda” (Jameson).
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