Às dez da manhã chegamos no set de filmagem: Circo Stankowich. Eu não adentrava em um desde a decepção com o Homem Bala em algum picadeiro na Amin Calil em Ribeirão Preto...
Primeira cena: Aline no começo de seu relacionamento quando leva Gregory para trabalhar como eletricista do circo. Segunda: a cena do parabéns no aniversário de dois anos de Samuel. Neste momento o sol estava a pino e o pequeno Samuel no colo, balança daqui, balança dali, um parabéns, dois "E pro Samuel nada! Tudo!", três apagar a velinha... Suei. E provavelmente dei uma distendida no músculo do braço esquerdo, já que me dói como se tivesse puxado uma carroça o dia inteiro... Não tenho o costume de carregar crianças, vocês sabem bem. Parada para almoço. Terceira cena, fugindo da cronologia dos fatos: Aline escrevendo a carta para o Gugu. Quarta cena - que não deveria ser a mais dramática mas por percalços do ofício, foi: Aline brinca com Samuel dentro de seu trailer quando escuta a gritaria sobre o acidente de seu marido. Saio apavorada do trailer, calço meus chinelos e corro em direção ao local. Acontece que... no meio do caminho... juntou-se o chinelo + a corrida + a tensão da cena + a ressaca pós-almoço + a vontade de fazer acontecer e chegamos ao resultado do maior tropeço da história! Dei com meus dois joelhos e as duas palmas da mão no chão. Levanto. Caos. Sangue. Ficou pele no asfalto... É quando você pensa: "*******!". Estava indo tudo tão bem... Depois de uma preocupação geral, recebi os primeiros socorros no local mas acabei indo parar na emergência do hospital que por sorte se localizava na rua lateral ao circo. Soro fisiológico... curativo... lágrimas... risadas... Eu não queria atrapalhar a gravação! Havia toda uma produção e todo um elenco esperando a protagonista que vos fala. Me senti culpada, senti medo de uma futura cicatriz, dúvida sobre o vestido curto recém-adquirido para o casamento de sábado, e senti raiva de... de ninguém, eu caí sozinha, oras! Voltei ao set. Respira. Maquilagem?! Por sorte, a cena até o um segundo antes da queda valeu e fomos para a cena final, a mais temida: a morte de Gregory nos braços de Aline. Após a gravação de um choque extremamente real, que deixou um vizinho preocupadíssimo, corri e gritei pelo meu marido que ia... e se foi. Ofegante, chorei. Tinha muita coisa acumulada dentro de mim, toda uma atmosfera e a cena foi que foi! No momento esqueci do meu joelho pela metade, da minha mão esquerda que ainda arde... Chamei ajuda, gritei e chorei a morte de quem tanto amava. "Corta!". Ainda com lágrimas escorrendo pela face e o coração acelerado, recebi os mais sinceros parabéns do diretor, que olhando em meus olhos, me disse: "Obrigado, Stella. E vou te dizer uma coisa... em 23 anos de carreira, poucas vezes falei isso para alguém, mas nunca vi tanto profissionalismo...".
Assim, vim embora para o Itaim com curativos no joelho direito e na mão esquerda, ralados na outra mão e nos pés, roxos no joelho esquerdo e muita satisfação de ter feito bem o que eu tanto gosto de fazer. Conquistei credibilidade, mostrei serviço e ganhei poderosos contatos na Rede Record. Não sei se zica ou sorte às avessas mas repito: nada é em vão. Nada!
Soro, gelo, Hirudoid, Merthiolate e Dorflex. Acho que por hoje chega! Me voy!
Esse dia fica para a história... Aliás, pesados dias de novembro, não?!
Acho que precisamos de um pé de pimenta e muito banho de sal grosso... Deve ter muito olho gordo em cima da gente. Eu, hein!
Nenhum comentário:
Postar um comentário