
Existe uma doutrinação dentro das universidades, e muitas pessoas gostam de carregar consigo uma espécie de crachá, fazendo questão de mostrar e tentar provar, mesmo que paradoxalmente e contraditoriamente, que são de uma ala ou de outra. Uma amiga me disse, quando estávamos no segundo ano de faculdade, uma época de turbilhão de lutas políticas dentro dos muros acadêmicos, embebida de um marxismo plano, utópico e senso-comum: "Eu não sirvo para trabalhar em empresas. Essa história de lucro não é comigo." Pensei: "Ahhh, ela ainda vai moder a língua!". Não deu outra. Foi a primeira a se formar e fazer parte do staff da IBM. Damos risada disso hoje em dia, mesmo ela não sendo fã de seu estilo de vida e de seu trabalho.
Eu nunca me tachei de nada. Aliás, o que fiz muito bem ao longo da minha graduação foi me manter "em cima do muro", o que muitos definiam como apatia ou peleguice. Mas te garanto que do meu ponto estratégico, tive visões privilegiadas de ambos os lados e os observava se degladiando em uma batalha sem vencedores, e por isso tenho aversão à esquerda, à direita ou ao centro.
Aí, gostam também os artistas ou metidos a artistas de se colocarem automaticamente dentro dessas convenções esquerdóides, soando até forçado para quem vê. Para que isso? O simples fato de você fazer arte não o tacha de uma coisa nem outra. Temos sim, cada um, suas crenças e convicções, mas não vamos nos enquadrar nos esteriótipos, não é, galera.
Na realidade, é mais gostoso pensar que na verdade estamos todos misturados, ora lá, ora cá, ora lá e cá, tentando nos encontrar e nos afirmar como cidadãos pensantes, vivendo nas contradições e incertezas desse mar revolto que é esse esquema louco do sistema.
Boa a foto!
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