quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Ladainha...

A gente bate o pé, bate a porta e dá a cara a bater. A gente bate palma, perde o passo, desata o laço, e por um lapso, bate cabeça e vende a alma. A gente bate com força, perde as forças, recupera o fôlego e procura onde está a graça. A gente bate asa e deixa pra trás o ninho que um dia a gente chamou de casa. Aí a gente acha que acha, a gente se acha, e perde de novo pra não perder a graça. Mas aí a gente retorna, toda torta, com a cara batida e a asa cortada. E a gente chora, a gente esperneia e não aceita nenhuma desgraça. Depois o tempo passa, o mundo dá voltas mas o colo da mamãe é pra sempre de graça. E aí a gente bate o pé na mais coordenada dança, e a gente canta, e a gente bate palma e o público levanta. Quando a cortina se fecha, a gente recupera a alma que um dia o diabo comprou. E amanhã tem outro espetáculo e outros passos e outros beijos e algum outro pravável erro crasso. Mas nessa algazarra,  a gente escuta música e interpreta poesia, desamarramos as amarras da vida para então poder operar o já calejado coração no mais firme e verdadeiro e eterno abraço...

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