Meu tabuleiro parece um labirinto, às vezes jogo o dado e ando para frente, às vezes caio no "revés" e retorno algumas casas ou então rodo, rodo e não saio do lugar.
Primeiro que me ligaram hoje pedindo para mandar meu material para o quadro Lendas Urbanas do Gugu. Para começar, eu nem sabia que existia. Perguntei para o cara da agência se é trabalho que valha a pena e lógico, ele disse que sim. Seriam duas diárias e eu a protagonista, com texto e tudo. Desliguei o telefone e olhei no YouTube do que se trata. Ainda não me deram retorno, se fui escolhida ou não, mas eu odeio quando recebo convites e logo em seguida vem aquele frio na barriga como quem anuncia uma cilada. Isso é intuição?! Ou isso é medo de jogar?! Senti esse frio na barriga quando fui parar naquele grupo picareta de teatro, quando recusei recepcionar numa festa com cachê baixo e tive que escutar pessoas rosnando do outro lado da linha, no meio da seleção do projeto do seriado gay Arouche By Night...
Mas pelo que andei bisbilhotando hoje no Orkut dos coleguinhas, aquele projeto está caminhando, sim. E eu deixei passar... por desconfiança. Por "intuição". Temo por, daqui uns meses, ligar a televisão e ver os vários atores e atrizes que conheci nos testes fazendo a festa e colhendo os frutos por terem acreditado naquilo que eu julguei picaretagem. Eu acho que não tenho um sexto sentido. "Siga o seu coração", não é o que dizem?! Mas acho que meu coração se confunde com medo e desconfiança, preguiça e excitação, ambição e orgulho e subestimação.
Agora que me lembrei, senti esse frio na barriga nas três tentativas de começar as aulas de teatro. Nas duas primeiras eu apareci apenas na primeira aula e fui embora, algo me cheirou mal ali. Na terceira... venci o frio na barriga e comecei prontamente a fazer parte do elenco do TPC, e foi onde tudo começou. Se eu fosse responder àquele medo, teria continuado a atuar apenas na minha imaginação - como fiz desde criança. Resumindo: às vezes a intuição funciona, às vezes não. E como saber quando é qual?
Mas tem fatos que a intuição é totalmente desnecessária. Por exemplo, agora pouco estava on line no MSN uma tal de Mariana, que adicionei ao achar um anúncio na internet de seleção de modelos para eventos. Ela mandou "olá", respondi, e ela mandou - sim, mandou - que eu trocasse minha foto profissional do profile por uma caseira. Troquei e perguntei quem era ela, já que não lembrava especificamente, já que nos cadastramos em tantas coisas... e ela disse: "Minha filha, eu trabalho com eventos e comerciais, não tem agência envolvida". E me chamou no vídeo. Medo. Aceitei e cortei o áudio. Ela continuou a escrever. Disse que eu era linda, "que cabelão lindo, menina!", "que lugar lindo é esse que você está?" - meu pano de fundo era minha janela e minhas almofadas coloridas na cabeceira da cama. "Das 34 modelos que eu tenho, nenhuma tem seu perfil. Tire seus brincos.". Medo. Tirei. Ela: "Muito européia". Eu ri e disse que essa era nova. Perguntei se tinha alguma seleção em especial para agora e ela contou sobre catálagos de 700 reais a diária, de biquini, para os estrangeiros verem que Brasil não é só crimes e pobreza. Falei: "Querida, essa não é minha praia". E ela retrucou: "Você se sente incapaz? Com um cabelão lindo desse... Fique de pé.". Atendi excluindo essa dona e a bloqueando do meu MSN. Isso se chama ficha rosa. E isso é trash, em seu pior sentido. E quantas fichas rosas tem por aí...
Se você se sentar comigo em uma conversa de meia hora, a palavra trash pipocará no mínimo dez vezes. Tem muita coisa lixo nesse mundo. Meu Deus, como tem!
Hoje também participei de uma webconferência de um grupo de comunicação - dessa vez sério - que procura uma apresentadora para programa de turismo, com dois anos de contrato. Salário digno de 3 anos de cursinho para concurso público nível superior! Vai rolar um p*** processo seletivo, com entrevista por Skype, teste de vt, entrevistas pessoalmente e dinâmica de grupo. Já pensou?! Experiência é fundamental. Minha experiência foi meu primeiro e único Sport & Ação, minhas aulas de tv e cinema, minhas peças de teatro, meus seminários na faculdade... isso é experiência?
Mas é isso... não sei onde está meu Romeu para me resgatar da minha torre em chamas nem onde arrumar um manual - se é que para esse mundo desconcertante das artes exista um.
Amanhã retorno à fono, tenho uma seleção para três feiras à tarde, enfim.
"Você reza?", perguntou minha mãe. "Rezo, mas não sei se alguém me escuta", respondi. "Continue rezando e não desista nunca". Mas eu estou cansando de brincar. Eu quero entrar pra valer num jogo que não tem regras, que não tem segredo e sim portas, que não tem dono, que corta cabeças e chama para o sofá. E o pior - e o melhor - de tudo, é que mesmo assim, eu ainda quero muito jogar. E jogar para ganhar.
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