Hoje conheci os novos selecionados da Estação Felycidade no workshop para bonecos. E tive que levantar a mão ao ouvir a pergunta: "Alguém aqui tem problema de claustrofobia?". Não consigo ficar um minuto dentro de uma cabeça enorme, fechada, abafada e escura de pelúcia. Não dá. Gostaria muito, deve ser divertidíssimo, com boas chances de trabalho, mas não consigo. Tá aí, mais uma coisa que você, caro leitor, provavelmente ainda não sabia: sou meio claustrofóbica. E isso pode dizer muito a meu respeito...
Sábado tenho uma festa onde serei Mulher-Gato. E domingo, após o teste para o curta Valentina, de um pessoal do Anhembi-Morumbi, serei a Elizabeth de Piratas do Caribe. E nisso já descartei alguns convites para baladas... e confesso estar apreensiva em recepcionar crianças em festa infantil. Engraçado, né. Recepciono adultos das mais variadas idades... mas os bichinhos encapetados estão me botando medo.
E nisso continuo na leitura de Modernidade e Ambivalência. "A modernidade é o que é - uma obsessiva marcha adiante - não porque sempre queira mais, mas porque nunca consegue o bastante; não porque se torne mais ambiciosa e aventureira, mas porque suas aventuras são mais amargas e suas ambições frustradas. A marcha deve seguir adiante porque qualquer ponto de chegada não passa de uma estação temporária. Nenhum lugar é privilegiado, nenhum melhor do que o outro, como também a partir de nenhum lugar o horizonte é mais próximo do que de qualquer outro. É por isso que a agitação e a perturbação são vividas como uma marcha em frente (...). Num exame mais detido, a esperança de chegada revela-se uma ânsia de escapar (...). O tempo linear da modernidade estica-se entre o passado que não pode durar e o futuro que não pode ser. Não há lugar para o meio termo."
Como é que eu não entendia tudo isso aos 17 anos? Eu já me achava tão madura ao entrar na faculdade... E é tentando fugir das garras dessa modernidade já grávida de pós-modernidade que devíamos nos fixar nas palavras já sublinhadas aqui no blog de Guimarães Rosa, de que a “Natureza da gente não cabe em nenhuma certeza. O real não está na saída e nem na chegada, ele se dispõe para a gente é no meio da travessia”. E enquanto isso, vamos acreditando ou fingindo acreditar nas premissas de que "o que é nosso está guardado", nas recentes palavras de minha roommate, ou que "no final, dá tudo certo!", que eu muito gosto de repetir.
Faça o teste. Pergunte a qualquer pessoa. Qualquer pessoa. Todos embarcaram nesta mesma angústia pós-moderna. E haja culhões para dela sair...
Temos liberdade de sobra, mas não sabemos o que fazer com ela. Muitas vezes a confundimos com libertinagem ou então optamos por jogar com a segurança das certezas, embora escassas, e guardamos todas as cartas na manga, e por lá permanecem... Temos vontade de gritar e sermos ouvidos, mas o que importa para eles é o nosso cartão de crédito. E assim travamos uma luta contra nós mesmos na falta de um inimigo maior. Aliás, existe inimigo maior?!
Nós temos voz, sim, temos. Existe o Twitter, existe o Facebook, existem os blogs, existe o meu blog. Mas existem ouvidos? Existem ouvidos atentos ao que temos a dizer?
É... Ninguém disse que a vida seria fácil. Ou disse?
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