Era 1996. Passava noites confabulando com minha mãe para achar o nome ideal. Contava os dias para a gestação terminar, para aqueles filhotinhos logo nascerem e num piscar de olhos desmamarem para que a nossa casa viesse aquela que chamamos de Laika. Uma criaturinha que cabia na palma da mão e cheirava a leite com pão... O primeiro latido... A primeira troca de dente. A primeira vez que pulou no sofá... As brincadeiras de esconde-esconde quando ela rodava o apartamento com seus gritos escandalosos e só sossegava quando me encontrava, para novamente, lhe jogar a bolinha enquanto eu me escondia atrás de alguma porta ou móvel, sei lá. E ela recebeu tantos apelidos, tantos que nem lembro mais, apenas deste último que carinhosamente combinava com sua cor de pele: Porco. Rosinha como um leitão, brava como um leão, chata como carrapato, meu amor como de irmão. E quantas fotos, quantas poses! Quantas caminhadas! Quantas risadas! Sua companhia religiosa todas as tardes enquanto eu escrevia meu árduo TCC... Até ladrão em casa ela espantou! O Porco foi filha, irmã, sarna, serpentina, fardo, namorado. Não sei na religião de vocês, mas na minha, cachorro vai sim pro céu! E não importa quantos pés de gente ela já mordeu, quantos pés de cadeira roeu, o quanto seus latidos incomodaram, os muitos - mas muitos mesmo! - cocôs e xixis fora do lugar, quando ela comeu todos os chocolates com papel e tudo e passou a noite numa tentativa falha de digeri-los, quantos sapatos estragou, quantas portas com suas unhas raspou ou até que foi ré no tribunal para no condomínio permanecer... Por aqui, ela fez pelo menos uma criança muito, muito, mas muito feliz crescer! A natureza mostra sua imperfeição: pena esses adoráveis seres viveram tão pouco... Mo Mor, Mo Porcão, vai com Deus! Já eternas saudades dos barulhos teus...
quinta-feira, 19 de julho de 2012
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