O dia estava morno, tranquilo, fiz meu almoço, terminei de ler o jornal de segunda-feira, resolvi tomar banho mais cedo para evitar a correria de tentar secar o cabelo mais à tarde para ir à aula de tv... e estava enrolada na toalha resolvendo cachês pendentes ao telefone por volta das 14h quando Sofia me grita do banheiro: "Stella, I´m bleeding!" (Stella, eu estou sangrando!). Pronto! Já imaginei que Sofia estava grávida e sofrera um aborto espontâneo... desliguei o telefone, corri até ela e a encontrei debruçada sobre a pia com sangue por toda parte, que escorria sem parar. Pronto! Já descartei a idéia do aborto e achei que estivesse vomitando sangue. Mas então ela esclareceu o acidente. Como não estava se sentindo bem desde quinta-feira passada, com sintomas de gripe e fraqueza, ela sentiu uma forte tontura e bateu a testa no trinco da porta. Eu não sabia o que fazer... pensei em dar a toalha do meu corpo para colocar no corte (mas achei meio anti-higiênico)... aí corri para a cozinha à procura de não sei o quê, abri o armário da área de serviço à procura de... também não sei... e aí peguei minha toalha de rosto que secava no varal e gelo. Pedi que se deitasse e quis dar uma olhada no estrago... e eu já sabia que ela teria que levar alguns pontinhos. Sofia chorou, preocupada com a futura cicatriz que terá na testa. Tentei acalmá-la, mas nessas horas nem sempre achamos as palavras certas, especialmente em inglês. Tentei ligar para um amigo dela que possui carro, mas não estava em casa, nem no escritório e nem atendia celular. Descemos, andamos alguns quarteirões à procura de um táxi e justo quando precisamos, nenhum! E nisso Sofia com a toalha e o gelo pressionando o ferimento... nos dirigimos ao Hospital Paulistano que sabíamos que atendia seu plano de saúde e em menos de 10 minutos já estávamos sendo atendidas neste que foi o mais incrível hospital já visto. In-crí-vel! Para começar que dentro parece uma nave espacial... com uma decoração futurista azul e laranja - que ficamos sabendo mais tarde pelo enfermeiro que fora um cenógrafo da Globo o designer do local. Até Sofia ficou impressionada com o atendimento e as fantásticas instalações. Nem em filmes havia visto algo assim... sabe quando você vê aqueles hospitais no cinema e pensa: "Ai, até parece que existe lugar assim...". E o Hospital Paulistano é ainda melhor! Após 4 pontos, muito sangue, algumas lágrimas, raio-x, exame de sangue e de urina, muitas traduções simultâneas e muito desespero, Sofia estava bem, sem um diagnóstico além de uma gripe. E nos martirizamos por termos esquecido a máquina fotográfica... Dr. Marcos comentou que eu estava muito confortável no hospital quando pedi para assistir à sutura, e esclareci que venho de uma família de médicos, enfermeiras e doenças ocasionais. Hospitais não me assustam. Ao fim e ao cabo, fomos comemorar sua saúde recuperada e dar algumas risadas do ocorrido com um belo açaí com banana, granola e mel. Ela fez questão de me pagar, dizendo que salvei a vida dela. "Amigos estão aqui para isso", eu disse. Sofia não poderá tomar sol na testa por 3 meses (mas isso se resolve com um simples chapéu que usará semana que vem em sua viagem para o Rio de Janeiro com a mãe). Não deve ter sido fácil para ela... ir parar em um hospital, em um outro país, sem família ao lado e ainda existe a preocupação com a estética. "Os problemas que rondavam minha cabeça há alguns dias parecem agora tão pequenos", ela disse. Mas pelo menos ela terá história para contar. Não levou nenhum golpe fulminante na capoeira mas foi vítima de um trinco de porta. É a vida! E poderá contar para Deus e o mundo fora do Brasil que fora bem atendida sim em um hospital impecável na cidade que é o coração do Brasil. E em questão de 3h a temperatura caira bruscamente na terrinha da garoa. Fazia 13 graus quando voltamos para casa, às 18:30h...
E resolvi dessa vez não correr para a aula. Vim tranquila, já sabendo de meu provável atraso. Tomei outro banho... arrumei meu cabelo... fiz minha maquilagem... arrumei minha bolsa... e cheguei às 20h no curso, sendo ainda possível fazer boas 3 cenas até o final da noite, algumas que até renderam alguns elogios dos colegas e um "Menegucci, não está ruim não", seguido de uma piscadinha de Fernando Leal.
Tudo isso me rendeu até uma dor de cabeça... foi muita emoção para uma tarde que prometia nada além do tédio.
Mas agora estamos - Sofia e eu - muito bem, obrigada.
Vou arrumar minhas malas e seguir caminho para a Califórnia, para cuidar de uma futura recém-turbinada no final de semana.
É muito hospital para uma semana só!
E aí moça! Td certo?
ResponderExcluirQue tarde essa hein!! Se tivesse no seu lugar acho que eu é que precisaria de uma ajuda! ahaha.. Ainda bem que terei 6 anos para me acostumar com sangue!! Melhoras para a sua amiga!! E td de bom por aí! eheh....
Bjo!